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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quarta-feira, 31 de março de 2010

Argentina: Testemunhas contra Genocidas são Assassinadas


Argentina: Testemunhas contra Genocidas são Assassinadas


(O Caso de Silvia Suppo, 29 de março de 2010)


Por Carlos LungarzoA ditadura militar argentina de 1976, cujo 34º aniversário foi completado a semana passada, continua fazendo vítimas. Desde 1976, essa ditadura foi a sétima num país que só conheceu isso que chamam “democracia” por curtíssimos períodos e nunca de forma perfeita, e que apenas teve governos moderadamente enquadrados na lei desde 1983. Este começo de uma relativa democracia moderna (no estilo de outros países da região, como o Brasil), não foi um triunfo da classe política, que sempre foi conivente com o terrorismo de estado, mas por causa do fracasso dos militares na guerra de 1982, o que deixou seu governo em situação insustentável no cenário nacional e internacional.


É fácil demonstrar que essa ditadura foi o mais cruel e sanguinário processo autoritário em Ocidente (limitado a um país só; estou excluindo a Segunda Guerra Mundial), depois da ditadura espanhola, e acima de regimes como o de Pinochet e as ditaduras da América Central. Peço às organizações de Direitos Humanos que leiam este comunicado, que façam conhecer a notícia tanto como seja possível.



O Contexto Geral


Vejamos brevemente o histórico do problema. Segundo cálculos das organizações de DH, durante a ditadura argentina (e seu antecessor, o governo de Maria Estela Perón, viúva de Juan Perón) foram capturadas, seqüestradas e tornadas “desaparecidas” 30 mil pessoas, num país cuja população média no período 75-81 era de 30 milhões, configurando a taxa nunca atingida antes em Ocidente de 0,1% da população. Esse cálculo, tido como padrão, pode ser conservador, em minha opinião. Documentos chilenos recentemente desclassificados mostram que os militares argentinos tinham informado ao Chile em agosto de 1978, que os desaparecidos eram por volta de 22 mil. Observe-se que a ditadura durou até 1983, e que até 1981 continuaram praticando-se sequestros. Essa data está aquém do ponto médio do  período agudo das capturas (1976-1980), o que faria pensar que pode ter existido uma quantidade similar no período seguinte.


Em 1983, Raul Alfonsín, membro de um velho partido de centro da Argentina (UCR), que representa sobretudo a classe média, e foi famoso ao longo da história por sua colaboração com golpes de estado e conspirações, ganhou as eleições para presidente. Alfonsín, o primeiro dirigente da UCR que não cultuava o típico estilo de caudilho urbano, pretendeu, com muito esforço, vender uma imagem de governo moderno e democrático.


Pressionado por vários governos (na Argentina foram assassinados cidadãos de 32 países, alguns realmente concernidos com os DH como Suécia) e por parentes e amigos de assassinados ou exilados (quase 10% da população), o governo se viu obrigado, a contragosto, a abrir uma investigação, onde o número de denúncias espontâneas de parentes das vítimas atingiu quase um 3º do número real de desaparecidos (Por volta de 9 mil em 1984). Isto é um número alto, se pensamos no clima de terror que assombra a sociedade desde pelo menos 1975, e a enorme quantidade de crimes políticos contra defensores de DH ou amigos das vítimas.


O processo de denúncias se tornou massivo e fugiu do marco puramente simbólico em que o governo e quase toda a classe política queria manter-lo. O assunto acabou na justiça, onde 9 comandantes (acusados de centenas de assassinatos comprovados, aplicação de tortura, sequestro, estupro, etc.) foram condenados a penas que iam desde prisão perpétua (Videla) até menos de 10 anos.


A própria dinâmica do processo conduziu às pessoas a continuar apresentando denúncias. Os poucos sobreviventes denunciaram a seus algozes, torturadores, carcereiros, etc. Em 1986, a lista de policiais e militares acusados de crimes que, se fossem punidos de acordo com a lei, teria prisão perpétua (uma pena que existe na Argentina).


Assustados pelo rumo que tomavam os acontecimentos, os políticos argentinos (salvo uma minoria de esquerda que constituía menos de 1% do parlamento) decidiram fechar o caso. Pode confundir o fato de que vários partidos de direita (como Justicialista, fundado por Perón) se opunham a anistiar os militares, mas isso era uma manobra para se opor ao governo e deixar este isolado, visando as próximas eleições. O peronismo e os partidos conservadores foram, salvo naquele momento, os que mais defenderam os militares.


Mas, o governo conseguiu passar duas leis nos meses seguintes: a Lei do Ponto Final, que fechava a recepção de novas denúncias, a partir de certa data, e a infame Lei de Obediência Devida, que justificava quase todo tipo de crime (salvo estupro e registro de crianças seqüestradas, mas não assassinato e tortura), desde que o autor pudesse justificar que cumpriu ordens. Salvo o ditador maior em cada momento, qualquer outro poderia aduzir que cumpriu ordens.


Em 2005, depois de 20 anos perdidos, a justiça argentina considerou esta lei anti-constitucional e, por estímulo do governo Kirchner, começaram a ser retomados, lentamente, os julgamentos contra os militares, muitos deles na beira do túmulo depois de ter vivido 80 ou mais infernizando a sociedade. Não saberia dizer exatamente sem consultar alguma fonte, mas acredito que, nesse período, mais de uma dúzia de culpados, alguns de alta patente, foram condenados a penas maiores de 20 anos.


Há alguns anos, um senhor que tinha sido torturado pelos militares, e que declarou num processo em 2006, desapareceu bruscamente depois de depor contra um militar, que foi condenado. O governo Kirchner fez um grande esforço para encontrar o seqüestrado, e identificar e punir os culpados, mas foi inútil. O tecido social argentino está envenenado por décadas de delação, medo de militares e policiais, e viciamento com o terrorismo de estado. A tarefa de normalizar a sociedade será difícil.



A Causa Brusa


A repressão na Argentina teve muitas peculiaridades que não são encontradas nem mesmo nos piores momentos do nazismo. Uma delas é relevante aqui: a tendência do judiciário a tornar-se cúmplice de torturas praticadas por militares e policiais. A ditadura não precisou fazer uma substituição grande dos quadros judiciais, como na Alemanha, onde junto à justiça tradicional foi sendo introduzida, aos poucos, um estilo de justiça nacional-socialista. Na Argentina, o mesmos juízes convencionais tomaram depoimento e conduziram ou legitimaram inquéritos cometidos sob tortura.


Não foram raros os juízes torturadores em sentido estrito. Como os juízes têm uma extração social mais alta que policiais ou suboficiais militares, eles não queriam (nem precisavam) “sujar as mãos” utilizando máquinas de choque, canivetes, metais esquentados, etc., ou praticando estupros, mas assistiam aos tormentos, durante os quais ameaçavam às vítimas com suplícios ainda maiores. Também praticaram todo tipo de intimidação e tortura psicológica.


