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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Estaleiro OSX: É hora de o PT virar o jogo ou mofar com a pomba na balaia

O estaleiro de Eike Batista
30 de Julho de 2010 - Véspera de o PT virar o jogo político em Santa Catarina ou mofar com a bomba na balaia

Por Raul Longo (*)

Um dos tantos casos do Mercado Público, onde se gerou a maioria das expressões populares de Florianópolis. No decorrer dos contares as versões se diferem, mas, em suma, o vendedor de pombas, ao lado de seu balaio, confessava desejos por alguma morena ou galega que o desiludiu numa frase: “- Mofas com a pomba na balaia”.

Se a insistência do candidato aos favores da moça algum dia o elegeu aos prazeres almejados, não se conta. Mas no amor como no jogo, a insistência não vale nada se não se souber blefar e aproveitar o momento da jogada certa.

Em Santa Catarina o jogo político continuou de cartas marcadas mesmo depois da ditadura militar, com os potenciais naturais do estado repassados como fichas de cassino para apostadores de toda parte.

E ainda há muito a ser arriscado, pelos próximos crupiês, na mesa do jogo de interesses por patrimônios públicos. Pois isso de transgressões a determinações e códigos ambientais, é como qualquer outra aposta: o sujeito jura que vai só fazer uma fezinha e ao fim da noite já está arriscando todo o futuro da família.

Vez por outra acontece a denúncia de algum promotor público indignado com a jogatina. Dá em investigação federal, escândalo a ser abafado pelos parceiros da mídia monopolizada pelo grupo RBS, e alguma aporrinhação. Mas nada que não se resolva realocando alguns assessores pra buscar apostas por fora, e se vai levando até a próxima rodada de uma nova eleição ao governo, câmara ou senado. O importante é jogar o jogo!

Mas pra jogar sem perder, há que sempre se estar ao lado do dono da banca. E aqui continua o mesmo, mantendo a promessa em pé. Se não pôde cumpri-la no resto do país, no seu cassino ainda vai acabar com essa raça por mais de 30 anos.

Mas amanhã o PT pode virar o jogo no estado. Se souber usar as cartas certas, vira!.

Até agora teve de manter o blefe sustentando a aposta para não acontecer como no Rio Grande do Sul, com o Olívio Dutra.

Ali, o Olívio não quis pagar pra ver o jogo das montadoras de automóveis e o ACM cacifou. Lá se foi a Ford pra Bahia e o PT já está fora da rodada gaúcha há duas gestões.

Agora as pesquisas indicam probabilidade de voltar ao governo já em primeiro turno, pelo Tarso Genro. Mas é preciso reconhecer que mesmo indignados pela perda dos empregos da Ford, os gaúchos têm muito a lembrar do governo do Olívio. Em Santa Catarina, vamos nos lembrar de quem?

Se o Espiridião não emplacou nem pra prefeito e o Bornhausen pra governar teve de usar Luís Henrique e agora Leonel Pavan, enquanto prepara a cria para continuar a dinastia iniciada lá no Ireneu, a opção talvez seja Ângela Amin que se hoje não convence mais com a demagogia do “letinho” pra mamar votos; em compensação pode contar com o esquecimento das falcatruas e bagunça dos terminais de transportes desintegrados.

Da mesma forma que o eleitorado esqueceu a Moeda Verde e reelegeu a árvore de natal superfaturada do Dário Berger e o Andrea Bocelli de presente para a filha do Luís Henrique, e que o Ministério Público embargou.

Mas será que o eleitor de Santa Catarina é esquecido, ou falta melhores histórias pra lembrar?

Difícil manter memória do que jamais aconteceu. Mas há acontecimentos que se tornam inesquecíveis! E imperdoáveis também.

Há 4 anos atrás fui à Bahia para verificar em que se deu aquilo sem o Bornhausen de lá, tentando entender como é que o Jacques Wagner conseguiu virar o jogo e levar o PT ao governo baiano no ninho do velho dragão da maldade. Seria Wagner o santo guerreiro?

