O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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sábado, 14 de agosto de 2010

A FICHA LIMPA E O STF

A FICHA LIMPA E O STF


Laerte Braga


A simples suposição que um assaltante de cofres públicos como Joaquim Roriz possa voltar a governar Brasília é repugnante. Roriz lidera as pesquisas de intenção de votos do eleitorado da capital e teve seu registro negado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), mas permanece na disputa até decisão da última instância, no caso o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

Como o STF vai decidir a matéria, especialistas ouvidos pela FOLHA DE SÃO PAULO consideram o assunto uma incógnita. Levam em conta decisões anteriores em casos semelhantes, mas anteriores também à Lei da Ficha Limpa. Há o preceito constitucional que toda e qualquer modificação na lei eleitoral deve ocorrer um ano antes de um pleito.

Em tese, em qualquer circunstância ou qualquer que seja o crime cometido por quem quer que o cometa ou não, a presunção da inocência é válida até que ocorra o trânsito em julgado do fato, ou seja, a última decisão, aquela da qual não cabe recurso mais.

O direito brasileiro não tem características de direito consuetudinário, ou seja, aquele que deriva dos costumes e tradições, embora em determinados aspectos a lei tenda a refletir, lógico, essas características.

Mas é inaceitável que no caso, estou citando um exemplo, de Joaquim Roriz o criminoso possa se beneficiar de brechas no arcabouço legal para, durante mais quatro anos, limpar os cofres públicos de Brasília, lesar o povo de Brasília, ainda que a maioria incauta e, sejamos diretos, alienada, imagine que Roriz seja uma espécie de pai dos pobres.

Roriz é só um bandido como é Beira-mar.

Quem quer que se recorde do processo de votação da LEI DA FICHA LIMPA há de se lembrar também de manobras protelatórias e modificações feitas ao sabor dos interesses dos muitos criminosos que exercem mandatos eletivos, a começar pelo presidente do Congresso Nacional, José Sarney. Foi um parto complicado e a criança nasceu pela metade, mas nasceu.

A lei em si pretende resgatar o mínimo de dignidade a ser requerido a quem pleiteia cargo público, no todo não resolve o grave problema do analfabetismo político no Brasil. Mesmo que se diga que esse analfabetismo é conseqüência do processo de alienação constante e crescente imposto por uma mídia a serviço das elites, do grande capital, do latifúndio, enfim, da mentira e do mundo do espetáculo. Como de fato o é.

Mas é também um avanço. Expõe as vísceras desses caras, faz com que tenham que vir a público, pelo menos para exercer o direito de mentir e jurar inocência.

“Soltem esse homem, o único que diz a verdade aqui”. Um califa ao visitar uma prisão e ouvir de todos os presos aos quais perguntava, um a um, o que havia feito, que era inocente, até que alguém se disse culpado.

É difícil também imaginar que ministros do STF como Gilmar Mendes, corrupto, venal, vá deixar de votar a favor de Roriz, aliado de seu candidato presidencial José Arruda Serra e ligado ao banqueiro Daniel Dantas, um dos patrões de Gilmar.

A situação do fato consumado é outra história. O candidato é impugnado, permanece disputando as eleições até decisão final, vence, toma posse e um ou dois anos depois o STF decide, levando em conta a morosidade da Justiça no País que tanto é pelo excesso de feitos, como por corrupção mesmo, que vai desde juízes, ministros de tribunais superiores a servidores.

Aquela história de segura o meu processo aí.

É uma realidade que tem que ser admitida.

E curiosamente a população, o eleitorado, reage à lei da FILHA LIMPA como quem se vê justiçado, mas mostra intenção de votar num pilantra como Joaquim Roriz.

Um contra senso sem tamanho, uma despolitização vergonhosa e que o fator de importância passa a ser o SHOW DAS ELEIÇÕES – virou um show – ou o as receitas de Ana Maria Braga que, provavelmente, nem sabe a diferença entre uma panela e uma frigideira.

Reduzir tudo isso a expressão modelo, ou sistema, é o modelo, é o sistema, é simples demais. Ou só a uma questão cultural não é tão simples, mas não é o todo da questão.

O desafio das forças populares – os sindicatos em sua maioria viraram meio de vida, não podem mais ser incluídos entre forças da classe trabalhadora, com as exceções de praxe – falo dos movimentos sociais, é buscar formas de impedir que candidatos como Roriz, assaltantes como era José Roberto Arruda, possam disputar eleições.

