O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A falsa história nas escolas militares (III)


A falsa história nas escolas militares (III)

Por Urariano Mota (*)

Recife (PE) - Eu já me havia prometido não mais voltar ao assunto. Melhor dizendo, volver, nunca mais. Mas prometo que esta será a última vez, ainda que o assunto não se esgote aqui.

E por que volto? Meia-volta faço porque nesta semana fui honrado pelo senhor Hiram Reis, coronel e professor do Colégio Militar de Porto Alegre, que escreveu uma catilinária em que divulga até o meu email, para melhor chamamento à ordem do colunista. Na parte de interesse público, depois de chamar este autor de alienado, idiotizado, o professor toca em questões mais graves, como estas:

“Atualmente, o Colégio Militar de Porto Alegre é a única escola de educação básica do País a possuir um observatório astronômico (Observatório Capitão Parobé) dotado de um telescópio robótico de última geração...

Seus formandos têm o mais alto índice percentual de aprovação no vestibular da UFRGS entre as escolas gaúchas (42% em 2005, 44% em 2006, 44,79% em 2007, 61,11% em 2008, 48,70% em 2009 e 57,45% em 2010)...

Do ‘Colégio dos Presidentes’ saíram as únicas duas gaúchas selecionadas para integrar as respectivas turmas pioneiras de mulheres da Aeronáutica..”

E por aí segue. Entenderam? A uma crítica dirigida ao nível da História ensinada aos alunos militares, o professor coronel responde com as glórias do Colégio Militar em outros campos, que em nenhum momento entraram em discussão. Para concluir, muitos parágrafos depois: “Desafio o Sr. Urariano Mota a apresentar outra Escola Pública que apresente resultados similares aos do nosso querido ‘Casarão’, que jamais tenha desencadeado qualquer tipo de movimento ‘grevista’, que no dia do seu aniversário seja capaz de fazer que seus ex-alunos, jovens e sexagenários, civis e militares, desfilem emocionados e saudosos”

Meu Deus, o sentimento de casta expresso acima é constrangedor. O coronel professor quer um ranking, uma guerra entre escolas públicas, para saber qual a melhor. Todos amam a escola de juventude, coronel. Eu mesmo passei pelo glorioso Alfredo Freyre, de um subúrbio recifense, onde jamais tivemos observatórios, com exceção dos olhares que dirigíamos às pernas da professora Janita. Nesse colégio tivemos um mestre insuperável, um formador de consciências, o professor Arlindo Albuquerque, espancado e preso pelos militares no primeiro de abril de 1964. Que feito indelével, histórico, existe maior que esse? Que coisa bela era o mestre a declamar "Sur la liberté de la conscience".

O professor Arlindo não entra aqui por acaso. Ele faz parte da história que é oculta, filtrada e corrigida dos alunos das escolas militares. Ele vem ainda porque nos ensinou que a nossa pátria não é a maior nem a melhor nem a mais perfeita. A nossa pátria é apenas o lugar onde nascemos e sentimos o gosto de feijão e do primeiro beijo. Que a nossa pátria, assim, é a própria humanidade, aquela que passa por Rousseau, o escritor que o mestre Arlindo nos lia em voz alta e flamejante a nos ensinar que todos os homens são iguais na terra.

O espaço está no fim e quase encerro sem dizer que esta semana, por dever de ofício, me vi obrigado a ler três livros da Biblioteca do Exército: "O revisionismo histórico brasileiro", de Maya Pedrosa; "A chama da nacionalidade", de Marco Antonio Cunha; e.... "Não somos racistas", do filósofo Ali Kamel. Sim, o livro do pensador da Globo. Iria ler, da Biblioteca do Exército ainda, o "Poderosos e Humildes", do simpático Vernon Walters, que recebe esta apresentação:

“O autor, bastante conhecido no Brasil, é pessoa da absoluta confiança de vários presidentes dos Estados Unidos, dos quais recebeu uma série de missões de salvamento no plano internacional. Esta é a obra de um hábil contador de histórias, com qualidades de analista, desenvolvidas nos serviços de inteligência americanos, no exército e no serviço diplomático”.

Não seria mais simples apresentá-lo como o homem da CIA no Brasil, no golpe de 1964? Melhor terminar com um questionamento do historiador J. F. Maya Pedrosa, extraída do Revisionismo histórico brasileiro:

“É conveniente ao processo de educação a doutrinação política, a interpretação da história com finalidade de indução ideológica ou partidária?”