Não foi nada de esotérico, nem por castigos de santos e orixás. Foi a farroncaria do ACM carteando aqueles mesmos empregos da Ford que os gaúchos lamentaram copiosamente, imprecando contra Olívio e o PT.

A explicação se encontra nas palavras do Prof. Iberê L. Nodari da Faculdade de Engenharia Mecânica da UFBa: “Para os baianos restaram as vagas de emprego primário muito mal remuneradas, média de 500,00 reais quando as mesmas funções, em São Paulo, valem de 1.200,00 a 1500,00. Esta e outras afirmações do Prof Nodari em www2.uol.com.br/aregiao/art/fordba demonstram porque, depois de 4 décadas, o carlismo veio a bancarrota com o velho e poderoso crupiê ainda distribuindo as cartas sobre o feltro da mesa do jogo político nacional. Deixou heranças do que arrematou das profícuas riquezas daquele estado, mas para o eleitorado nenhuma saudade que levasse o neto ao segundo turno na disputa à prefeitura de Salvador.

Por essas de lá e acolá, entre muitas outras daqui mesmo, amanhã o PT tem grandes chances de virar o jogo da história política de Santa Catarina, mas também pode quebrar a cara e a própria banca se não escolher o momento certo de parar com o blefe e abaixar as cartas.

Quem na quinta-feira passada (22/07) esteve no cassino armado pela OSX no Jurerê Sport Center Club, e testemunhou aquele arremedo de audiência pública em apoio à aposta de 4 mil empregos rateados entre técnicos e operários trazidos de outras baixadas, e mal pagos catarinenses para serviços de chão de fábrica; contra mais de 9 mil desempregos nas atividades tradicionais da região: pesca, maricultura, gastronomia, comércio e turismo; percebeu a evidência de que o jogo mudou de mão.

Até ali quem bancava era o Eike Batista, blefando mero interesse no duvidoso prêmio de um estaleiro a dragar o leito do canal da Ilha de Santa Catarina, para montagem de algumas plataformas e passagem de 6 cargueiros/ano durante apenas uma década e meia. Mas, nos narizes e óculos de palhaço, nas faixas e cartazes, no Jaguará e na Maricota, nos apitos, pedaços de canoas e redes de pesca trazidas pelos Ilhéus de sul a norte da Ilha, ficou evidente que a mão do jogo virou.

Todo bom jogador, antes de tudo é um ótimo observador. E quem não tiver sensibilidade para interpretar as contundentes manifestações orais dos moradores, pescadores, maricultores, comerciantes e até turistas, daquela noite no Jurerê Sports Center; vai perder o melhor parceiro para este final, ou início, de rodada.

Claro que na interpretação do absoluto monopólio da mídia em Santa Catarina, a RBS, tudo não passou de manifestações de algumas ONGs oportunistas instigadas pelo eco-xiitas do ICMBio, sem sensibilidade para as emoções de um bom carteado.

Mas ali também ficou claro que as cartas não estão mais nas mãos do ICMBio que apenas confirmou, em maior amplitude e profundidade, o parecer do biólogo Paulo César Simões Lopes, contratado pela própria OSX: “.... a magnitude dos impactos são, em boa parte, permanentes e irreversíveis... Sugere-se, fortemente, a relocação do empreendimento para outra área, onde já existam complexos fora de baías ou enseadas, de maneira que os efeitos nocivos não sejam potencializados...” (os negritos são da cópia do parecer técnico do Ph. D. Paulo Simões Lopes)

Tampouco as cartas estão nas mãos do Promotor de Justiça Rui Arno Richter que recomendou ao governo de Santa Catarina um compromisso de não permissão de atividades portuárias no canal. O diretor da FATMA, a corretora das reservas ambientais do estado, sempre elegante e distante como todo bom crupiê; ouviu calado.

