O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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domingo, 20 de junho de 2010

Um sonho

Futebol e esquizofrenia

Ilustração: Caio Monteiro
É tempo de futebol, e também do esquizofrenia na área midiática quando os locutores pregam a “defesa da pátria” nas quatro linhas. E isso os galvões buenos e outros menos votados o fazem nos mesmos canais que se alinham ao que é há de mais antipatriótico no espectro político brasileiro.

Por Mario Augusto Jakobskind (*)

Já virou rotina as tentativas da mídia em estabelecer o esquema pão e circo. Não que o futebol em si seja alienante, mas o que há em redor cumpre esse papel com a colaboração inestimável dos meios de comunicação conservadores. Exemplo mais recente nesse sentido ocorreu, para variar, na TV Globo, em uma reportagem de Nova York com argentinos lá residentes acordando cedo para assistir um jogo da seleção de Maradona.

Em determinado momento o repórter foi ouvir um indiano torcendo pela Argentina e dizendo que tinha ”ódio do Brasil”, pois “se ama a Argentina tinha que ter ódio do Brasil”. Mas o pior da história foi que o indiano não apareceu falando, sendo apenas “traduzido” pelo repórter.

Ficou claro que os “patriotas” da TV Globo aproveitaram o embalo para envenenar, ou seja, colocar o tema não como uma rivalidade normal de disputa futebolística, mas jogar um país contra o outro, como fazem ao longo dos anos. Na prática essa gente joga contra a integração latino-americana, que tem como ponto relevante a aproximação brasileiro-argentina.

A mídia conservadora preferiu ignorar que a seleção argentina ao se despedir dos torcedores numa apresentação em Buenos Aires ergueu uma faixa informando que os jogadores apoiavam a indicação das Avós da Praça de Maio para o Prêmio Nobel da Paz. Ou seja, a seleção comandada por Maradona deu toda força a um grupo de senhoras mobilizadas desde 1977 para cobrar o desaparecimento político de netos e filhos durante a ditadura. Já imaginaram uma seleção brasileira defendendo direitos humanos erguendo uma faixa o que faria a mídia conservadora?

O aprofundamento do tema futebol e tentativas de manipulação da opinião pública são necessários sobretudo agora que em 2014 o Brasil sediará a próxima Copa do Mundo. Ou seja, muita grana vai rolar e corre-se o risco de as obras necessárias para a realização da Copa e dois anos depois as Olimpíadas não serem revertidas posteriormente para o benefício da população, aliás, como aconteceu com os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro, onde, por sinal, tudo ficou por isso mesmo em matéria de investigação de denúncias sobre irregularidades cometidas em construções para o evento. Quando se tentou isso, a administração municipal do Rio, então sob o comando do Prefeito Cesar Maia conseguiu abortar a iniciativa com a medíocre bancada de vereadores áulicos.

Na verdade, daqui para frente, mesmo depois da Copa do Mundo, os brasileiros vão respirar futebol e o esquema conservador de sempre vai reforçar a manipulação da informação. É só acompanhar o que acontece com uma visão minimamente crítica.

Na área da sucessão presidencial, vale o registro de dois fatos. O primeiro envolvendo o tucano Fernando Henrique Cardoso, que de tão queimado que está nem apareceu presencialmente na convenção do PSDB que oficializou a candidatura José Serra, mas só numa tela com uma mensagem ao estilo senso comum que caracteriza o ex-presidente que fez tudo para sucatear o Brasil inteiro, não apenas as estatais. O segundo, a candidata Marina Silva.

Cardoso investiu furiosamente, em uma entrevista no jornal espanhol El País contra a política externa do governo Lula, sobretudo em relação à aproximação com Cuba e a tentativa brasileira e turca para uma distensão nas relações do Irã com o Ocidente, o que foi impedido pelo governo estadunidense de Barack Obama, na voz de Hillary Clinton, a secretária de Estado vinculada ao complexo industrial militar, que não esconde, agora via governo Benyamin Netanyanhu de Israel, o desejo de bombear o Irã. Cardoso está também furioso com o fato de o governo Lula não se alinhar automaticamente com os Estados Unidos, como aconteceu nos oito anos que esteve a frente do Executivo nacional.

Marina Silva, uma verde meio desbotada, porque quer todos os setores políticos de mãos juntas administrando o Brasil, não separando o joio do trigo, deu uma grande escorregada no Roda Viva, programa de entrevistas da TV Cultura e com transmissão nacional pela TV Brasil. Em certa altura, Marina disse que “graças a Constituição de 1988 o Estado brasileiro é laico”.