Entenderam? Como isso é irônico. O historiador faz essa pergunta contra a falsa história nas escolas civis! Mas não deixa de ser curioso. Entre aspas e acima está o novo gênero de pergunta que é uma arma - puro bumerangue.

Leia a parte II

*Urariano Mota é jornalista e escritor. Autor do livro “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do Cabo Anselmo, executada pela equipe de Fleury com o auxílio de Anselmo. Urariano é pernambucano, nascido em Água Fria e residente em Recife. É colunista do site “Direto da redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Charge: Carlos Latuff

Começam a valer regras para emissoras de TV e de rádio

A partir desta quinta-feira (1º/7), as emissoras de rádio e televisão do país devem ficar atentas às proibições impostas pela Lei das Eleições. Entre outras vedações, esses veículos de comunicação não podem dar tratamento privilegiado a candidato em seus noticiários nem na programação normal. Quem desrespeitar as regras, fica sujeito ao pagamento de multa que varia de R$ 21.282,00 a R$ 106.410,00 e, em caso de reincidência, a multa pode ser duplicada.

As novelas, filmes ou minisséries não podem fazer crítica ou referência a candidatos ou partido político, mesmo que de forma dissimulada. As emissoras estão proibidas de usar trucagem ou montagem de áudio ou vídeo que degradem ou ridicularizem candidato ou partido ou que desvirtue a realidade para beneficiar ou prejudicá-los. Também não podem transmitir programas com esse fim.

Candidato que já tenha sido escolhido em convenção para concorrer às eleições de 3 de outubro não pode apresentar nem comentar programa. As emissoras também não podem divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, inclusive se a denominação do programa coincidir com o nome do candidato ou com o que ele indicou para uso na urna eletrônica.

Se o programa tiver o mesmo nome do candidato, fica proibida a sua divulgação. O candidato que desobedecer a essa regra pode ter o registro cancelado. As emissoras de rádio e televisão também estão proibidas de veicular propaganda política, inclusive paga, ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato ou partidos.

A imprensa escrita pode emitir opinião favorável a candidato. Abusos ou excessos serão apurados e punidos nos termos da Lei 64/1990, o que pode levar à cassação do registro e à inelegibilidade do beneficiado. Com informações da Assessoria de Imprensa do TSE.

Fonte: http://www.conjur.com.br/2010-jun-30/comecam-valer-regras-eleitorais-emissoras-tv-radio

A tal tecnologia

A tal tecnologia

Por Laerte Braga (*)

João Saldanha costumava dizer que quando eliminassem erros de juízes o futebol ia para o brejo. Referia-se a parar o jogo e conferir na telinha. A mesma opinião tem o ex-presidente da FIFA João Havelange. Resistiu durante anos a pressões para mudanças nas regras. Só aceitou coibir que o goleiro pegue com as mãos bola atrasada.



Duvido que o bandeirinha não tenha percebido que a bola chutada pelo atacante inglês, seria o gol do empate, entrou. Como duvido que o outro bandeirinha não tenha percebido o impedimento de Téves no gol contra o México. De qualquer forma futebol tem dessas coisas, a Inglaterra foi campeã do mundo em 1966 com uma bola que não entrou e contra a mesmíssima Alemanha.



Em 1978 a Argentina comprou um argentino naturalizado peruano, o goleiro Quiroga, para fazer o gol a mais que necessitava e passar às finais. Foi campeã do mundo, a despeito do excelente futebol que sempre teve, num gesto de agradecimento de Havelange à ditadura militar por apoio em sua reeleição para a FIFA.



Foram duas copas claramente manipuladas.



O curioso é que a crítica a armação, evidente, foi de Cláudio Coutinho, ex-capitão do Exército e técnico da preferência dos militares para a seleção depois do fracasso na Copa de 74. Falou em Brasil, “campeão moral”.



Na Copa inventou um quarto zagueiro, Edinho, de lateral esquerdo e barrou Rivelino e Nelinho. Coutinho surgiu em 1970, auxiliar de preparador físico, uma espécie de fiscal dos militares na Comissão Técnica.



E exatamente depois do episódio de destituição de João Saldanha. Desde que declarou que não convocaria Dario para satisfazer o presidente da República, Saldanha estava com os dias contados. “Eu não nomeio os ministros dele, ele não convoca os jogadores da minha seleção”.