Provavelmente nem o Promotor Arno Richter duvida de que o que disse entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Mas se neste sábado, 31 de julho, às 9 horas da manhã no Miramar, durante o lançamento em Florianópolis da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República; o eleitorado não ouvir o PT descartar o blefe do Ministro da Pesca e da candidata ao governo do estado, e, por ela mesma, abrir o jogo; vão quebrar a banca até do Presidente Lula que já é apontado, nas ruas e telefonemas, como sócio do Eike Batista.

Eis uma grande oportunidade do PT virar a história política de Santa Catarina. Ou mofar com a pomba na balaia como tanto deseja Bornhausen.

Atenção: se o seu candidato é o José Serra, não precisa abrir o link abaixo. Em Santa Catarina, todos os eleitores do Serra são favoráveis ao Estaleiro do Eike Batista.

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis (SC), onde mantém a pousada “Pouso da Poesia“. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

=> Saiba mais sobre o assunto aqui mesmo neste blog clicando em um dos links abaixo:

REPASTO DE ILHA PARADISÍACA AO ÓLEO EM MOLHO DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL À MODA DA FLÓRIDA (Raul Longo)

O CATARINA EIKE BATISTA, O GOVERNO DO ESTADO E NÓS, OS ESTRANGEIROS, NO FAROL DE SANTA MARTA (Raul Longo)

"Espelho": Ameaças ao farol de Santa Marta (SC) (Raul Longo)

O estaleiro e a insânia - Crime sócio/ambiental em Santa Catarina (Edison Jardim)

Serra está sendo cristianizado?

Serra está sendo cristianizado?

Por Altamiro Borges, em seu blog

Em 1950, Christiano Machado, candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, simplesmente foi rifado pelo seu partido em plena campanha eleitoral e sofreu uma fragorosa derrota. Daí surgiu o termo “cristianizado”. Agora, no pleito de 2010, parece que o tucano José Serra corre o mesmo risco. Há fortes indícios de que ele está sendo traído por vários candidatos que temem perder votos se aparecerem como oposiçao ao presidente Lula, que goza de recordes de popularidade.

Os casos de traição explícita seriam trágicos, se não fossem cômicos. O tucano Tasso Jerreisatti, que teme por sua reeleição no Ceará, simplesmente não colocou a foto do presidenciável no seu comitê. Já Yeda Crusius, que está mais suja do que pau de galinheiro, preferiu não citar o nome de José Serra no lançamento da sua campanha à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul. “Foi um lapso”, justificou. Outro traíra é o senador Agripino Maia, do Rio Grande do Norte, que não se cansa de elogiar Lula, que tanto combateu, e nem cita o ex-governador paulista nos palanques.

Levantamento do Correio Braziliense

O Correio Braziliense fez nesta semana um levantamento detalhado sobre os casos de trairagem. A reportagem confirma que em doze estados pesquisados, o nome e a foto de José Serra não têm qualquer destaque nos santinhos, faixas e baners dos candidatos aos governos estaduais do PSDB e DEM. Em Alagoas, segundo o jornal, o tucano Teotônio Vilela, que tenta à reeleição, esforça-se para mostrar intimidade com o presidente Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. No Espírito Santo, todas as imagens de campanha do tucano Luiz Paulo reforçam apenas sua candidatura. O jingle, inclusive, abusa do nome Luiz. “Esse é o homem. Esse sabe fazer. Luiz, Luiz, Luiz”.

José Serra está sendo cristianizado até em palanques mais fortes da oposição de direita, como no Paraná. A campanha de Beto Richa (PSDB-PR) estampou no sítio na internet apenas material do candidato ao governo. Segundo a sua assessoria, o material casado “está sendo providenciado.” Em São Paulo, Serra aparece ao lado de Geraldo Alckmin apenas na imagem do comitê central de campanha, no Edifício Joelma. Na internet, a sua candidatura ocupa um cantinho da página. O sítio privilegia apenas as imagens de Alckmin e do seu vice.