Um dos piores casos foi o de juiz federal VICTOR HERMES BRUSA, procurado pelo juiz espanhol Balthazar Garzón, um dos maiores heróis da defesa dos DH em Ocidente. Brusa operava em Santa Fé, no estado do mesmo nome, a uns 600 Km. de Buenos Aires, onde tomava declarações a torturados, mutilados, mulheres estupradas, depois de ter passado pelo sadismo da polícia, incluindo mulheres policiais. Brusa era membro permanente das equipes de tortura em dois centros de extermínio clandestinos naquela cidade e, embora não se tenha dito que aplicasse tortura física com sua própria mão, submetia as vítimas a tormentos psicológicos e ameaças, até obrigar-las a assinar depoimentos cujo conteúdo não podiam ler.


Para quem conhece a insanidade e barbárie superlativa do processo militar argentino, o caso Brusa não é dos piores. Nos locais onde ele colaborou na tortura desapareceram “apenas” algumas centenas de pessoas (não se sabe ao certo, mas são mais da metade das vítimas produzidas pela ditadura brasileira). Aliás, houve 18 que foram poupados e, embora muito torturados, foram mantidos vivos. Todos eles afirmaram que o juiz Brusa monitorava as torturas, “torcia” pelos torturadores e ameaçava às vítimas.


Argentina não podia extraditar a Brusa, que era requerido pela Espanha, por causa de uma lei infame e chauvinista que proíbe extraditar os nacionais (esta lei existe em muitos países), mesmo em caso de crimes contra a Humanidade. Entendo que o governo Kirchner propôs a anulação desta lei, mas não sabemos se teve sucesso.


No final de dezembro de 2009, o teratológico magistrado foi julgado na própria cidade de Santa Fé e condenado a 21 anos de prisão, uma pena não muito maior a que se aplica na Argentina a um crime comum como latrocínio. De qualquer maneira, foi um grande triunfo que o poder judicial condenasse a um de seus membros, algo que nunca tinha acontecido no país.


http://www.desaparecidos.org/arg/tort/jueces/brusa/veredictobrusa.pdf



A Testemunha Silvia Suppo


Em 1977, Silvia Suppo, então com 17 anos foi seqüestrada por uma gangue policial. A ditadura tinha lançado, em certas cidades, a palavra de ordem de deter e torturar os estudantes de certa faixa de idade (geralmente, entre 15 e 20 anos) que podiam ser suspeitos. Quando as pessoas não respondiam a uma tortura dura, porém reversível, a polícia deduzia que esse não era o que procuravam e podiam, em alguns poucos casos, deixá-la livre depois de algumas semanas de tormento, que foi o aconteceu com Silvia. Entretanto, isto não era o mais comum.. A maioria era alvo de queima de arquivo.


Silvia foi sequestrada junto com seu irmão e um amigo, mas já antes desse fato, seu namorado tinha sido também vítima de sequestro policial/militar, e nunca reapareceu.


Silvia foi estuprada por seus captores e posteriormente submetida a um aborto. Em 2009, ela declarou este fato ao tribunal, o que foi um dos argumentos chaves para a condenação da eminência togada.



O Esfaqueamento de Silvia


Ontem, Segunda Feira 29 de março, Silvia foi atacada por pessoas não identificadas numa loja que possuía no centro da cidade da Rafaela, na Província (Estado) de Santa Fé. Eram as 10 da manhã, hora de máxima circulação na maior parte das cidades do país. Rafaela tem 84 mil habitantes, e forte movimento comercial, além de um patrulhamento policial intenso. Assaltar uma loja no centro sem que a polícia o perceba, no horário comercial, é muito difícil.


Ainda, SILVIA FOI ALVO DE 12 FACADAS QUE LHE PRODUZIRAM A MORTE.


Os atacantes roubaram também 10 mil pesos e objetos de ouro e prata, um fato que deu pretexto à polícia para considerar a hipótese e assalto com morte. É necessário ter em conta:


1.       Rafaela não é uma cidade violenta, e assaltos com morte são quase desconhecidos na região.


2.       Um assaltante usualmente usa arma de fogo curta para intimidar. Como em qualquer outro país do mundo, aquele que procura dinheiro não tem especial interesse em executar alguém. Aliás, a polícia não se preocupa em perseguir autores de assaltos pequenos; portanto, não faz sentido pensar que foi morta porque viu o rosto do assaltante.


3.       Matar por facadas é uma forma extremamente cruel, usada por grupos parapoliciais e paramilitares para que sua vítima sofra o máximo. Em geral, estes grupos preferem seqüestrar a pessoa e submetê-las a torturas que produzam uma morte lenta durante vários dias. Neste caso, isso teria sido mais difícil pela grande movimentação que existe na cidade. Ou, talvez, simplesmente, os executores decidiram entre as duas alternativas a que parecia mais fácil.


4.       Finalmente, o argumento do dinheiro roubado é ridículo. Os grupos parapoliciais que cometem crimes contra pessoas vinculadas a DH costumam a roubar qualquer coisa de valor que encontrem no local. Isso aconteceu muito durante a ditadura. Membros da polícia fizeram verdadeiras fortunas roubando os pertences de suas vítimas.


5.       Não é uma maneira de camuflar o crime. Pelo contrário, os executores preferem que a sociedade suspeite que foi um “acerto de contas” para que outras testemunhas sintam medo.


Devido ao grande movimento da hora, algumas pessoas perceberam que um homem entrou na loja e fechou a porta. Entretanto, ninguém diz ter detalhes para o retratado falado do executor.


É quase absolutamente certo que o crime foi uma vingança pelo depoimento de dezembro, e uma ameaça contra possíveis testemunhas futuras.




Chamado às ONGs Brasileiras de DH


Sendo que no Brasil, os defensores de DH sofrem ataques (embora não nas áreas urbanas, como no caso de irmã Dorothy), e tendo em conta que as vítimas da ditadura fazem enormes esforços para vencer a criminosa impunidade que se pratica no Brasil, peço a todos os ativistas e organizações que se pronunciem solidariamente sobre este caso.


Peço que cobrem uma manifestação do governo e de outros organismos públicos, e que façam chegar sua preocupação ao governo argentino. Enfatizem o fato de que solidariedade e os direitos humanos são prevalências de nossa constituição e ultrapassar as fronteiras.


Silvia tem parentes no Brasil, que chegaram, como muitos outros, na época da repressão, mas não quero dar publicamente dados sobre eles, pelo menos, se não for autorizado por eles próprios.


Uma denúncia circunstanciada será enviada ainda hoje a nossa Secretaria Geral em Londres, e outra ao juiz Balthazar Garzón, um campeão internacional de DH ao qual se devem os processos contra os grandes criminosos de estado, incluindo Pinochet.


São Paulo, 30 de março de 2010.


Carlos Alberto Lungarzo, professor e escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro clique aqui. Membro da Anistia Internacional e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"


-> O AUTOR PEDE A MAIS AMPLA DIFUSÃO DESTE TEXTO DE TODAS MANEIRAS POSSÍVEIS.

Ivanovitch, 1964

Por Urariano MotaRecife (PE) - Ivanovitch era um dos seis filhos de seu Joaquim-da-carne-de-porco. Seu Joaquim, simpatizante do velho Partidão, havia posto nos filhos nomes russos, porque na época a Rússia era a pátria da revolução. Lembro que da sua casa feia, sem janelas, com fachada de pobre ponto comercial, vinha um cheiro de torresmo. Lembro do cheiro abusivo, enjoado, repugnante que dava aquela coisa gorda e farta, só ela e mais nada.