A miopia de Pelé que tanto badalam foi por outra razão. Não se tratava de miopia oftalmológica, digamos assim, mas mental no curso de um processo em que o jogador estava sendo triturado. E Saldanha não barrou Pelé, apenas afastou o jogador e recomendou a ele tomar uma decisão. Só isso. É uma questão pessoal não vale falar aqui.



Futebol tem esses trens complicados. Uma vez Veiga Brito era presidente do Flamengo e chegou a um “acordo” com o goleiro Manga do Botafogo. Semana de partida decisiva entre os dois times. Contaram a Saldanha, que contou a Zagalo, que chamou Lídio Toledo e deram uma prensa em Manga. Pior, fizeram-no jogar. Manga pegou tudo.



Ao final, sentindo-se logrado, Veiga Brito, homem de confiança de Carlos Lacerda, disse que “estranho que o Manga só pegue tudo contra o Flamengo, não passa nem pensamento”. Estava chorando o “acordo” não cumprido.



Saldanha, da cabine onde comentava o jogo, deu uma espinafrada em Veiga Brito ao vivo e acabou deixando a história transparecer. Manga foi à sede do Botafogo tirar satisfações e a disparidade de tamanho entre o goleiro e o comentarista/técnico era de tal ordem que Saldanha puxou dum 22 e deu um tiro para o chão.



Quem conhece a sede em General Severiano no Rio não consegue compreender o fantástico pulo que Manga deu depois de disparada corrida, falo dos muros.



Uma vez numa resenha esportiva Saldanha chamou Castor Andrade no braço, mas fez uma exigência. “Sem os seus capangas e sem arma, só na mão”. Isso ao vivo. Chamaram os comerciais e a coisa ficou por isso mesmo. Castor não foi.



Copa do Mundo tem dessas armações e dessas coisas. Mas tem também uns esquemas fora de esquadro. João Lyra Filho, irmão de Lyra Tavares, ministro do Exército no golpe dentro do golpe em 1968, era o presidente da antiga CBD, hoje CBF, em 1954. No intervalo do primeiro para o segundo tempo, como o Brasil estivesse perdendo da célebre seleção húngara de Puskas, etc, fez um discurso patético. “O Brasil, neste momento, é a pátria de chuteiras”.



Deu no que deu, perdemos de quatro a dois e Didi ainda deu umas chuteiradas patrióticas em alguns húngaros.



Mário Vianna, com os dois “n” esculhambou o juiz do jogo, um inglês chamado Mister Ellis. Era um dos árbitros daquela Copa e naquele tempo juízes falavam o que bem entendiam.



O Brasil também fez das suas. Garrincha fora expulso no jogo contra o Chile, semifinal da Copa de 1962 e seria julgado pelo tribunal esportivo da FIFA. O jogo final foi contra a Tchecoslováquia. Paulo Machado de Carvalho procurou Estaban Marino, juiz da partida, deu-lhe uma gratificação e o dito cujo, uruguaio, viajou para seu país naquela mesma noite com a súmula do jogo. Não houve como punir Garrincha. Jogou a final e o Brasil ganhou o bi-campeonato. Ganharia de qualquer jeito.



O que deu na cabeça do goleiro Bruno do Flamengo num sei. É prematuro falar em crime, pelo menos até a descoberta de um corpo, ou de uma confissão, mas é difícil deixar de considerar os indícios. São muitos.



Estava de malas prontas para a Milan, seria o substituto de Dida. Deve ter pensado em votar em José Arruda Serra e isso causa diarréia mental.



Todas as vezes que citam Zico como exemplo disso e daquilo, falam em supercraque fico pensando onde enfiar o jogador nas seleções de 58, 62 e 70? Foi campeão do mundo como assistente de Luís Felipe Scolari que nem olhava para a cara dele no banco e nem em lugar nenhum. Engoliu uma decisão de Ricardo Teixeira. Chegou ao Flamengo e desestruturou tudo. Desde o técnico Andrade a uma série de decisões equivocadas.



Quando começou o futebol no Japão, começou a ser levado a sério, Saldanha dizia que qualquer um brasileiro poderia ser técnico lá era só ensinar os caras a chutar em gol e mostrar onde ficava o gol.



É claro que Zico foi um excelente jogador, mas nada além disso. Nem chega aos pés de Garrincha, Pelé, Didi, Gérson, Zizinho e outros tantos.



E se alguém disser que poderia ser um substituto para Vavá, ou para Jairzinho nas copas de 58. 62 e 70, basta lembrar o pífio desempenho que teve nas copas que jogou.