Guinada para a extrema-direita

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, a situação ainda é mais dramática. A vingança de Aécio Neves, humilhado pelo grão-tucano paulista, é maligna. O quartel-general do seu candidato ao governo estadual, Antônio Anastasia, não tem nenhuma foto ou folheto de José Serra. O nome do presidenciável só aparece, bem minúsculo, num santinho de Itamar Franco, candidato ao Senado. O mesmo ocorre na Bahia e Ceará, dois importantes colégios do Nordeste, onde Lula tem elevado prestígio, e no Acre e Pará. Todos os “amiguinhos” rifaram o tucano.

Talvez essa trairagem explique o péssimo humor de José Serra nas últimas semanas. O notívago está com as olheiras mais fundas. A sua cristianização pode representar o fim das suas ambições. Derrotado na disputa sucessória, ele ficará sem mandato. Ele terá dificuldade até para ser vigia noturno do Palácio dos Bandeirantes, caso Geraldo Alckmin, que já foi traído por Serra no pleito para a prefeitura da capital paulista, vença a disputa para o governo do estado. “Cristianizado”, o tucano tende a ficar cada vez mais feroz, reforçando a sua guinada à extrema-direita.

= A charge é do nosso colaborador Bira Dantas.

Jaburu, Escurinho e a touca de Varginha

Jaburu, Escurinho e a touca de Varginha

Por Laerte Braga (*)

À falta de programa, argumentos e qualquer vestígio de compromisso com o Brasil e os brasileiros a coligação PSDB/DEM/PPS parece que vai investir no medo. Receita de Regina Duarte. A ofensiva começa com a propaganda gratuita a partir do dia 17 de agosto.



José Arruda Serra interpretando o caçador que vai salvar Chapeuzinho Vermelho do Lobo Mau.. Foi o que restou aos tucanos. Perdido por um, perdido por mil, afinal, estão investindo num “negócio” assim como um Paulo Maluf com alguma sofisticação.



Contam que Zezé Moreira, técnico da seleção brasileira na copa do mundo de 1954 e várias vezes do Botafogo e do Fluminense, chamou o excelente ponta esquerda do tricolor Escurinho (fez oitenta anos outro dia) e disse a ele que mirasse na bandeira de corner quando fosse chutar para acertar o gol. A expressão usada à época por Zezé é que Escurinho fazia tudo certo, mas tinha o pé torto. Lenda ou não, num sei, mas Escurinho deu um chute certeiro dentro da pequena área e Marcial goleiro do Flamengo fez uma defesa garantindo que a lei da gravidade pode ser desafiada. Assegurou o título ao Flamengo, naquele ano. O chute de Escurinho foi preciso.



O mesmo Zezé Moreira teria mandado colocar um barril num determinado ponto atrás do gol, num plano elevado e dito a Jaburu, centro-avante contratado ao Olaria, que quando fosse chutar tentasse alvejar o barril para acertar no gol.



Num Fla Flu disputado num campeonato carioca, Fleitas Solich (um paraguaio) era o técnico do Flamengo e Zezé o do Fluminense. Naquele dia o tricolor estreava Humberto Tozzi, recém chegado da Itália, veterano e centro-avante estilo rompedor. O primeiro tempo terminou com a vitória do Fluminense por quatro a um.



Incomodado com a goleada o compositor Ari Barroso, que narrava o jogo para a antiga TV TUPI, chamou o comentarista José Maria Scassa, ambos rubro-negros e disparou a pergunta – “Scassa, pelo amor de Deus, será que o Solich não percebeu que o Zezé escalou o Humberto para chutar para fora enquanto o Telê faz os gols?” Scassa concordou e ainda explicou as razões que levaram a Zezé Moreira escalar um centro-avante para chutar para fora e despistar a defesa do Flamengo. O jogo acabou quatro a três.