Naqueles anos, um rapaz de futuro, naquele cheiro ativo de toucinho torrado, era um rapaz que gostava de ler, de perguntar, de argumentar. De futuro também era Ivanovitch. Dos seis filhos de seu Joaquim ele era o mais brilhante: gostava de matemática, de química, de física, de política, de filosofia, de romance, lia como um animal que tem fome de letras. E sempre a sorrir.


Por que as pessoas que levam a vida a gargalhar tendem a terminá-la com amargura ou violência? Por que os indivíduos sombrios não são os que enfiam o cano na boca e estouram os próprios miolos? Não, o trágico quer os plenos, cheios de coração. Pois assim como o câncer, que dizem se alimentar da saúde vigorosa, o golpe militar comeu o cérebro do meu amigo. E ele que era diurno, solar, tornou-se febril e noturno, naquele fim de tarde.


Cadê Ivan? – eu perguntei, quando voltei da padaria, no primeiro de abril de 64. – Cadê Ivan? – perguntei, porque eu queria conversar com ele sobre os últimos acontecimentos. Eu queria que ele me explicasse os tanques na rua, se Arraes ainda era governo, se os comunistas haviam perdido a batalha. – Cadê Ivan?


- Vem ver o teu amigo, a sua mãe me disse. Veja como ele está.


E sua mãe me conduziu até o quarto, que era uma divisória de tabique sem porta, como um quarto de estúdio de cinema. Então ela se pôs a chamá-lo, a lhe dizer que eu estava ali, como se eu tivesse o dom de fazê-lo voltar à realidade, a realidade que ela não sabia ser o pesadelo que começava. Chamava-o “Ivan”, para torná-lo ao Ivanovitch de 31 de março, ao rapaz que era a esperança daquela família de seu Joaquim-da-carne-de-porco. Ao que ele respondia:


- As cobrinhas estão subindo em mim. Mãe, me tira essas cobrinhas.


Não era mais Ivanovitch. O de antes era um jovem que passava o dia todo a estudar, todos os dias. Entre uma fórmula e outra me recebia na única mesa da casa. E passava a contar anedotas, a contar casos de meninos suburbanos, espertos, anárquicos, galhofeiros. E sorria, e ria, e gargalhava, porque ao contar ele era público e personagem, e de tanto narrar histórias de meninos moleques deixava na gente a impressão de ser um deles. E contava a rir, a soltar altíssimas gargalhadas o caso que depois foi a sua perdição:


- Na greve dos estudantes de Direito, eu fui lá para prestar solidariedade aos colegas. Eu estava só no meio da massa, assistindo à manifestação. Aí chegou o fotógrafo da revista O Cruzeiro. Quando ele apontou o flash, eu me joguei na frente dos estudantes. Olha aqui a foto.


E mostrava uma página em que ele aparecia de braços abertos, destacado, em queda, como um jogador de futebol em uma brilhante jogada, em voo sobre as palavras de ordem viva Cuba, yankees go home, reforma agrária na lei ou na marra. Sorrindo em queda livre o meu amigo, na página da revista O Cruzeiro.


Por isso ele gargalhava, por sair em edição nacional, por força do seu espírito moleque. Por isso ele me diz agora em 1º. de abril de 1964:


- Tem umas cobrinhas... Eles vêm me pegar!


Sei agora que naquele delírio ele não perdera de todo a lógica. Será que enlouquecemos assim, num diálogo entre a desrazão e a razão? Ivanovitch diminuía o tamanho das cobras para ter milhares delas subindo-lhe pelas costas. Meu amigo delirava e, para ele, para mim, como um último consolo, perdia a razão, mas não perdia a inteligência.


Muitos anos depois eu revi Ivanovitch. Ele estava mais largo, obeso, imenso, com os gestos lentos de um drogado. No rosto, sem acusar reação, havia só olhos apagados, distantes, que não me reconheceram. Ele passou ao largo de mim como um hipopótamo sem sombra, como um elefante sem orelhas, sem tromba, sem presas passaria, só a grande massa de carne. Então eu soube que para ele a barbárie havia vencido.


Parabéns, gorilas, parabéns, golpistas. A família de Ivan até hoje conta que ele enlouqueceu em 31 de março. Esquecem que foi em um 1º. de abril. Não sei se isso faria o meu amigo dar uma gargalhada ampla, grande, do tamanho do futuro e do seu coração de antes.


Urariano Mota é jornalista e escritor. Autor do livro "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do Cabo Anselmo, executada pela equipe de Fleury com o auxílio de Anselmo. Urariano é pernambucano, nascido em Água Fria e residente em Recife. É colunista do site "Direto da redação" e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

Lenda viva, Hélio Bicudo mantém um blog onde continua lutando pelas causas justas



Lenda viva, Hélio Bicudo continua lutando pelas causas justas







Por Celso LungarettiHélio Pereira Bicudo, 87 anos, é um herói brasileiro. Dos maiores.


Para os que se lembram dele apenas como o vice-prefeito paulistano na gestão de Marta Suplicy, vale a pena evocarmos o ponto mais alto de sua longa trajetória (que registra, inclusive, passagem pelo Governo Goulart, como ministro interino da Fazenda).

No pior momento da ditadura de 1964/85, Bicudo era procurador de Justiça no Estado de São Paulo e travou luta incansável, perigosíssima, contra o Esquadrão da Morte, uma organização criminosa constituída por policiais para, alegadamente, exterminar bandidos.

O chefe da quadrilha atendia pelo nome de Sérgio Paranhos Fleury.

Ocorre que esse delegado se transferiu para o Deops e virou um dos símbolos da repressão política, ao armar a canhestra cilada na qual foi executado Carlos Marighella -- e mortos também o motorista de um carro que trafegava pelo local e uma investigadora alvejada pelos colegas. A censura impediu que se divulgasse a existência dessas duas vítimas da incompetência policial.

Em função de seus bons ofícios como torturador e assassino de resistentes, os militares tudo fizeram para evitar que Fleury recebesse a justa punição pelos crimes que antes cometera, à frente do Esquadrão da Morte. Acreditavam que isso desprestigiaria a luta contra a subversão.

Apesar das pressões, intimidações e ameaças recebidas, Bicudo travou luta sem trégua para levar os carrascos do Esquadrão a julgamento. O único apoio de peso com que contava era a imprensa dos Mesquita (O Estado de S. Paulo e o Jornal da Tarde).

Quando conseguiu que Fleury fosse indiciado, a ditadura introduziu uma lei com o objetivo exclusivo de evitar que ele tivesse de aguardar preso o julgamento, como até então era norma. Ficou apropriadamente conhecida como Lei Fleury.

O destemor e a perseverança de Bicudo, entretanto, acabaram prevalecendo. Sua cruzada começou a ser vitoriosa quando ele conseguiu provar que o Esquadrão da Morte não era um bando de justiceiros, mas tão-somente a jagunçada que, a soldo de um grande traficante, eliminava seus concorrentes.

Os militares não se vexavam de acumpliciar-se com homicídios e práticas hediondas, endossando-as/acobertando-as, mas queriam distância de traficantes.

Então, tiraram a proteção e os privilégios de Fleury, que acabou sendo vítima de um estranho acidente, por muitos interpretado como queima de arquivo.