Como a senadora é formada em História, a escorregada é ainda pior, pois o Estado e a Igreja são separados no Brasil desde a primeira Constituição da República, em 24 de fevereiro 1891. O mais estranho é que nenhum dos entrevistadores deu uma palavra sobre o fato. Imaginem se em algum momento o Presidente Lula falasse algo dessa natureza o que aconteceria em matéria de contestação dos colunistas amestrados?

*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Aposentadoria é coisa de vagabundo

Aposentadoria é coisa de vagabundo

Por Rui Martins (*)

Berna (Suiça) - O economista puxa as estatísticas e pontifica: «vejam bem, a qualidade de vida melhorou e as pessoas estão vivendo mais, muito mais, isso vai levar à falência todos os fundos de pensões para aposentados. A única solução é aumentar a idade para se chegar ao benefício da aposentadoria. Onde é 60 anos a idade limite, como na França (país típico de Estado providência de economia arcáica), deve passar para 65 e onde já é 65, o jeito é ir aumentando para 67 até chegar aos 70 ».

Que beleza de argumento, até eu, sem maiores informações, poderia ser convencido. Há mesmo muitos trabalhadores franceses batendo palmas e dizendo - « é isso mesmo, é lógico, vivemos mais, temos de trabalhar mais ».

Mas calma, devagar com o andor, e toda aquela história, livros, artigos, conversa na tevê, na mídia, de que no futuro todos iam trabalhar menos com o desenvolvimento do lazer, viagens, coçação de saco, passeios, turismo ? Zebrou ? Onde é que eu perdi o fio dessa história ? pois eu achava que a redução das horas de trabalho na França para 35 semanais era justamente o começo dessa nova vida para os trabalhadores.

Ainda há alguns anos, quando a esperança de vida de um francês era de 65 anos, um metalúrgico, por exemplo, só teria 5 anos para gozar a vida, embora muitos já tivessem reumatismo, diabete, distúrbios vasculares e nem pudessem dar uma passada na Geni por impotência. Como o salário também da maioria não era dessas coisas, se tinham conseguido fazer uma poupança não dava nem para uma volta ao mundo, nem que fôsse de balão à moda de Jules Verne. O jeito era ficar sentado na frente da televisão ou ir jogar bocha ou cartas com os amigos e, em lugar de um Saint Emilion ou champagne, tomar mesmo uma birita daquelas de quatro reais a garrafa ou criar uma barriga com cerveja.

A ilusão era a de que os filhos, esses sim, iriam aproveitar – menos horas de trabalho e mais lazer. E agora, antes de morrer, a desilusão – os filhos vão ter de ficar mais cinco anos na fábrica, no comércio, no trabalho.

E tem mais, a história de que o lazer para todos seria nosso futuro se baseava também no advento das novas tecnologias, na robotização de muitos trabalhos pesados e rotineiros. A máquina a serviço do homem, era o que se dizia. E quem acreditou se ralou. A robotização nas fábricas deu demissões e a máquina ficou a serviço do capital e contra o homem. Terceirização, robotização, globalização, a massa operária não irá mais ao paraíso porém ao inferno do desemprego e dos salários vis.

Essa história de aumento da idade para a aposentadoria tem outro ângulo geralmente esquecido – na teoria, diz-se que vivendo-se mais é normal se trabalhar mais, porém, quem ultrapassa os cinquenta anos, se perder o emprego já não acha outro. Ou seja, para as empresas quem tem 50 anos já não presta para o trabalho porque ficou velho; para os governos e fundos de pensões quem vive oitenta ou mais tem saúde e condições para trabalhar até os 65, 65 e 70 anos.

E é aí que os governos e fundos de pensões podem economizar e bastante – o empregado perde o emprêgo aos 55 ou 60 anos, passa a viver dois ou três anos com seguro desemprego, fica na miséria, deixa de contribuir para a caixa de pensões e não tem patrão também contribuindo. Quando chegar aos 67 ou 70 (como queria um ministro suíço e onde muitos países vão tentar chegar), sua média salarial já foi reduzida ao mínimo e terá uma aposentadoria de miséria.

Esta realidade de que idoso não acha emprego é simplesmente escamoteada pelas argumentações em favor do aumento da idade da aposentadoria. Resultado – criou-se nos anos 70 e 80, a esperança de um mundo robotizado, com 35 horas semanais, trabalho a domicílio, férias mais longas e, de repente, a especulação financeira, o grande capital assume o comando e decreta – sociedade do lazer ? O que é isso ? Vamos todos trabalhar e quem não conseguir segurar seu emprego depois dos 60 que monte uma barraquinha.

O capital financeiro perdeu os tubos, os países estão endividados, um socialista é que dirige o FMI, não tem mais moleza não minha gente, acabou o sonho. Robô, que não precisa de descanso semanal, nem férias e se contenta com uma corrente elétrica e um pouco de óleo, vai ter melhor tratamento que operário humano.