Em 1958 o técnico Vicente Feola substituiu Dino Sani por Zito, notáveis jogadores. Foi explicar a Dino o motivo da substituição. “Você é globetrotter, preciso de alguém que jogue para o gol”.



Não sei se o Brasil passa pela Holanda. O gol dos holandeses contra a Eslováquia foi um meio frango do goleiro. Robben é de fato um excelente jogador e complica jogar pela direita e puxar e chutar com a esquerda. Que nem lutador canhoto, o adversário acha que o caminhão vem de um lado e surge de outro. Só resta perguntar depois se alguém anotou a placa. Mais nada.



Mourinho anulou a figura na final da copa européia de clubes. E a zaga era formada pelo brasileiro Lúcio e o argentino Samuel, de quebra Maicon na lateral-direita.



Para variar, logo depois da “briga” GLOBO versus Dunga, a rede começou a dar destaque a tudo que Maradona falava e fazia. Num dado momento a direção percebeu que estava torcendo contra – como estão, é uma organização estrangeira que atua no Brasil –. E a FOLHA DE SÃO PAULO num anúncio da rede Pão de Açúcar deu o Brasil como eliminado. Está lá tentando explicar a fria.. São mestres nesse negócio de notícias falsas. GLOBO e FOLHA DE SÃO PAULO. Só falta VEJA para completar.



Fátima Bernardes deve entrevistar Maradona ao vivo e nu, promessa dele, se a Argentina for campeã. E Miriam Leitão nem está lá para comentar as implicações econômicas que o Irã e a Venezuela provocam na Copa do Mundo, tudo por culpa de Lula e sua política externa.



Que pena. Podia fazer dupla com Bial, ou trio com ela, Bial e Lúcia Hipólito, no quarteto de Fátima Bernardes.



Bonner iria escrever um editorial iracundo para ser lido no FANTÁSTICO.



No duro mesmo batem cabeça até agora para tentar entender essa história do vice de Arruda Serra. Vão achar um novo bode expiatório, seja o Brasil campeão ou não. Dunga e sua “teimosia”.



Tudo com a tal de tecnologia.


*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

Lula e as perspectivas na área de saúde

Serra finalmente acha sua cara-metade: Índio da Costa, o homem da merenda

O vice é o homem da merenda?

Leia o próprio PSDB

O Blog do Noblat acaba de anunciar que o vice do Serra será o deputado Índio da Costa, do DEM. Apresenta-o como o relator do ficha-limpa. Mas não é bem assim. Ele foi um dos alvos da CPI na Câmara dos Vereadores que investigou superfaturamento e má-qualidade nos alimentos comprados para a merenda escolar, quasndo eu ainda era vereador. A CPI foi pedida pelo meu amigo e deputado Edson santos (PT) e relatada pela – atenção – vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira. Vou transcrever o texto que está numa das páginas dela na internet, de onde tirei também a ilustração:

O relatório de Andrea concluiu que a licitação para a compra de gêneros alimentícios para a merenda, entre julho de 2005 e junho de 2006, realizada pela Secretaria Municipal de Administração e pela Secretaria Municipal de Educação, no valor de R$ 75.204.984,02, causaram prejuízo aos cofres públicos. 99% do fornecimento ficaram concentrados numa única empresa, a Comercial Milano, que apresentou uma engenhosa combinação de preços em suas propostas. A licitação ocorreu num único dia, mas foi dividida 10 coordenadorias de educação (CREs). O “curioso” foi que esta empresa ofertou preços diferentes para o mesmo alimento. O preço do frango da proposta da Milano, por exemplo, para Santa Cruz, era cerca de 30 % mais caro do que o preço ofertado para Campo Grande. Detalhe: em Santa Cruz a Milano não teve concorrentes e em Campo Grande sim. Como ela soube da falta de concorrentes, um mistério. E a Prefeitura aceitou isso! Pagou à mesma empresa, pela mesma mercadoria, preços muito diferentes. Essa foi a característica geral dessa licitação: uma combinação de preços que otimizaram os ganhos de uma única empresa fornecedora em prejuízo dos cofres públicos.

Na primeira parte do relatório, a CPI concluiu que o então Secretário de Administração, Índio da Costa, deveria ter cancelado a licitação porque as regras do edital levaram a um resultado que contrariou o objetivo inicial de atrair dezenas de pequenos comerciantes locais a vender para as escolas dos bairros, descentralizando o fornecimento, e pelo melhor preço. Ao contrário, a licitação acabou por provocar a maior concentração de entrega de gêneros alimentícios na história da merenda escolar.