Para quem quiser conhecer a história toda, recomendo o magnífico relato do próprio Bicudo: Meu depoimento sobre o Esquadrão da Morte, que já teve nove edições no Brasil e foi lançado também na Alemanha, Espanha, França e Itália.

E a boa notícia é que Hélio Bicudo tem um pouco divulgado blogue, que recomendo com entusiasmo: Direitos Humanos.

Esta vem sendo, aliás, sua bandeira principal desde a década passada, quando presidiu a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, tendo depois criado a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, da qual é presidente.

Uma das pérolas do seu blogue é o artigo abaixo, que reproduzo e subescrevo:



UM ESTADO POLICIALESCO


Por Hélio Bicudo



Quando militei no PT, uma das questões pela qual seus parlamentares lutavam era a unificação das polícias, com a instituição de uma polícia civil com uma carreira que tivesse início no seu posto inicial, mas que permitisse – mediante os esforços daqueles que pretendiam diferenciar-se não só pela experiência como pelo aperfeiçoamento acadêmico – alcançar os postos mais altos da carreira.

Conquistado o primeiro mandato de Lula, não se sabe bem quais os compromissos assumidos, abandonou-se a idéia inicial, com o esquecimento de projetos que buscavam a unificação já apresentados à consideração do Congresso Nacional por deputados da bancada dos Partido dos Trabalhadores.

Não demorou muito tempo e o Congresso aprovou e o Presidente da República promulgou lei concedendo poder de polícia aos militares do Exército. Isso, não obstante o malogro de medida adotada no governo FHC, quando tropas do Exército passaram a policiar as favelas do Rio de Janeiro. E mais recentemente as demais forças (Marinha e Aeronáutica) passaram a ter mais esse poder. Agora, o governo quer dar à Receita Federal, não só poder de polícia, como atribuições judiciárias, permitindo às “tropas” da Receita a quebra de sigilo, penhora de bens e até mesmo invasão de domicílio.

Isto tudo aconteceu sem que ninguém dissesse uma só palavra, quando é certo que, segundo o art. 142 da Constituição Federal, as forças armadas destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes Constitucionais e, pela iniciativa de quaisquer dos poderes, da lei e da ordem.

A Polícia é responsável pelo policiamento ostensivo e pela investigação criminal.

Quais as conseqüências da instituição de um estado policial, pergunta-se? Um claro caminho para o autoritarismo.

Veja-se que, na medida em que se procurou limitar a competência da justiça militar estadual, as leis que outorgam poder de polícia às Forças Armadas entregam o processo e julgamento dos crimes cometidos pelos militares dessas forças, mesmo que tenham como sujeito passivo vítimas civis, à justiça militar, cujo corporativismo tem impedido julgamentos justos.

Longa foi a caminhada para impor o processo e o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civis ao tribunal do júri, hoje, com a reforma do Poder Judiciário (Emenda Constitucional nº 45/2004), restrito apenas ao julgamento (art. 125 § 4º da Constituição Federal), que é o mesmo que acalentar a impunidade que pretendeu reprimir.

Ora, se as polícias militares são forças auxiliares do Exército, pelo princípio da isonomia interpretado extensivamente, por que os policiais militares devem ter restrições nos seus julgamentos pela justiça militar?

É uma pergunta que não irá demorar para ser feita. Qual será a resposta? É fácil identificá-la: irá derrubar todos os esforços que objetivavam impedir a impunidade conseqüente do corporativismo dos julgamentos militares.

Algo que foi feito a duras penas, enfrentando o poderoso “lobby” da polícia militar no Congresso Nacional, começa a desmanchar-se em benefício da impunidade.



Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. É paulistano, nascido e residente na capital paulista. Mantém o blog “Náufrago da Utopia”, é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”







Armando Nogueira



[caption id="attachment_5103" align="aligncenter" width="350" caption="Homem digno e cronista irretocável Foto Ag. Estado"]Homem digno e cronista irretocável Foto Ag. Estado[/caption]


Armando Nogueira


Por Laerte Braga


O cinismo e o despudor das organizações GLOBO não têm limites. O jornal THE GLOBE, da família Marinho e editado em português, parte do maior complexo empresarial de comunicação de toda a história do Brasil, publica na edição de 30 de março, em sua primeira página, uma charge de Chico, onde aparece o jornalista Armando Nogueira sendo recebido no que seria o céu, por Roberto Marinho e Evandro Andrade, ex-diretor de jornalismo da REDE GLOBO.


Armando Nogueira chegou a ser chamado de “o Machado de Assis da crônica esportiva” e junto com Mário Filho foi autor de obras definitivas sobre futebol num país fascinado pelo esporte, mas com pouca literatura sobre o assunto.


Anos a fio escreveu uma coluna diária no JORNAL DE BRASIL, leitura obrigatória de quem gosta de futebol, mesmo os que não torciam pelo Botafogo, time da preferência de Armando.


Se a charge mostrasse Armando Nogueira sendo recebido por José Maria Scassa, Nélson Rodrigues, João Saldanha, Sandro Moreira, ou botafoguenses históricos como Paula Azeredo, Xisto Toniato, Otávio Pinto Guimarães, Canôr Simões Coelho, Arides Braga e outros, tudo bem.


Por vários anos o jornalista fez parte de uma das mais significativas dentre as várias mesas redondas sobre futebol e que, pelo nível extraordinário dos demais participantes, ultrapassava os limites do futebol, para inserir-se no todo, num dos mais completos programas da televisão brasileira.


À época, houvesse a preocupação com audiência, a doença que existe hoje com níveis de audiência, a mesa ganharia disparado de qualquer programa em qualquer tempo. Nogueira e Saldanha pelo Botafogo, Scassa pelo Flamengo, Nélson Rodrigues pelo Fluminense e, imperdoável, me esqueço agora o nome do jornalista torcedor do Vasco. Mas era da mesma estirpe, do mesmo naipe.


É impossível, por exemplo, comparar a notável capacidade de Armando Nogueira, ou qualquer outro integrante da mesa, comandada por Luís Mendes (ainda vivo e comentando futebol), com a mediocridade arrogante de Galvão Bueno hoje.


Roberto Marinho recebendo Armando Nogueira no céu?


Marinho era mafioso, chefe de uma das mais nocivas e perigosas quadrilhas de todos os tempos, dentre todas as máfias, as ORGANIZAÇÕES GLOBO. Armando Nogueira era alma pura.


Em 1982, Armando Nogueira era o diretor de jornalismo da GLOBO. Roberto Marinho se valeu de sua extraordinária capacidade jornalística para montar a estrutura que hoje é o JORNAL NACIONAL e que tempos antes contara com Sebastião Nery na mesma função. Nos primórdios da GLOBO.


Partícipe direto da fraude da PROCONSULT na tentativa de fraudar a eleição de Leonel Brizola para o governo do Estado do Rio, uma ação de militares da reserva e civis de extrema direita (transferiam os votos brancos e nulos na totalização para o candidato Moreira Franco, da antiga ARENA), Roberto Marinho, com a astúcia covarde dos canalhas, nunca foi outra coisa, quando viu desmontada a fraude, a impossibilidade de materializá-la, já havia ganho as ruas, outros jornais denunciavam e pior, um dos diretores da PROCONSULT já confessara o crime e a conversa estava gravada (a gravação foi feita por César Maia, então ligado a Brizola e num restaurante do Rio de Janeiro), Marinho serviu a cabeça de Armando Nogueira em bandeja de prata aos seus algozes, aos que desmascararam a fraude, o típico bode expiatório pego de surpresa e jogado à arena das feras.