*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"

Saramago e a democracia



Sem saída, José?


Sem saída, José?

A sabedoria do senso comum já aprendeu que a pior imoralidade é condenar o povo, depois de séculos, a continuar a ser explorado, a não ter onde morar, o que comer, a viver em um estado de miséria e ignorância.

Por Gilson Caroni Filho (*)

Para enfrentar a batalha por espaço político a partir das eleições de outubro, quando serão escolhidos, além do presidente, novos governadores, senadores e deputados, a direita brasileira, sem projetos ou discursos, ensaia a repetição de arrazoados desmentidos pela história recente. Não sabendo como fazer oposição a um governo que completa seu oitavo ano cercado por popularidade recorde, e sem idéia de como restabelecer o prestígio de seus mais ilustres quadros, ao tucanato restou os factóides na imprensa e a esperança no ativismo judiciário.

Insistindo em ignorar que um novo paradigma econômico reclama um novo paradigma político, com um Estado forte, dotado de poder econômico e capacidade, para fazer cumprir as leis e regulamentações que estimulem o crescimento econômico com justiça social, sobra a José Serra a defesa de um “Estado musculoso que não se pareça com um lutador de sumô”. A direita, convenhamos, já foi bem mais feliz em metáforas.

O que o leitor lerá, até outubro, nas colunas da imprensa corporativa é tão previsível quanto a sucessão de dias e noites. O desequilíbrio do setor público será apresentado como resultante do modelo de intervenção do Estado na economia. O único problema é que, ao contrário da gestão neoliberal, não há qualquer evidência de exaustão macroeconômica. Na linha inversa do que afirma o credo conservador, o Estado não perdeu força como agente de desenvolvimento em uma economia complexa. Quem se mostrou um estorvo ao progresso, em razão de uma interferência caótica na vida das pessoas e das empresas, gerando privilégios para setores improdutivos, foi o mito do mercado como mecanismo capaz de regular-se a si mesmo.

Como repete incansavelmente o presidente Lula, a mudança na orientação da política econômica salvou o capitalismo brasileiro dele mesmo, democratizando seu funcionamento, a fim de sair de uma crise que parecia interminável. Manter as linhas mestras do atual governo corresponde a seguir o desafio a que se propôs Keynes, e ao qual devemos dar continuidade agora devido ao caráter cíclico das crises capitalistas.

Serra sabe que é herdeiro de um legado assustador. O governo ao qual se opõe foi capaz de ultrapassar o modelo supostamente modernizante e concentrador de rendas, herdado do consórcio liderado pelo PSDB, para uma etapa caracterizada pelo trinômio “crescimento-distribuição-participação”. Os critérios de escolha, em outubro, estão dados pelos êxitos obtidos pelo campo democrático-popular: retomada do desenvolvimento econômico e tomada de medidas voltadas para a redistribuição de renda e riqueza entre classes e regiões. Tudo isso realizado por atores políticos capazes de hierarquizar adequadamente as prioridades e de tratá-las dentro de um arcabouço de legalidade. Será de pouca valia argumentações que desconsiderem situações políticas novas e completamente distintas das que existiam em 2002.

A situação piora quando José Serra chama o Mercosul de farsa e ataca a ações diplomáticas levadas a cabo no atual governo. Fica claro que seu projeto de política externa seria guiado pela subalternidade aos desígnios estadunidenses e não pela realização mais plena da convivência internacional soberana. Só mesmo uma miopia conservadora, colonizada, de caráter quase religioso, pode justificar esse posicionamento.

Se a direita acredita ter alguma chance no terreno da moralidade abstrata, incorre em outro um equívoco colossal. Há algum tempo, com a inclusão crescente de amplos setores da população na esfera do consumo, o brasileiro compreendeu que toda a campanha contra o governo petista envolveu apenas um moralismo de fachada.

Sob o espetáculo midiático, a defesa de valores abstratos é feita por pessoas que sempre foram coniventes com a injustiça social. A pedagogia do cotidiano removeu argumentos que não passavam de cortina de fumaça para encobrir outros interesses. A sabedoria do senso comum já aprendeu que a pior imoralidade é condenar o povo, depois de séculos, a continuar a ser explorado, a não ter onde morar, o que comer, a viver em um estado de miséria e ignorância. E agora, José? Qual o próximo dossiê a ser apresentado como substituto a um projeto de país?

*Gilson Caroni Filho é sociólogo e mestre em ciências políticas. Mora no Rio de Janeiro, onde é professor titular de sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). É colunista da Carta Maior, colaborador do Jornal do Brasil e do blog "Quem tem medo do Lula?".

As três charges são uma cortesia do cartunista Bira Dantas, também colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".
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