Como evidência incontestável do prejuízo aos cofres públicos, o relatório revelou que o pregão presencial adotado depois da instalação da CPI pelo
sucessor do Secretário Índio, um ano depois, possibilitou uma economia de cerca de R$ 11 milhões na compra da mesma merenda escolar.

Durante o processo licitatório, segundo o relatório da CPI, foram identificadas diversas irregularidades no registro das atas das reuniões de entrega, abertura e verificação de documentos. Chamou a atenção o fato de a empresa Milano ter sido a única a ter acesso aos documentos das empresas concorrentes ainda durante o período em que a Comissão de Licitação analisava a documentação dia 23 de março de 2005, enquanto os pedidos de vista das demais só ocorreram após o dia 31 do mesmo mês, quando já havia sido anunciado o julgamento dos documentos.

Uma das empresas eliminadas – a única que conseguiu na Justiça liminar para que a Secretaria de Administração não destruísse sua proposta de preços – mostrou, quase um ano depois, quando a Justiça obrigou a abertura do envelope, que se não tivesse sido desabilitada, teria vencido a Milano em vários quesitos, com condições mais vantajosas para o Município.

A Prefeitura não conseguiu demonstrar, de forma objetiva, como a empresa Milano conseguiu um resultado tão favorável. A única explicação dada pelo
então Secretário de Administração, Índio da Costa, e pelos diretores da Milano, de que o acerto se deu em virtude do estudo das concorrências anteriores, levou a CPI a duas conclusões:

1- Se era possível antecipar resultados, houve falha nas regras do edital.

2- Se a Administração municipal aceitou pagar, pelo mesmo produto, preços significativamente diferenciados, sem que houvesse uma explicação objetiva para esse fato – custo de logística, por exemplo – não cumpriu um dos preceitos da licitação que é comprar pelo menor preço.

As duas conclusões deveriam ter levado a Secretaria de Administração a, obrigatoriamente, cancelar a licitação.

Na segunda parte do relatório apresentado pela vereadora Andrea Gouvêa Vieira, a CPI concluiu que houve omissão, negligência e despreparo na fiscalização do contrato assinado com a empresa Milano, que reiteradamente entregou, durante todo o ano, carne bovina e frango fora das condições exigidas, trazendo complicações ao funcionamento já precário de muitas escolas, dificultando o preparo das refeições, e, em muitas ocasiões reduzindo a quantidade de alimento, principalmente carne e frango, no prato das crianças.

Depoimentos de merendeiras e o relatório das visitas às escolas feito pelo Conselho de Alimentação Escolar (CAE), enviado à CPI, comprovaram a omissão da Secretaria de Educação que, apesar da continuada e permanente reclamação das escolas, não se posicionou de forma adequada para exigir o cumprimento do contrato.

Ao contrário, disse a CPI, o total de multas, de R$ 8.330,28, ao longo do ano, num contrato de R$ 75 milhões, claramente induziu a empresa Milano a insistir na entrega do alimento fora dos padrões contratuais, diante de tão pequena penalização.

Documento em poder da CPI revelou que auditoria da Controladoria Geral do Município responsabilizou a Secretaria de Educação pela fragilidade no acompanhamento da execução do contrato, vindo ao encontro das conclusões da CPI.

O documento propôs as devidas ações para responsabilização civil e criminal dos infratores, em especial dos dois secretários – de Administração e de Educação, principais responsáveis, no mínimo, pela relapsia no trato da coisa e do dinheiro públicos. O primeiro, Índio da Costa, ao homologar uma licitação cujo resultado era evidentemente contrário ao interesse da administração; e a segunda, Sonia Mograbi, ao negligenciar por completo a fiscalização da execução do contrato. “Em ambos os casos, é de ser aferida tanto a responsabilidade pessoal dos secretários quanto a dos agentes a eles subordinados, quer na condução da licitação, que levou à elaboração do contrato, no caso da SMA, quer na fiscalização e acompanhamento da sua execução, no caso da SME”.

Além do Ministério Público Estadual, a CPI encaminhou o relatório ao Ministério Público Federal, uma vez que parte dos recursos da merenda escolar são repasses de verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Também foram encaminhadas cópias do relatório à Delegacia de Polícia Fazendária, ao Tribunal de Contas do Município e à Prefeitura do Rio.