Deixou a direção de jornalismo da GLOBO, não fazia o tipo, tinha caráter e isso é inaceitável na rede, na empresa.


Eu nunca soube como Nogueira reagiu ao golpe, à punhalada nas costas que Roberto Marinho desfechou contra ele. Era a característica de Roberto Marinho.


Prefiro ficar com as notáveis crônicas do jornalista, suas intervenções na mesa redonda e seu “Drama e Glória dos bi-campeões”, um dos mais completos livros sobre as conquistas das copas de 1958 e 1962, principalmente essa.


Sua fascinação pela seleção húngara de 1954 (a de Puskas que acabou perdendo a final para a Alemanha por três a dois depois de estar ganhando por dois a zero) era absoluta. Fascinação que carregou a vida inteira e era objeto de comentários de seus companheiros de mesa, “Armando Nogueira e seu scratch húngaro”.


Foi amigo de Newton Santos e junto com Sandro Moreira (pouca gente se lembra ou sabe que Sandro era filho de Álvaro Moreira, membro da Academia Brasileira de Letras e um dos personagens mais famosos e libertários de sua época) tentou diversas vezes ajudar Mané Garrincha – Sandro e Newton eram como que “pais” de Garrincha, mas pais que Garrincha adorava, mas não acatava. E nem por isso, como todo quase todo pai, deixaram de ser pais até o fim da vida de Mané.


Tinha paixão pelo Botafogo, mas acima de tudo pelo futebol. Duas pessoas, com estilos distintos eram capazes de transformar um jogo, uma partida comum, numa epopéia.. Ele e Nélson Rodrigues.


Um Olaria e Madureira virara uma Odisséia. Imagine um Botafogo e Fluminense.


E simples, sem aquele negócio de sou o dono da verdade que Galvão Bueno carrega hoje.


Foi uma das mais importantes personalidades do futebol brasileiro, historiador, cronista, torcedor, características de cavalheiro inglês no trato com as pessoas, enfim, alguém digno.


Mas ser recebido por Roberto Marinho no céu é o cúmulo da canalhice das ORGANIZAÇÕES GLOBO. Tentam dar a Marinho um papel que ele nunca teve. O de homem decente. Já Armando Nogueira não, era decente. Era tão decente que nunca disse uma única palavra pública sobre o assunto PROCONSULT.


Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no "Estado de Minas" e no "Diário Mercantil". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Sinal dos tempos?

Por Rui MartinsBerna (Suiça) - E como vai a mídia por esse mundo afora com a concorrência dos jornais gratuitos, e da Internet, que atualiza constantemente as notícias e substitui o papel pela telinha mesmo nos celulares mais recentes ?


Parece que vai se adaptando e embora alguns jornais percam leitores, ainda há os que aumentam o número de seus assinantes, pelo menos aqui na Suíça, oferecendo tanto a informação impressa como eletrônica.


Porém, não é essa aqui nossa preocupação, mas ainda a velha questão da coleta das informações. E é o jornal suíço Le Temps quem levantou a questão ao revelar uma estranha e constante diminuição de correspondentes internacionais em Bruxelas, sede da União Européia.


Nos últimos anos, o número de jornalistas credenciados na capital belga e européia diminuiu de um terço. De 1200 reduziram-se a 800, justamente quando a UE vai se transformando no grande país continental sonhado pelos pioneiros do Tratado de Roma. Sabendo-se que toda regulamentação européia passa por Bruxelas, qual seria a causa desse aparente desinterêsse ?


Citando o blog de um dos veteranos correspondentes, do jornal francês Liberation, o jornal suíço revela a provável causa principal – a dificuldade criada para os correspondentes chegarem ao fundo das questões debatidas pela União Européia. Alguns conseguem furar a barreira das filtragens, das declarações anódinas, porém isso exige tempo e a quase totalidade tem de se contentar com o que a UE aceita divulgar. Em outras palavras, os correspondente curiosos são mal vistos e evitados. Ou aceitam os press releases, nem sempre bem preparados, ou ficam sem nada.


Sem conseguir levantar questões importantes, impedidos de levar avante uma investigação jornalística, diante da conversa mole ou mutismo dos entrevistados, os correspondentes acabam repetindo o entregue aos jornais pelas agências de imprensa, também submetidas ao regime, e perdem seu ganha pão. Mesmo porque alguns são frilas, como se diz no jargão jornalístico para os que ganham por reportagem, e não conseguem temas interessantes para oferecer.


Assim, a UE estaria praticando uma espécie de controle da informação ou informação seletiva, sem provocar protestos em consequência da falta de apetite atual dos jornais e agências, reforçando a tendência do jornalismo sedentário, sem busca que se contenta com informações impressas e alguns telefonemas.


Parece haver outros fatores paralelos mas não principais, como os ligados à obtenção dos documentos de permanência na Bélgica, difíceis para os jornalistas frilas e custos relacionados com seguro-saúde, que a UE também não estaria muito interessada em facilitar, reforçando assim a filtragem da informação.


Mudando de Bruxelas para Genebra, onde funciona a segunda sede da ONU e numerosas organizações a ela ligadas, cabem algumas informações relacionadas também com a mídia. Nos anos 80, exceto o correspondente de O Globo, Janos Lengel, a imprensa brasileira não demonstrava nenhum interesse por Genebra. Os encontros da ONU geralmente não davam (e não dão) em nada e para ela eram mobilizados correspondentes de outras capitais quando havia conferências ou encontros internacionais de importância.


Hoje, o número de correspondentes europeus em Genebra diminuiu mas foi contrabalançado pelos vindos da Ásia, África e América Latina, permanecendo invariável a média de 200 jornalistas credenciados. Entretanto, embora acreditados pela ONU, com seu crachá eletrônico, a maioria desses recém-chegados se dedica de preferência à cobertura da Organização Mundial do Comércio, onde realmente acontecem coisas. No Palácio das Nações, não se trata de filtragem como em Bruxelas. Exceto as pesquisas econômicosociais da Unctad poucas coisas vão além das discussões, fora o caráter não coercitivo das decisões ali tomadas.


E a falta de desafios acaba por criar maus hábitos. Foi em Genebra, que a OMS lançou sua campanha contra a Gripe A, mas apesar da evidência do exagero das medidas de prevenção e das desconfianças de interesses dos laboratórios farmacêuticos na venda de remédios e vacinas contra essa gripe menos perigosa que a gripe comum, pouca coisa saiu dali em termos de denúncias por parte dos correspondentes ali credenciados.


Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"

A coligação Globo/Serra/DEM



A coligação Globo/Serra/DEM


Por Laerte BragaO governador de São Paulo José Collor Arruda Serra inaugurou na terça-feira parte das obras do RODOANEL em seu estado. Cobertura jornalística ampla, geral e irrestrita.