O bandido que era prefeito em minha cidade, virou manchete no JORNAL NACIONAL, o da mentira, ao receber uma bolada de empresários do setor de transportes coletivos, agora é pastor, já apascenta um rebanho e diz com toda a tranqüilidade que não tem culpa nenhuma que só assinava o que lhe era posto à frente, depois que muita gente, técnicos, secretários, etc, estudavam direitinho. Hoje participa dos lucros do governo atual, tucano, na divisão de propinas montadas em seu período e que permanecem.

O diabo é o dinheiro que apareceu na casa dele, ou o restaurante à beira do Lago Paranoá da família Roriz em franco desrespeito à lei.

O ex-prefeito virou pastor, vai salvar almas, vender tijolinhos para mansões no céu, pilantragem pura e Roriz ameaça voltar. E um monte de gente assim.

Nos corredores dos tribunais a disputa é intensa também, já que uns se apegam ao fato da lei ter entrado em vigor em cima da hora, digamos assim.

A ficha limpa não é necessariamente uma questão de firula legal, detalhe constitucional, mas de necessidade imperiosa de limpeza. A tevê não vive mostrando o tal desinfetante de banheiro que pensa mais que o ser humano e libera perfumes da natureza a cada trinta minutos? Qual o problema político da FICHA LIMPA?

Claro, ninguém vai vetar uma candidatura por críticas ao poder, mas no caso de políticos comprovadamente corruptos, público e notório, caso de Roriz, Sarney, esses pilantras que pululam por aí, não é saber se a lei tem uma brecha ou não, é vergonha na cara mesmo.

Reflete a podridão no todo do institucional, ainda que lá estejam figuras sérias e decentes, mas reflete o modelo falido, fracassado e vira um desafio para os movimentos populares.

O de virar a mesa pura e simplesmente.

Organizar a mesa depois de desinfetar com álcool, nada de perfume da natureza (a natureza hoje está associada ao capital predador, campanha de Marina da Silva, a que não aprendeu a pedir demissão).

É um escárnio um sujeito como Roriz ser candidato. E dependendo da decisão final vamos precisar de uma lei para tribunais limpos. Sem criminosos como Gilmar Mendes e outros.

No duro mesmo, vamos precisar e estamos, de uma Assembléia Nacional Constituinte, uma refundação do Estado, sem todo esses remendos que só ajudam os bandidos.

E os bandidos são a síntese do modelo capitalista. São conseqüência. A corrupção pode ter um que de natureza humana, mas é essencialmente implícita ao capitalismo. Está na gênese de qualquer Eike Batista. O que atua por trás dos bastidores, o Capone que não aparece.

A questão não é técnica, isso é firula, é política. E se um político bandido como Roriz vai ter a julgá-lo, ao final, um ministro bandido como Gilmar Mendes, estamos todos malhando em ferro frio. De uma certa forma fazendo coro com a farsa. Ou como dizia Darcy Ribeiro, “cacarejar para a esquerda e botar o ovo à direita”.

A cultura pior é a que dá a dianteira em Brasília a Roriz, é a do rouba, mas faz, pai dos pobres, introjetada no cidadão comum. Um cara que devia estar na cadeia, em cela de segurança máxima. Assim como Gilmar Mendes (o que emprega uns caras da GLOBO para comprar o silêncio da rede e compra).

O candidato Wadson Ribeiro, em Minas, está despejando rios de dinheiro numa campanha no mais violento esquema financeiro possível e escudado na tal moralidade. De onde surgiu o dinheiro? Apurem as verbas liberadas pelo Ministério dos Esportes para a região da Zona da Mata Mineira e o custo real das obras, a sobra é caixa dois de campanha do dito cujo.

Essa é outra questão. Poder econômico.

Ou seja, para cada Chico Alencar, ou Luciana Genro, ou Milton Temer, ou Nilmário Miranda, ou o comandante Carlos Eugênio Paes, tem duzentos Wadson, corruptos e venais.

O xis da questão é o institucional. Está falido, é preciso enterrá-lo do contrário vamos ter leis e ao mesmo tempo Joaquim Roriz governador de Brasília.

Onde anda a corrupta senadora Kátia Abreu (desviou verbas destinadas a CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA – nome dado à quadrilha latifúndio) depois que a CPI que ela quis, provou que ao contrário do que a GLOBO fala na propagação da mentira, não houve um único centavo de desvio do MST, nos recursos destinados aos programas do movimento?

A questão da FICHA LIMPA é muito mais ampla e pode morrer nas eternas firulas jurídicas do falta uma vírgula aqui, ou essa palavra dá direito a duas interpretações.