Há muito mais material sobre o tema na página da vereadora, repito, do PSDB, e nos jornais cariocas. Quem quiser – imagino que a imprensa queira – procurar, vai achar muito…

Ganhe uma cópia do Dossiê Serra no jogo dos 7, 14 e 21 erros

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A nossa Agência Assaz Atroz escalou o melhor chargista da nossa equipe de cartunistas a fim de que este acompanhasse a entrevista da candidata à Presidência da República pelo PT Dilma Rousseff, ao programa Roda Viva, e retratasse com rigorosa precisão exata os melhores momentos da seguntina (se aos sábados é sabatina, então...).

Para nossa surpresa, o trabalho do nosso panfletist... quer dizer, do nosso cartunista apresentou, por uma dessas casualidades eventualmente ocasionais, alguns raros, mas excepcionalmente comuns e recorrentes, traços semelhantes e rigorosamente quase iguais aos do cartunista do Roda Viva.

Não é mesmo muita coincidência casual?!

Aprecie o nosso sisudo esforço para produzir bom humor e participe do jogo dos 7, 14 e 21 erros, que consiste em o leitor identificar as pequenas diferenças entre os quadrinhos do cartunista do Roda Viva e os do nosso assaz atroz chargista.

Quem acertar o maior número de erros (diferenças) ganha uma cópia exclusiva do Dossiê Serra, quando o livro “Os porões da privataria”, de Amaury Ribeiro Jr., for lançado.

Quem se habilita?!

Assista à entrevista usando a postagem da redecastorphoto, a fim de comparar as nossas charges com as do Roda Viva.

(Clique na imagem para ampliar)





Atenção: O regulamento do nosso concurso estabelece premiação para quem acertar o menor número de diferença de traços entre os nossos cartuns e os do cartunista do Roda Viva. Nesse caso, o candidato ganha um link para ler trechos do Dossiê Serra, publicados na internet, desde que esta foi inventada.

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AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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Dunga e a arrogância histórica da Globo

A Seleção Brasileira de Futebol constitui um patrimônio cultural do país que não pode ser apropriado por interesses privados. No entanto, o futebol brasileiro – não só a Seleção – tem sido explorado comercialmente pela Globo como se sua propriedade fosse.

Por Venício Lima*

Para Marco Antonio Rodrigues Dias e Geraldo da Rocha Moraes

Embora tenha apoiado o golpe de 64, o regime militar e se consolidado como a mais poderosa rede de televisão do país durante a ditadura, houve períodos em que a percepção de boa parte da elite fardada era de que a Rede Globo de Televisão representava uma ameaça real de controle da opinião pública brasileira e precisava ser enfrentada.

No governo do General Geisel (1974-1979), sendo ministro das Comunicações o Coronel Euclides Quandt de Oliveira, foi certamente quando surgiram as maiores contradições e divergências entre o regime autoritário e a Globo. Documentos da época e sua análise estão disponíveis, por exemplo, no livro “Dossiê Geisel”, organizado por Celso Castro e Maria Celina D’Araújo e publicado pela FGV em 2002.

Encontro na UnB
Faço esta rápida introdução para relatar um encontro emblemático acontecido há 35 anos, entre professores do então Departamento de Comunicação da Universidade de Brasília e altos dirigentes globais, entre eles, Walter Clark (diretor geral), Luiz Eduardo Borgerth (diretor), Otto Lara Resende (assessor da presidência), infelizmente, já falecidos.

O contexto do encontro trazia, no mínimo, preocupações para as Organizações Globo:

(1) A Globo havia perdido a disputa por um canal de TV aberta em João Pessoa, PB, por interferência direta do ministro Quandt que considerava um risco “aumentar o monopólio da emissora”.

(2) O ministro vinha fazendo uma série de críticas públicas à televisão brasileira, todas de grande repercussão. Uma delas, a aula inaugural no curso de comunicação do CEUB, Centro de Ensino Unificado de Brasília, sobre “A televisão no Brasil” (17/2/1975). Na sua fala ele destacava os “perigos do monopólio” tanto de canais, quanto de audiência, quanto na programação “alienígena”.

(3) Estava em andamento a criação da Radiobras [Lei n. 6301 de 15/12/1975] que era vista com desconfiança pela Globo pelo temor de que se transformasse em destinação preferencial de verbas publicitárias do governo.