José Collor Arruda Serra é um dos políticos mais corruptos do Brasil e pior que FHC em muitos sentidos. A prisão de executivos da ALSTOM em Londres vai revelar no curso das investigações que foi um dos comprados para a concessão de obras públicas em seu estado, inclusive o RODOANEL. Os empresários foram presos exatamente por comprar políticos sul-americanos como Serra.


O JORNAL DAS BANDEIRANTES ao mostrar a inauguração de parte das obras (neste momento ele está inaugurando promessas inclusive) mostrou também um imenso protesto de professores da rede pública do estado, largados à deriva, como toda a educação em qualquer governo tucano (educação dá dinheiro, não permite caixa dois, propina).


O JORNAL NACIONAL, parte da programação do PARTIDO GLOBO que integra a coligação DEM/PSDB (o partido de Serra), mostrou a solenidade de inauguração e cortou as imagens da manifestação.


O PARTIDO GLOBO é mestre nisso. Mau caratismo e desonestidade na informação. Distorce, mente, inventa, tem um time de canalhas padrão William Bonner que além de não ter o menor escrúpulo, são de quem paga mais, ou de quem paga, ainda se dá ao luxo de chamar o telespectador de idiota, tratá-lo como tal e considerá-lo de fato assim.


O PARTIDO GLOBO sempre foi assim. Para início de conversa é uma organização estrangeira com aparência de nacional. Começou com capital estrangeiro, pouco antes do golpe militar de 1964 (o próprio Carlos Lacerda, líder de extrema-direita à época denunciou o fato). Dispôs de todos os recursos necessários para implantar-se, crescer e com o golpe transformou-se em veículo oficial da ditadura.


Roberto Marinho, o canalha chefe, escondia notícias de tortura, notícias de escândalos do governo militar (corrupção generalizada), como escondeu as manifestações populares que pediam diretas já. Só as liberou quando o próprio ditador Figueiredo autorizou e quando perceberam que mais de um milhão de brasileiros estava comparecendo a cada um dos comícios pelas diretas.


Inventou a figura do caçador de marajás dentro do projeto político da nova ordem econômica, o neoliberalismo, foi parte beneficiada com recursos públicos no governo de Collor, só tratou do impedimento quando jeito não tinha mais, quando o Brasil inteiro clamava por isso.


Apoiou os oito anos de corrupção e barbárie do governo FHC, sustentou-se com dinheiro público, inclusive em sua monumental divida externa (da empresa), paga em parte por FHC em troca do apoio a Serra em 2000 (havia um pedido de falência numa corte de New York contra a GLOBO).


Às vésperas das eleições de 2006, como as pesquisas indicassem a vitória de Lula no primeiro turno, a sua reeleição, deixou de noticiar um acidente aéreo, principal fato jornalístico do dia, mais de 150 mortos, a queda do avião da GOL, para divulgar um dossiê falso, mentiroso como se viu mais à frente, na tentativa de forçar o segundo turno e tentar eleger o corrupto Geraldo Alckimin (aquele que a mulher ganhou 300 vestidos para leiloar em benefício de uma instituição de caridade e preferiu ficar com eles).


Um mês antes das eleições criou uma “caravana da cidadania” conduzida pelo cafetão travestido de jornalista Pedro Bial para percorrer o País fazendo a campanha de Alckimin e em seguida às eleições, Bial teve que engolir em seco o dedo no nariz do governador do Paraná Roberto Requião que chamou a ele e a Miriam Leitão de “mentirosos”. São mentirosos muito bem remunerados.


Tem entre seus principais jornalistas um antigo agente da ditadura, Alexandre Garcia, acabou demitido por assédio sexual. Era funcionário do Banco do Brasil e foi para o Gabinete Militar eufemismo para SNI (SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES), sinônimo de dedo duro.


É um partido político, está coligado com duas das principais quadrilhas partidárias do Brasil, o PSDB e o DEM (venderam setores estratégicos da economia nacional, patrimônio público a chamada privatização) e quer vender agora a candidatura de um político que além de corrupto, sem nenhum caráter, é lato senso um boçal.


GLOBO/PSDB/DEM, a coligação que pretende passar a escritura do Brasil vendendo o patrimônio que resta e mudar a grafia do País para BRAZIL.


Trazem partidos menores consigo. A FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, RBS no sul do País, ESTADO DE SÃO PAULO, PPS (do corrupto Roberto Freire, ou o ex-honesto) e é no mínimo curioso que a BANDEIRANTES tenha mostrado a manifestação de professores, se levarmos em conta que Serra é um dos “herdeiros” da rede. Os pagamentos devem estar atrasados.


A campanha eleitoral deste ano vai ser das mais sórdidas da história.


Essas máfias, meios de comunicação da chamada grande mídia, partidos agregados vão tentar de tudo para levar ao poder uma das figuras mais repulsivas da política brasileira, José Collor Arruda Serra.


Seria necessário criar um superlativo para canalha, o único jeito de defini-lo lato senso..


A opção do eleitor brasileiro vai ser simples. Ou aceita o rótulo de idiota que William Bonner criou para o telespectador do JORNAL NACIONAL, ou rejeita e repudia todas essas quadrilhas preservando o Brasil como nação soberana. Preserva a integridade do nosso território, nossa história, nossa liberdade, sobretudo a perspectiva de termos futuro.


Serra é sórdido. Mas GLOBO em tudo e por tudo é bem mais.


É uma coligação GLOBO/PSDB/DEM. E é contra o Brasil e os brasileiros.


Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no "Estado de Minas" e no "Diário Mercantil". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".


A liberação do uso da charge é uma cortesia do cartunista Bira Dantas, também colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Assim matava a ditadura


Assim matava a ditadura




"Eremias
era mau aluno,
treinava judô.
Sorriso moleque,
morreu em pedaços,
35 balaços."
(
"Formatura", CL)



Por Celso LungarettiContatou-me um leitor que até hoje mora próximo do local onde, há 40 anos, meu amigo de infância, colega de escola e companheiro de armas Eremias Delizoicov, aos 18 anos de idade, foi executado pela repressão da ditadura militar com requintes de extrema bestialidade -- tanto o balearam que ficou irreconhecível!

Esse digno advogado Leonardo Amorim ressalva que nunca tomou partido na política brasileira, mas foi pessoalmente tocado pelos eventos presenciados, tanto que jamais os esqueceu. Graças a ele, posso oferecer-lhes mais detalhes sobre o que se passou naquele terrível 16 de outubro de 1969.

Quem leu meu livro Náufrago da Utopia (Geração Editorial, 2005) deve lembrar-se bem do Eremias. Foi, p. ex., quem praticamente provocou uma guinada de 180º na minha vida de secundarista pacato e politicamente desinteressado, ao nela introduzir Maria das Graças Lima, que era sua colega de classe no nosso Colégio Estadual MMDC, no bairro paulistano da Mooca:
"...numa noite de maio de 1967, o Eremias vem lhe apresentar uma menina.

Os dois estudam na mesma escola desde o Primário. Haviam sido colegas de classe, depois o Eremias foi ficando para trás. Agora está na 4ª série ginasial, enquanto Lungaretti cursa o 2º Científico. Mas, continuam se vendo pelos corredores, enfrentando-se no futebol.