Para gente da espécie de Gilmar Mendes isso é aquele negócio de tirar de letra.

A LUTA ARMADA NO TIROTEIO ELEITORAL


















A revista Época chega às bancas neste sábado (14) com uma matéria de capa sobre a participação da presidenciável Dilma Rousseff na luta armada.

Eumano Silva, um dos autores (ao lado de Leandro Loyola e Leonel Rocha), é meu velho conhecido e colega de editora: em parceria com Taís Morais, escreveu Operação Araguaia.

A reportagem em si é reconstituição histórica, a mais objetiva e neutra possível se considerarmos as limitações da grande imprensa. A Veja, tratando do mesmo assunto, decerto produziria um aberrante panfleto ultradireitista.

Cheguei a dar depoimento um tanto inconclusivo, já que conheci brevemente a Dilma durante o Congresso de Teresópolis da VAR-Palmares (outubro/1969) e nossos caminhos jamais se cruzaram de novo. Não acrescentaria mesmo nada e Eumano fez bem em deixá-lo de lado.

Mas, independentemente da integridade ou não do trabalho jornalístico, o tema é espinhoso para Dilma e para o PT, daí ela ter se recusado a atender aos pedidos de entrevista da Época e a deplorável nota que sua assessoria de imprensa emitiu:
".Dilma não participou [de ações armadas], não foi interrogada sobre o assunto e sequer denunciada por participação em qualquer ação armada, não sendo nem julgada nem condenada por isso.

"Dilma foi presa, torturada e condenada a dois anos e um mês de prisão pela Lei de Segurança Nacional, por 'subversão', numa época em que fazer oposição aos governos militares era ser 'subversivo'".
Quantas ressalvas! Na minha humilde opinião, de tudo que li na reportagem, o trecho mais nocivo à imagem de Dilma é este, pois, em contraste com sua verdadeira trajetória, nem de longe mostrada de forma negativa, soa terrivelmente falso.

Ambos, Dilma e o PT, têm preferido deixar o passado no limbo, como um estorvo, do que explicar francamente às novas gerações que o Brasil de Médici chegava a lembrar, em muitos aspectos, a Alemanha de Hitler, a Espanha de Franco ou o Chile de Pinochet: um festival de horrores e atrocidades.

Para não indisporem-se com velhos gorilas e novos autoritários, eles não dão, salvo quando a imprensa e os adversários políticos os encostam na parede, o merecido destaque às bestialidades que os tiranos cometeram, nem à bravura dos que os combateram.

Então, quando as viúvas da ditadura acusam falsamente Dilma Rousseff de assaltar bancos, sequestrar diplomatas e outras ações armadas, as novas gerações, desinformadas, tendem a vê-la e julgá-la a partir dos parâmetros atuais, como se tivesse sido uma criminosa do PCC.

Se soubessem que enfrentávamos algo próximo a uma Gestapo, em condições de extrema inferioridade de forças, poderiam nos olhar como os franceses olham sua Resistência, dela orgulhosos por haver salvado a honra do país.

Fugir do dever, entrentanto, nunca é resposta para nada.

O dever de quem enfrentou a tirania é manter viva a lembrança dos anos de chumbo, até para criar, nos que vieram depois, anticorpos contra o totalitarismo.

Esquivando-se do assunto em circunstâncias mais amenas, os petistas serão obrigados a defrontarem-se com ele no auge da campanha eleitoral.

Então, é o momento de abandonarem de vez as esquivas, declarando em alto e bom som: quem resistiu à ditadura mais brutal que o Brasil conheceu, tinha todo direito de pegar em armas contra os déspotas e merece, acima de tudo, o reconhecimento da cidadania.

E isto vale tanto para Dilma, que não entrou na ação direta, como também para Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Eduardo Leite, Devanir de Carvalho e outros que usaram a força contra um inimigo que pela força usurpou o poder e pela força nele se mantinha: todos eles, indiferenciadamente, foram heróis e mártires deste sofrido país!

Nada de tergiversações. Quem participou da luta armada, cumpriu as funções que seu agrupamento lhe designou. Se, como Dilma e eu, acabou recebendo outras incumbências, isto era irrelevante do nosso próprio ponto de vista e só estabelecia distinções entre nós aos olhos do inimigo, quando tratava de nos enquadrar nas suas leis draconianas, características de um regime de exceção.