(4) Estava em discussão, dentro do governo, um pré-projeto de regulação da radiodifusão que deveria substituir o superado Código Brasileiro de Telecomunicações [Lei 4. 117/1962].

(5) O Departamento de Comunicação da UnB era uma unidade acadêmica que produzia pesquisa crítica sobre a radiodifusão brasileira e acabara de elaborar um pioneiro projeto de unificação das televisões públicas que recebeu o nome de SINTIS, Sistema Nacional de Televisão de Interesse Social. Além disso, circulava que alguns de seus professores tinham acesso ao ministro das Comunicações e o abasteciam com dados nos quais ele fundamentava sua posição, direta e/ou indiretamente, contrária à hegemonia da Globo.

O objetivo do encontro, realizado por iniciativa da Globo, na UnB, era “trocar idéias” sobre as comunicações no Brasil. O que acabou acontecendo, todavia, foi quase um bate-boca.

Apesar da conjuntura politicamente adversa – para a Globo – em que se realizava o encontro, a memória de professores presentes é unânime em afirmar a arrogância de seus dirigentes. Não houve diálogo possível e cada um saiu do encontro ainda mais convicto em relação às respectivas posições. Divergimos em relação à existência de um virtual monopólio na TV brasileira; às finalidades educativas da televisão (previstas em lei); à prioridade ao conteúdo nacional e à necessidade de criação de uma rede pública de radiodifusão.

No presente como no passado
Relembro este encontro e a memória que dele ficou para reforçar os inúmeros comentários já escritos e publicados nesta Carta Maior sobre o enfretamento que a Globo faz a Dunga, aparentemente, por ele não ser conivente com os privilégios da emissora em relação aos demais veículos de mídia que estão cobrindo a Copa do Mundo na África do Sul.

Ao longo de sua existência, uma característica da Rede Globo tem sido ignorar que a televisão é apenas a concessão de um serviço público que tem como soberano o cidadão e seu interesse. Ao contrário, a Globo tem historicamente se comportado como proprietária das concessões de radiodifusão.

A própria Seleção Brasileira de Futebol constitui um patrimônio cultural do país que não pode ser apropriado por interesses privados. No entanto, o futebol brasileiro – não só a Seleção – tem sido explorado comercialmente pela Globo como se sua propriedade fosse.

A Globo, por óbvio, não tem mais em 2010 o poder que teve na década de 70 do século passado, enfrentado, por razões próprias, pelo regime militar. Mas conserva a arrogância.

Por outro lado, uma diferença do passado para o presente é que o inconformismo em relação à Globo não está mais restrito a alguns professores isolados em departamentos universitários. Repetindo a resistência que se expressou em outras situações históricas no lema popular “o povo não é bobo, abaixo a rede Globo”, a internet fornece hoje o suporte tecnológico necessário para que milhões de pessoas se mobilizem em torno de iniciativas como “cala a boca Galvão” e “cala a boca Tadeu”. Além disso, dezenas de blogs e sites alternativos tornaram pública a opinião daqueles que fazem contraponto à TV hegemônica.

Outro mundo possível
Resta manter a esperança de que – um dia – a transmissão de jogos dos campeonatos locais, regionais e nacional de futebol e a cobertura dos jogos da Seleção Brasileira, não serão exclusividade de concessionárias comerciais, mas estejam disponíveis nas redes públicas de televisão.

Em se tratando de um patrimônio cultural brasileiro, as redes comerciais privadas não deveriam remunerar as redes públicas para distribuir e comercializar este tipo de conteúdo?

O episódio Globo versus Dunga – que certamente ainda não terminou – deixa claro que já existe no país, não só uma ampla consciência da arrogância e dos privilégios históricos da Globo, como também novas e eficientes formas de expressar inconformismo diante dessa situação. E mais importante: novas e eficientes formas de apoiar aqueles que, como Dunga – correndo o risco de perder o emprego – não se curvam ao poder de concessionários de um serviço público que continuam a se comportar como se dele fossem proprietários.


*Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4689

Hoje, cada um faz o que quer com a palavra “terrorismo”

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Glenn Greenwald, Salon

Já escrevi incontáveis vezes sobre o quanto “terrorismo” é a palavra mais manipulada e mais sem sentido do léxico político contemporâneo.