Em Varginha, terra visitada por ETs, um técnico de nome Baroninho resolveu que seu time, o Varginha Esporte Clube vai treinar com toucas, ao invés de coletes para diferenciar os titulares do reserva. Segundo o técnico, com apoio da diretoria, jogador de touca tem que olhar para cima, de colete distrai e olha para baixo e no “no meu time quem não olha para cima não joga”.



Tucano não dorme de touca e muito menos joga de touca. Inventaram agora um texto atribuído à apresentadora Marília Gabriela, já desmentido pela assessoria de imprensa da moça, descendo o sarrafo em Dilma Roussef. Assim, as declarações da veneranda senhora Regina Duarte reproduzidas com outra signatária. Invenção.



Deveriam ter tentado Ana Maria Braga. Em meio a uma receita de bolo ou coisa que o valha, dispararia seus medos. Com o cuidado, evidente, de não ter entre os convidados o jogador Petkovick. O moço disse a Ana que ao contrário do que havia sido afirmado pela apresentadora, não nasceu num país pobre, pois o “socialismo dava educação, saúde e emprego às pessoas, ao contrário de hoje, drogas, prostituição, etc”.



A verdade é que José Arruda Serra nem chuta no barril, tampouco mira a bandeira de corner, muito menos treina de touca. É um escárnio que num país como o Brasil uma figura dessas possa pretender ser presidente da República. Causa engulhos a possibilidade de imaginar que isso possa vir a acontecer, pois cada vez é mais remota essa possibilidade.



Mas é preciso não dormir de touca. São trapaceiros lato senso, não vão medir esforços e nem trapaças para tentar alcançar o objetivo.



Existe ainda uma boa parte do patrimônio público para ser vendido (a PETROBRAS e o BANCO DO BRASIL, por exemplo), rende uma bela propina e o Brasil é vital para a política de recolonização da América Latina pelos EUA. Arruda Serra é “funcionário” de Washington.



Jaburu e Escurinho foram profissionais dignos e honrados no exercício de suas profissões. O técnico Baroninho pode até ter razão. Mas a quadrilha tucano/DEM, com Roberto Freire capitaneando o PPS não dorme de touca.



Leva a sério o parecer de Roberto Campos a Paulo Maluf sobre investir cem milhões para ser presidente. O rendimento em cima do capital em quatro anos proporciona ganhos de dez vezes sobre esse capital.



E isso na década de 80, hoje o ganho é maior. E por trás de José Arruda Serra o golpe de 1964 com todo o seu aparato repressor e corrupto, comandado de fora, em nova roupagem.



Quem dorme de touca é quem acredita nisso, nessa gente.



E tem outra, a disputa eleitoral não tem só para contrapor-se a José Arruda Será a candidata Dilma Roussef. Pelo menos, além de Marina da Silva (a verde que está vermelha com os seus financiadores), tem Ivan Pinheiro, Plínio de Arruda Sampaio e José Maria. Todos esses três, em seus programas e em suas condutas, passado, são figuras dignas e brasileiros maiores que qualquer bandido tucano, exatamente por serem brasileiros e não “brazileiros”.

*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?

CONVIVENDO COM FANTASMAS

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"Avancem para águas mais profundas" (Lucas 5,4)

Lúcia Nobre

Estava preparando o almoço, exatamente às 11 horas da manhã, em meu apartamento na praia de Pajuçara. Prédio antigo, já devem ter passado por ele, habitado ali, muitas pessoas que já se foram.

De repente, ouvi, vindo dos quartos ou banheiros, um sussurro de alguém como se estivesse muito cansado. Estremeci de medo, estava sozinha. E logo eu, que tenho medo dessas coisas, acredito nelas. Sou brasileira e mística. Podia ser alguém de casa, pensei. Não, não havia ninguém em casa, tinha certeza. Todos saíram. Todos? Estava mesmo sozinha? Parece que agora não mais estava. Para disfarçar, continuei o meu trabalho e pensei: ficarei só na cozinha. Não podia ficar só na cozinha, os banheiros teriam de ser lavados. Fortifiquei-me de coragem e fui. Entreguei-me à sorte. Nada aconteceu, só o medo. Que coisa feia, uma mulher adulta, mãe de filhas jovens, ficar com medo de fantasmas! Pensei mais uma vez, vou escrever sobre isso, será interessante. Peguei a caneta e o papel, comecei a escrever.