Então, a postura digna nunca será a de se desculpar com afirmações tipo "estava lá mas não fiz isso ou aquilo", mas sim a de proclamar que "estava lá e faria tudo que fosse necessário, porque nossa luta era justa e confrontávamos o despotismo mais hediondo".

É o mínimo que podemos fazer, pela nossa honra e por respeito aos companheiros que tombaram.
Por: Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

"The Economist" - "Glória refletida: a musa do Lula (Lula's Lady) está na reta para herdar sua presidência" - Tradução exclusiva.

Ofereço aos leitores do blog tradução na íntegra, feita em exclusivo para o "Quem tem medo do Lula?" por minha mãe, Maria do Céu Ribeiro, professora de inglês há 35 anos, de uma matéria veiculada na edição desta semana da revista britânica "The Economist". Conhecida pela defesa de idéias neoliberais, a revista já enxerga o inegável: o Brasil está prestes a ver uma mulher, ex-guerrilheira, subir a rampa do Planalto e receber a faixa presidencial de um ex-metalúrgico. Enquanto isso, a revista assume também (e, para mim, esta é a melhor parte da matéria): "O problema não é a apresentação, embora o Sr. Serra pareça esquisito, a não ser quando sorri, pois aí parece assustador." Segue o texto completo.

Ana Helena Ribeiro Tavares

Glória refletida: a musa do Lula está na reta para herdar sua presidência

Traduzido diretamente da revista "The Economist"

No papel, José Serra, do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB), o maior partido de oposição no Brasil, deveria ser capaz de ganhar a eleição presidencial marcada para 3 de Outubro, sem ter que suar. Ele ocupou muitas importantes posições políticas, numa longa e bem sucedida carreira: deputado, senador, ministro do planejamento e depois da saúde, prefeito e governador de São Paulo, a maior cidade brasileira e o estado mais poderoso. Ele é o oposto da novata: uma conselheira e burocrata, que era quase desconhecida alguns anos atrás, e que nunca precisou lutar sozinha por uma eleição, pela certeza de que ganharia.

Ao contrário, o Sr. Serra está lutando para permanecer na corrida. As pesquisas o apontam entre 5 a 10 pontos atrás de Dilma Rousseff, a candidata do governo federal e do Partido dos Trabalhadores (PT). O problema não é a apresentação, embora o Sr. Serra pareça esquisito, a não ser quando sorri, pois aí parece assustador. A Sra. Rousseff é pouco carismática e tem uma tendência a dar respostas de uma hora para perguntas de uma linha.

O problema do Sr. Serra é que a Sra. Rousseff é a consagrada sucessora de Luís Inácio Lula da Silva, o atual presidente. Quatro quintos dos brasileiros aprovam Lula, e quase metade dizem que, numa eleição presidencial, votariam ou nele (se a Constituição não o impedisse de concorrer a um terceiro mandato) ou no seu candidato. Desde que escolheu seu sucessor, Lula tem colocado Dilma Rousseff nas alturas (ela é “como Nelson Mandela”, chegou a dizer) e atravessou o país com ela a tiracolo. Agora a maioria dos brasileiros sabe quem é a candidata de Lula – e, crescentemente, eles pretendem votar nela.

No dia 05 de Agosto, o dia do primeiro debate pela televisão entre os candidatos, um instituto de pesquisa (Sensus) colocou a Sra. Rousseff com 41,6%, 10 pontos acima do Sr. Serra. Marina Silva, do Partido Verde, ficou num distante terceiro lugar, com 9%. Excluindo os votos inválidos, a Sra. Rousseff estaria perto de atingir a maioria necessária para evitar o 2º turno. Esta pesquisa pode ser pretensiosa, mas outros institutos também dão à Sra. Roussef uma posição crescente (ver gráfico).

A Sra. Rousseff parecia nervosa no debate, e lutou para dar suas respostas prontamente. O Sr. Serra se saiu melhor. Mas, uma vez que o debate foi marcado na mesma hora que uma importante partida de futebol, quase ninguém viu.

Mais preocupante para o Sr. Serra, o debate lhe mostrou as dificuldades que ele irá encarar para o resto da campanha. Provavelmente e acertadamente, o Sr. Serra percebeu que, atacando um presidente tão popular como Lula, não ganharia muitos votos. Ele discorda da Sra. Roussef em algumas coisas, tais como a política externa e o papel do estado na economia. Mas ele concorda com outras. Ele se sentiu obrigado a prometer que continuaria alguns dos programas de Lula, tais como o “Bolsa Família”, um privilégio para as famílias pobres. Enquanto isso, com a economia crescendo bastante, os brasileiros estão desfrutando da vida. “Sensação de bem-estar” entrou na língua portuguesa.