Fez também o papel de cavalaria americana num dia em que Lungaretti estava prestes a enfrentar um colega muito mais forte. De repente, o Eremias apareceu com dois primos e evitou a briga, salvando Lungaretti da surra anunciada. Este, para manter as aparências, não poderia agradecer, mas passou a tratar Eremias com mais consideração.

Atarracado, com o rosto redondo de descendente de eslavos, Eremias parece um Rod Steiger adolescente. Chega com aquele seu sorriso de sempre, meio franco e meio zombeteiro:

— Esta é a Maria das Graças, colega da minha classe, ela quer bater um papo com você".


O papo deu início a uma amizade que eu, por timidez, não soube transformar em namoro.

A amizade me levou a seguir os passos de Maria e acompanhar os do Eremias no movimento estudantil, começando por algumas iniciativas de conscientização dos colegas no próprio MMDC, no segundo semestre de 1967.

Juntamente com o Eremias, fiz um curso apressado de marxismo na virada do ano. E juntos organizamos o movimento secundarista em toda a zona Leste paulistana ao longo de 1968.

Também entramos lado a lado na Vanguarda Popular Revolucionária. Aí as tarefas diferentes nos distanciaram: eu fui incumbido de estruturar serviços de Inteligência e ele designado para os grupos de ação.

Até que recebi a terrível notícia de sua morte, quando foi cercado por efetivos da PE da Vila Militar num sobrado da Vila Kosmos (RJ). Os militares acreditavam ter encurralado caça bem mais importante, o ex-sargento José Araújo da Nobrega - tanto que anunciaram primeiramente a morte do dito cujo, só retificando a informação um ou dois dias depois:
"Naquele aparelho viviam mesmo o Nóbrega e o Eremias. Quando a repressão fechou o cerco, o Eremias abriu fogo. O Nóbrega, que estava chegando a pé de uma missão, viu o alvoroço, desviou caminho e se pôs a salvo.

Eremias resistiu bravamente. Mas, quando atiraram gás lacrimogêneo, ele ficou sem ação por alguns instantes, tonto e sufocado. Foi quando os torturadores da PE da Vila Militar invadiram o sobrado.

O cabo Polvorelli, um monstruoso mulato de 140 quilos, lutador de judô, conseguiu enlaçar o pescoço do Eremias com uma gravata. Eremias se recuperou o suficiente para atirar no braço do cabo. Os outros militares, então, dispararam à vontade.

O cadáver ficou tão desfigurado com os 35 balaços recebidos que, num primeiro momento, a repressão acreditou tratar-se mesmo do Nóbrega".


O receio de que o estado lastimável dos restos mortais ficasse registrado numa autópsia deve ter sido o motivo da negativa dos militares em entregá-los ao pai do Eremias, o inconsolável sr. Jorge, chegando a ameaçá-lo de prisão, caso insistisse em reaver o corpo do filho!


"NUM DOS QUARTOS, PEDAÇOS DE
CRÂNIO FICARAM GRUDADOS NA PAREDE"





Para minha surpresa, esse advogado conheceu meu blogue e, não encontrando outro meio para entrar em contato comigo, postou como comentário o seguinte relato do tiroteio:
"...em julho de 1969, com seis anos de idade, vim morar no bairro de Vila Kosmos (com 'K’ - a Kosmos Engenharia construiu o bairro numa antiga fazenda de Guilherme Guinle), e a rua onde ‘tombou’ Eremias Delizoicov chama-se Toropi e não Toroqui ou Tocopi, como dizem desinformados ‘historiadores’.

Aliás, no número 59 reside a minha amiga, Mariza, que em 1969 era muito jovem e o seu pai alugou a casa para os chamados ‘terroristas’ sem saber de quem se tratava, o grupo: ela e seu pai foram incomodados pelo serviço reservado das Forças Armadas, achando que tinham participação!

Lembro-me como se fosse hoje, o barulho dos tiros; os muros eram baixos e a casa 59 da rua Toropi era fronteiriça à minha, na rua Alecrim, aonde resido há 40 anos. A rua Toropi ficou cercada de viaturas do Exército, de ponta a ponta. Um grupo invadiu a casa pela rua de trás (Assurema), pulando o muro, enquanto outros seguiram pela frente.

Dias antes (ou horas antes? - não lembro!) a ‘nossa’ lavadeira (apelidada de Lola - que reside no morro do Juramento, desde aquela época), e que ainda está viva, viu um homem sem as unhas (sangrando nas mãos!) apontando para a casa, indicando o local, de dentro de um carro, agarrado por vários homens que o ameaçavam. Teria sido Carlos Minc?

É verdade que Lamarca esteve aqui, dias antes? Dizem, que sim! Mariza conta que num dos quartos, pedaços de crânio ficaram grudados na parede, provavelmente de quem morreu baleado no local (Eremias).

Lembro-me como se fosse hoje, também, o meu falecido pai mostrando à minha mãe o jornal Correio da Manhã com a foto de um dos quartos da casa, talvez aquele onde mataram Eremias, com várias placas de carro penduradas. Se não me engano, o cofre do governador Ademar de Barros foi recuperado no local”.


Finalmente, o bom Leonardo Amorim indica um logradouro que deveria receber o nome de Eremias Delizoicov, jovem mártir deste país tão pouco reconhecido aos que defendem as causas justas:
“Sim: eu me lembro do que vi e do que ouvi! Minha sugestão: no entrocamento entre a rua Toropi, Abagerú e Imbiaçá existe um largo, que pode vir a ser chamado Eremias Delizoicov. Quero ser convidado ao evento para homenagear aquele de quem por 40 anos ficava imaginando o nome”.


Obs.: artigo de 09/08/2009, que resolvi divulgar novamente neste dia de efeméride negativa, por dar uma boa idéia de como eram abatidos os mártires brasileiros no auge do terrorismo de estado que assolou este país.






Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. É paulistano, nascido e residente na capital paulista. Mantém o blog “Náufrago da Utopia”, é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Pesquisas, para que servem?

Por Laerte BragaIBOPE e DATA FOLHA cumprem um papel dentro do processo eleitoral. O de distorcer e criar realidades inexistentes, que pareçam reais, na tentativa de fazer com que os interesses que representam sejam alcançados.


Pesquisas são importantes, ninguém tem dúvidas disso, falo de pesquisas eleitorais. Mas têm servido a propósitos bem diversos daqueles que em tese se propõem. Medir a intenção de votos do eleitorado.


Não faz tempo um hacker foi preso nos Estados Unidos depois de muitos anos de busca e rastreamento. Não tirava milhões de contas bancárias. Tirava centavos, no máximo dez ou vinte dólares de milhões de contas. A soma do produto era o mesmo. O jeito de fazer não.


Partidos políticos representam, como a própria expressão partido indica, a representação organizada de parte da sociedade dentro do processo democrático, ou supostamente democrático.


Têm programas. Um conjunto de idéias nas quais aparentemente se estruturam e idéias que pretendem transformar em realidade quando alcançam o poder, qualquer que seja o seu nível, municipal, estadual ou federal.


O PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira – surgiu de uma dissidência no PMDB e o argumento de seus fundadores, Mário Covas à frente, era o de que o PMDB havia perdido sua essência, seu sentido, transformara-se num partido movido a clientelismo e fisiologia política. Um amontoado de interesses de caciques desse ou daquele estado.