Ouvi os passarinhos espantarem-se. Eles estavam na área de serviço. Então, o barulho antes ouvido seria dos passarinhos? Claro que não. Estavam em outro ambiente. Continuei a escrever. Agora não estava com muito medo, queria mesmo que o fantasma desse sinal de vida. De vida? Sim, para que minha história se tornasse mais real. Eis que surge em minha frente... estava eu sentada no sofá da sala. Vi-me frente a frente com uma mulher bem alta, elegante, e dizia:

-Não deseje isso. Não é bom para nós, pessoas não mais terrenas.

- Não desejei nada, quem é você? Quis mentir diante do seu olhar instigador.

- Não minta, você quis a minha presença para tornar real sua história.

- Desculpe, achei impossível, por isso pensei.

Diante dessa situação, estava tremendo de pavor e pedi:

- Vá embora, não a chamei, perdoe-me.

- Agora é tarde, não poderei mais partir. Eu já morava aqui, só que ninguém antes havia desejado minha presença.

Eu não sabia o que fazer, não adiantava gritar, seria ridículo, ninguém acreditaria, poderia passar por uma louca gritando sem motivos. Esforcei-me e levantei-me. Ali, ela continuava a encarar-me, peguei uma panela de água quente no fogão e conjeturei: não adianta jogar porque é um espírito. Com o coração na mão, levei a água para matar os germes dos banheiros. Olhava só para frente, evitava olhá-la. Não sabia mais o que fazer diante daquela situação inusitada. Talvez pudesse sair de mansinho pela porta da frente.

Parecendo ler meu pensamento falou:

- Não adianta fugir, já lhe falei. Estarei sempre aqui, serei sua companheira quando estiver sozinha.

- Não acredito mais nisso. Acho que estou apenas imaginando tudo isso.

- Acredita agora? Disse a mulher, jogando ao chão um jarro de flores que estava sobre o centro da sala.

- Então diga o que quer. Reza? Diga o que posso fazer por você.

- Não pode fazer nada. Sou uma escrava de mim mesma. Vivi pouco nesta terra. Fui antes do tempo. Morei aqui logo que o edifício foi construído, talvez, uma das primeiras moradoras. Fiquei amarrada nestas quatro paredes por algo que não precisa saber. Não sairei jamais a não ser que ...

- Não acredito em nada que está falando, desapareça da minha frente.

- Só desaparecerei com uma condição.

- Uma condição? Fale que tenho muito que fazer.

- Troco minha vida por alguém de sua casa.

- Que história é essa? Não estou entendendo.

- Está sim.

- Pelo amor de Deus vá embora, deixe-me em paz.

- Deixe Deus fora disso. Ele não tem nada com isso, nem sei se ele existe.

- Claro que existe.

- Então, eu saio e levo uma pessoa sua.

- Vá embora que irei procurar algo que lhe devolva a paz.

- Não adianta. Sempre vou estar aqui enquanto não levar alguém. Este é o meu castigo ou o seu.

Apesar de insistir que vai ficar, a mulher como um relance, desaparece. E eu, como se tivesse despertado de um pesadelo, corri para atender à porta, pois a minha filha chegara do colégio. Não sei como nem porque esqueci o episódio vivido e não dei mais importância ao fato.

Passaram-se alguns dias até que eu ficasse sozinha novamente. Dessa vez, estava no computador retocando uns trabalhos. Senti um frio fora de comum. Pegando no meu pescoço, uma criança que nem sorria tal qual a mulher do outro dia. Dirigia-me a palavra com voz imperativa.

- Já resolveu? - Vai atender ao meu pedido?