Mas, estável como está, serve melhor aos governistas do que a aventureiros. O slogan do Sr. Serra é “O Brasil pode mais” – exemplifica a dificuldade. Ele está lutando para tirar proveito de sua trajetória. Ele é melhor conhecido pelo seu papel nos governos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, que, apesar de sólidas conquistas, são lembrados sem afeição pelos brasileiros.

“Para Dilma, é simples: persuadir as pessoas de que ela representa Lula”, diz Rubens Figueiredo, um consultor político de São Paulo. “Mas Serra tem que lembrar às pessoas de que Lula não é o candidato – e, de alguma forma, tem que fazer isso sem se opor, ou, preferencialmente, sem nem mesmo mencionar Lula”, completa.

A posição da Sra. Rousseff não está ainda inabalável. Se o Sr. Serra conseguir evitar a vitória dela no primeiro turno, pode ter chance no segundo.E, no Brasil, há sempre a possibilidade de um escândalo ou deslize.

Mas há ainda uns poucos votos a mais que a Sra. Roussef pode ganhar por ser a escolhida de Lula. Cerca de 8% dos eleitores ainda dizem aos pesquisadores que querem votar na candidata do presidente, mas não a mencionam pelo nome.

Ela, em breve, terá uma maior oportunidade de reforçar esta ligação. A partir de 17 de Agosto, a televisão brasileira e as estações de rádio terão de mostrar propaganda política gratuita, com mais tempo para os candidatos cujas alianças ocupam mais espaço no Congresso. Isso significa que a Sra. Rousseff terá mais de 10 minutos, três vezes na semana, enquanto o Sr. Serra terá que se virar com pouco mais de 7 minutos. Esta vantagem pode se tornar decisiva.


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Os lobos que se vestem de Marina Silva


Quando Marina Silva acordar da viagem na maionese em que embarcou ao aceitar ser candidata à presidência pelo PV e perceber que este partido não tem nada de verde e, na verdade, suas tonalidades giram em torno do “marrom”… – talvez seja tarde demais para reparar os danos à sua biografia. A ex ministra de Lula, deslumbrada com a projeção nacional do nada absoluto que representa, ou seja a tal terceira via, terá a difícil e solitária tarefa de se reconstruir em outra realidade.

Honestamente: um povo que foi subjugado por uma elite escravagista durante séculos e vislumbrou uma luz no fim do túnel nos últimos 8 anos, precisa de uma de terceira via? Um cidadão que acabou de sair da miséria absoluta; outro que acabou de chegar ao mercado de consumo pela primeira vez; outro que recuperou a dignidade de estar empregado, colocar o alimento na mesa de sua família e ver os filhos frequentando a escola – vão considerar a hipótese de darem seu voto a um grupo de oportunistas pintados de verde a serviço das mesmas elites que sempre lhes negaram a cidadania?

A verdadeira terceira via é coisa de primeiro mundo, onde a miséria e a falta de oportunidades foram superadas há décadas. Aí então, couberam outras variantes, mais sofisticadas, em seus processos eleitorais. Mas no Brasil de hoje, só cabem duas variantes distintas: inclusão e cidadania ou exclusão e escravidão. E ser ecológico não é uma postura política ou partidária. É obrigação de todos: desde o gari até o presidente da república. Não precisamos de um partido político para termos consciência ecológica e buscarmos desenvolvimento sustentável.

A única via que interessa à esmagadora maioria da população brasileira é o emprego com carteira assinada, o direito à saúde e à educação. O resto é conversa pra boi dormir.

Os românticos eleitores de Marina e seu partido lembram os caras-pintadas que saíram às ruas para derrubar Collor há 18 anos. Acreditaram que, naquele momento, borrifavam perfumes florais e pintavam de rosa a política brasileira. Em 1994, ajudaram a eleger um sociólogo emplumado que se transformou, da noite para o dia, no economista salvador da Pátria ao posar para a capa da revista Veja exibindo a cédula mágica – o Real – em tom paternal. FHC prometia felicidade. Mas, durante os 8 anos de sua aventura irresponsável, tudo o que se viu foi o país ajoelhar-se diante do “Plano Real”, que na verdade foi imposto pelo FMI a todas as economias inflacionárias da América Latina. Descobriu-se que não era a moeda que faria milagres e sim a maneira como os governos a utilizariam. Com FHC – que tinha Serra como Ministro do Planejamento e que, aliás, também não é economista – resultou em recessão, desemprego, arrocho salarial, falência estrutural, moral e física de toda a nação brasileira. Já os economistas do governo Lula souberam usar a moeda corretamente, tiraram o Brasil da estagnação e o projetaram para tornar-se, ainda nesta década, a quinta economia mundial. Esta, aliás, é a verdade que a “jornaleira” Miriam Leitão foge de ver ao comentar economia, política e as diferenças entre os governos FHC e Lula.