A melhor demonstração dessa dinâmica é o trabalho de Remi Brulin, do New York Times, que documentou o modo como os governos e a mídia ocidentais têm usado as palavras “terrorismo” e “terrorista”, sem qualquer consistência e ao sabor dos interesses do dia. Um dos principais riscos da decisão da Corte Suprema sobre liberdade de expressão, no Humanitarian Law Project – segundo a qual o governo passará a poder limitar os direitos dos cidadão à proteção da Primeira Emenda, no caso do discurso político que designe os grupos terroristas – é que “terrorismo” significa qualquer coisa que o governo dos EUA diga que significa. Criaram a lista sem fim dos grupos terroristas e o fizeram sem qualquer critério, sem qualquer mínimo cuidado. Isso, porque a palavra é tão mal definida e tem sido tão manipulada, que, hoje, já praticamente nada significa – ou significa qualquer coisa.

Ontem, encontrei exemplo perfeito e altamente ilustrativo dessa manipulação, ao ler a entrevista que a ex-ministra israelense Tzipi Livni concedeu ao New York Times. Depois de muito falar contra os terroristas que atuam em Gaza, Livni disse o que segue:

NYT: Seus pais são fundadores do Estado de Israel.

Livni: Foram o primeiro casal a casar-se em Israel. Os dois lutaram no [grupo] Irgun. Foram combatentes da liberdade. Conheceram-se a bordo de um trem britânico. Durante o Mandato britânico aqui, assaltaram um trem para conseguir dinheiro para comprar armas.

Se há grupo terrorista, ou algum dia houve, foi o Irgun. Em julho de 1946, o grupo explodiu (ação comandada pelo então futuro primeiro-ministro de Israel Menachem Begin) o hotel King David, quartel-general do governo britânico, matando 91 pessoas (o Irgun alagou que teria prevenido antecipadamente os britânicos, alegação que muitos oficiais britânicos já desmentiram). Israel e seus defensores adoram lembrar que a Autoridade Palestina deu a uma praça o nome de um terrorista. Mas insistem em não reconhecer que o primeiro-ministro israelense, em 2006, discursou em cerimônia para lembrar o ataque ao Hotel King David, ocasião em que descerrou uma placa comemorativa do ‘evento’ (a explosão). O Irgun perpetrou inúmeros ataques armados a estruturas civis, estações de trem, prédios do governo e pontes.

Dia 30/12/1947, o primeiro parágrafo do The New York Times dizia:

BOMBA DO IRGUM MATA 11 ÁRABES, 2 BRITÂNICOS. Bomba lançada por militantes da organização de judeus terroristas “Irgun Zvai Leumi”, de um táxi em grande velocidade, matou 11 civis árabes e dois policiais britânicos e feriu pelo menos 32 árabes junto à Ponte Damasco em Jerusalém, mesmo local onde houve explosão semelhante há apenas 16 dias.

Relatando atentado organizado por Begin para assassinar o ministro alemão das Relações Exteriores, o London Times escreveu que o Irgun "usou táticas terroristas contra a ocupação britânica da Palestina”.

Àquela época, todos sabiam que os membros do Irgun eram terroristas. Mas há aquela época e há hoje. Bombas, assaltos e assassinatos, em ação contra o Estado, é “terrorismo”, se é ação de alguns grupos; e é “luta pela liberdade”, se é ação de outros grupos. Exatamente o que faz Israel, que justifica a mais extrema brutalidade e a mais feroz violência contra o mal-em-si que seriam “terroristas” e celebra os mesmos atos, como atos de “luta pela liberdade” se os terroristas são israelenses.

Tudo isso seria até tolerável, se não passasse de inconsistência de discurso. Mas se as guerras dos EUA são justificadas, as leis dos EUA são aplicadas e os direitos dos norte-americanos são cada vez mais restringidos, e tudo baseado na palavra “terrorismo”, é preciso considerar com muito mais atenção essa palavra, manipulada, sem sentido e usada para justificar todos os crimes.

Para ter certeza, basta ver a justificativa que Leon Panetta, diretor da CIA, apresentou ontem para o 'assassinato programado' de um cidadão norte-americano, Anwar Al-Awlaki, baseada exclusivamente na opinião do próprio Panetta de que o homem seria “terrorista” porque defendeu sua opinião, a de que os muçulmanos têm direito de combaterem contra os norte-americanos. Defender essa opinião – e qualquer opinião – é direito que a Constituição dos EUA garante a todos os cidadãos norte-americanos, inclusive a Anwar Al-Awlaki.

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Tradução: Coletivo Vila Vudu de Tradutores

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons


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