Quis correr, quis gritar, aquela presença causava-me uma sensação horrível de medo, quase pânico.

- Não sei do que está falando. Quem é você ?

- Você já me conhece. Já lhe falei outro dia.

- Nunca o vi, por favor, vá embora.

- Estou como criança. O espírito não possui forma. Posso aparecer como mulher, como homem, como criança e até como animal.

- Quer reza. Vou mandar benzer este apartamento.

- Já falei o que quero e se não me entregar alguém da família, quero você mesma. Resolva, a decisão é sua. Não tenho muito tempo a perder.

Sai de relance, desta vez deixando um insuportável calor. Procurei ajuda de pessoas religiosas e, mesmo com rezas, não deixei de receber visitas inesperadas e indesejáveis. Desta vez, como da primeira, ouvi os pássaros movimentarem-se na área de serviço, onde eles ficam em suas gaiolas. Estremeci, porque, como das outras vezes, estava só. Até então não contei nada a ninguém. Fiquei com o pensamento que poderia estar imaginando. Fiz um esforço enorme e olhei em direção às gaiolas dos passarinhos. No lugar do passarinho preferido do meu marido, havia apenas um som que não era do passarinho.

- Não avisei? Este é apenas um aviso. Levei o passarinho, ele não voltará mais.

- Por quê? O que tem o passarinho com sua vida?

- Nada. É um aviso, já lhe falei. O próximo pode ser alguém de sua família.

Some a voz e também o passarinho, que não está mais na gaiola. Quando meu marido chegou, pediu explicação e eu apenas falei que não sabia de nada. Ele, inconformado, não entendia como o passarinho desaparecera da gaiola se esta permanecia com a porta fechada. Eu, para disfarçar, brincava: são mistérios...

- Filha, tem certeza que não abriu a gaiola? Perguntou quase sem prestar atenção na resposta, pois eu nunca havia chegado perto das gaiolas. Só ele cuidava dos passarinhos e com muito amor. Quantas vezes o surpreendi conversando com passarinhos ou mesmo colocando remédio em seu bico.

Imediatamente, sem nada comentar sobre o ocorrido, convenci a todos de casa a procurarmos outro apartamento, não dava mais para morar ali. O passarinho sumiu, não era minha imaginação, poderia acontecer coisa pior. Todos concordaram em procurar outro apartamento.

Quando estávamos nos preparando para nos mudar, estava eu sozinha quando a voz surgiu novamente. A mesma voz sem um corpo. Foi aterrorizante. Parecia um filme de terror.

- O passarinho sumiu, foi substituído por alguém da casa, mas vocês vão ter uma surpresa bastante desagradável. Aguardem.

A voz cala-se e, como se o filme de terror chegasse ao auge, entram por baixo da porta da frente diversas baratinhas que, imediatamente, invadem todo o apartamento, deixando-me atordoada, até angustiada. Dessa vez não pude esconder porque, como uma praga, elas invadiram e não houve veneno que as destruísse. A família, toda apavorada, sem demora, abandonou o apartamento. Ali não dava mais para continuar. Não contamos nada a ninguém, fomos embora e nos livramos dos fantasmas.

Alagoas na Net

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Maria Lúcia Nobre dos Santos, professora da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas e Rede Municipal de Ensino de Maceió. Autora do livro “Do índio a Collor”. Sergasa, 1992: resumo dos principais acontecimentos políticos, econômicos e sociais do Brasil. Especialização e Mestrado em Letras. Área de Concentração: Literatura Brasileira/UFAL. Dissertação do Mestrado: “A recriação do sertão no verso e na prosa - A harmonia da arte popular e erudita: uma incursão na tradição cultural brasileira na contística de Guimarães Rosa”, UFAL, 1999. Redação que se transformou no livro: A Arte Rosa do Popular ao Erudito. Edufal, 2000. Articulista, colabora com revistas e jornais impressos e internéticos. Perfil mais amplo de Lúcia Nobre pode ser lido no Portal Maltanet

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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