Obviamente, como é da natureza do processo político, não há perfumes florais que escondam-lhe as impurezas. Então alguns cidadãos, privados de seus sonhos cor-de-rosa diante das alianças e apoios da candidatura Dilma, optam pela terceira via. Assim, empunhando sua indignação moral e vestindo a fantasia do “politicamente correto”, registram seu protesto contra a classe política dando seu voto justamente à candidata “verde” que é o instrumento enganoso mais escancarado dos lobos travestidos de cordeiros. Pois não passa disso o Partido Verde.

Por outro lado, a direita e sua mídia fiel sabem que sua única chance é um contra-ataque golpista. E este ataque só seria mortal no cenário de um segundo turno – quando não haveria tempo para qualquer reação. Um factoide escandaloso bem elaborado e bem repercutido pelo consórcio sincronizado da mídia pode ser a “bala de prata” que derrubaria Dilma, sem chances nem tempo hábil para sua defesa.

Um primeiro ensaio dessa tramóia foram as entrevistas dos três candidatos ao Jornal Nacional nesta semana. O jogo de cena do casal de âncoras, requentando o caso do suposto mensalão do PT de 2005, mostrou até onde estarão dispostas a ir as velhas ratazanas da direta que conspiram por baixo da mesa de William Bonner e Fátima Bernardes.

Basta lembrarmos de 1989, Color x Lula, quando o sequestro de Abílio Diniz na véspera das eleições foi atribuído a grupos armados ligados ao PT e a Globo passou o dia inteiro ao vivo especulando em torno disso até o encerramento das votações, quando desmentiu todos os boatos e Collor já estava eleito; ou de 2006, quando a imagem do suposto dinheiro do suposto dossiê “vazou” na capa da Folha de SP na véspera das eleições, levando Alckmin ao segundo turno. Duas verdades foram provadas naquele momento: a primeira foi a de que a mídia paulista tem a capacidade de manipular o eleitor mesmo contra a sua vontade. A segunda a de que Lula era tão forte e popular que mesmo assim, venceu Alckmin de forma espetacular.

Dilma é o governo Lula, mas não é Lula. Tem competência gerencial infinitamente maior que José Serra. Mas não tem a trajetória de Lula. José Serra, só tem uma coisa que, somada aos fiéis serviços do PIG, pode lhe bastar: é, há 30 anos, o garoto propaganda do boneco de si mesmo. É isso que os velhos caras pintadas, eleitores de Marina, precisam entender. Marina não é um projeto. E o projeto da extrema direita com Serra é qualquer coisa, menos vencer democraticamente.

Por tudo isso, a inocente e útil candidata “verde” e seus inocentes e úteis eleitores, podem causar a desconstrução de todos os avanços do governo Lula, subtraindo – por mero capricho – os votos que elegeriam Dilma já em 3 de outubro. Isso levaria as eleições a um segundo turno, palco de perigos imprevisíveis, vindos de uma minoria disposta a tudo para reaver o que considera seu por desígnios celestiais.

Portanto, é melhor que os “sensíveis” eleitores de Marina Silva saibam que, ao votarem nesta senhora – que não se elegerá a nada, não fará parte de nada e ainda haverá de ser cuspida pelo seu partido na próxima esquina como um caroço seco – estarão fazendo exatamente o jogo que a direita e as elites paulistas precisam para recolocarem o Brasil e seu povo na senzala dos EUA como serviçais da nobreza global.

A não ser que acredite que um eventual governo Serra dará continuidade ao que está “dando certo” e – tsk! – corrigirá o que “estiver errado”, a pergunta que o eleitor de Marina deve se fazer é a seguinte:

Voto em Marina porque não quero Dilma nem Serra? ou Voto em Marina porque Dilma já venceu? Qualquer que seja sua resposta, o fato é que estará dando seu voto a Serra. O que, convenhamos, é o oposto exato de ser ecológico.


Do Blog O que será que me dá? Do ótimo articulista Roni Chira.
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