Tentando entender as razões do colapso generalizado do neoliberalismo no ocidente, (como capitalismo financeirizado) já nos estertores desde a Grande Recessão de 2008, até o presente colapso político do projeto do PSDB no Brasil, como atesta a queda vertical do candidato Serra (ou será a subida vertiginosa de Dilma que já alcança 51% das intenções de voto?), cujo índice de rejeição (30%) agora empata com o de intenções de voto (30%), me ocorreu um conceito formulado por Frederic Jameson (quem diria, o ideólogo do pós-modernismo como lógica cultural do capitalismo tardio!) que afirma: “Há sempre cegueira no centro” (1).
E centro, para ele, são os EUA, mais especificamente, Washington e Nova York, isto é, o centro do poder da potência hegemônica para onde converge a elite norte-americana, cuja necessidade de poder e controle absoluto tornou-se uma espécie de psicose que, como qualquer psicólogo-junior pode explicar, tende a aumentar o ponto cego do olho.
Ou seja, devido à cegueira que lhes oblitera qualquer antecipação/visão da realidade – uma vez que preferem confiar na manipulação e controle da população através da mídia hegemônica – as mudanças só chegam a tais elites já como fatos consumados.
Se serviu com precisão à elite texano-fundamentalista-pós-Bush, os desastres da campanha Serra comprovam que o conceito de “cegueira no centro” se ajusta perfeitamente às elites tucano-subalternas. Sem contar que, lembrando Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil), a elite brasileira sempre acalentou “um verdadeiro horror à realidade”.