O PSDB, na verdade, era muito mais uma dissidência paulista que chegou a Minas Gerais no momento em que Orestes Quércia e Newton Cardoso foram eleitos, 1986, respectivamente governadores dos dois estados mais importantes da Federação.


Começou a amadurecer em 1985, quando FHC perdeu as eleições para a prefeitura de São Paulo para o tresloucado Jânio Quadros.


Os principais líderes do partido estavam à esquerda do PMDB, resgatavam (era o que diziam) posições históricas do antigo MDB (o partido de combate a ditadura) e em 1989, logo após a definição dos dois nomes que iriam para a disputa presidencial – Collor e Lula -, seu principal líder Mário Covas arrastou o partido a apoiar Lula. Para isso enfrentou a oposição de FHC e Serra que defendiam o apoio a Collor..


De lá para cá o PSDB, ou tucanos como são conhecidos, foi se transformando, se descaracterizando e virou aliado da extrema-direita no Brasil, a antiga ARENA, que virou PFL e agora é DEMocrata – partido de Arruda, aquele do “vote num careca e eleja dois -.


Em São Paulo o antigo desafeto de FHC e José Collor Arruda Serra, Orestes Quércia é hoje o principal aliado do governador tucano. Quércia continua no PMDB e deve ser eleito senador com o apoio de Serra.


Quando se viu em palpo de aranhas, enrolado com a corrupção em seu governo, Collor de Mello tentou de todas as formas um acordo com o PSDB, através de FHC e não fosse a atitude de Mário Covas, um simples não, FHC iria tentar salvar o insalvável governo. Não há diferenças entre Collor e FHC, nem de Serra. Representam os mesmos interesses, são funcionários de potência estrangeira.


FHC não conseguiu salvar Collor, enrolou Itamar e virou presidente em 1994. Deu um golpe branco em 1998 comprando uma reeleição e vendeu o País. Lula assumiu um Brasil quebrado, em vias de ir para o espaço.


Querem voltar e vender o resto. Arruda Serra é o nome indicado.


Uma das características do PSDB – não é mais um partido, mas um departamento da Fundação Ford – é a de escorar-se num programa, sinalizar à esquerda e virar à direita. Não se trata de um programa de governo o que é oferecido aos brasileiros, mas um engodo que para eles é um grande negócio.


A polícia britânica, Scotland Yard prendeu na semana passada diretores da empresa ALSTOM. A acusação é simples. Suborno de políticos latino-americanos para conseguir obras. Uma delas? O metrô de São Paulo. Subornou Geraldo Alkimin e suborna José Collor Arruda Serra.


Outra característica do PSDB é ter a chamada grande mídia como aliado. A mídia brasileira, a eletrônica principalmente, desde o governo FHC conta com participação do capital estrangeiro às claras (antes contava às escuras, tinha que disfarçar). Redes de Tevê como GLOBO e BANDEIRANTES, todo o sistema de rádios dessas empresas, jornais, outros grupos como o que edita VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, são como que jornais marrons, ou seja venais, a serviço desses interesses, desse capital estrangeiro.


O Brasil é um país chave para os projetos das grandes empresas. E se o Brasil é estratégico para essa gente os brasileiros não. Que se danem.


A pesquisa do Instituto Data Folha, no dia seguinte ao término do show Nardoni e pouco antes da final do bordel BBB, foi estratégica. Num momento em que a candidatura José Collor Arruda Serra afunda, tentam resgatar do fundo do poço o governador de São Paulo. À boca pequena os seus principais aliados já admitem a derrota diante não só das indecisões de Serra, como por conta do seu mau caratismo (passou a perna em vários companheiros, inclusive Aécio, que está liberando prefeitos para apoiar Dilma e vai repetir o que fez em 2006 – de público é Serra, para valer quer que Serra se estrepe).


Roger-Gérard Schwartzenberg, cientista político e autor de “O ESTADO ESPETÁCULO” (DIFEL, São Paulo, 1978), ao tratar de pesquisas de opinião pública diz o seguinte entre outras coisas.


“Desejando fazer como todo mundo o eleitor abandona sua escolha inicial. Volta-se para o candidato sustentado pela maioria”. E cita o exemplo da eleição do presidente francês Giscard D’Estaing, derrotando Jacques Chaban Delmas.


E conclui – “a sondagem passaria então a constituir um instrumento de manipulação e pressão. Criando um sentimento de unanimidade ou, pelo menos, de preponderância a favor de um candidato. Normalizando os comportamentos eleitorais para ajustá-los ao modelo dominante”.


A pesquisa do DATA FOLHA, quando a realidade mostra o contrário, é exatamente essa tentativa de normalizar o comportamento eleitoral.


O que é o eleitor? Ninguém, ou seja, se alguém o é, é para ser a manipulado, ludibriado, enganado.


“Vendam seus candidatos como o mundo dos negócios vende seus produtos”. Declaração de Leonard Hall, presidente do Partido Republicano, na campanha eleitoral de 1956, quando a chapa Eisenhower e Nixon derrotou a democrata. O candidato rival a presidente era Adlai Stevenson.


“Agora o candidato-produto deve conquistar um eleitorado-mercado e provocar votos-compra”. É o que diz o presidente do Young and Rublicam France e mais – “o produto passa a ser o candidato. Sua embalagem é seu aspecto físico, sua maneira de falar, de sorrir, de se mexer. Sua definição , seu posicionamento, é seu programa”.


Serra é isso. Um produto vendido aos brasileiros pela grande mídia, venal e corrupta em função de interesses de grandes grupos econômicos estrangeiros, dos EUA e em cumplicidade com as fétidas elites brasileiras. O esquema FIESP/DASLU.


Dois exemplos de como se compra ou um jornalista, ou a mídia.


O jornalista Gilberto Dimenstein escreve no JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, tem uma escrita de bom moço, preocupado com a educação, voltado para o interesse público, etc, etc. Aí montou uma arapuca, ONG, fechou um contrato com o governo de São Paulo e recebeu desde 2006, quando da eleição de Arruda Serra, a “modesta quantia de três milhões setecentos e vinte e cinco mil duzentos e vinte e dois reais e setenta e quatro centavos. A arapuca se chama ASSOCIAÇÃO CIDADE ESCOLA APRENDIZ.


O fato pode ser constatado no próprio DIÁRIO OFICIAL do governo paulista e foi levantado pelo blog NAMARIA NEWS. O jornalista que tinha um acentuado espírito crítico, foi linha de frente no combate à corrupção no governo Collor, mudou de lado, passou a receber para falar bem.


O governo de São Paulo fechou contrato com a Editora Abril, que entre outras publicações edita a mentirosa e venal VEJA. Milionário, o contrato, revistas são distribuídas às escolas, não houve concorrência e a “ideologia tucana”, o “lucro acima de tudo nem que seja necessário vender a mãe”, imposta às escolas. Professores apanham da Polícia e recebem salário de fome.


Quanto a GLOBO não é necessário falar. Nasceu corrupta, corrupta permanece, é o principal instrumento de transformação do brasileiro em bocó, pronto a aceitar qualquer arreio, qualquer sela, desde que seja do interesse de quem paga, ou dos que pagam.


E são as elites que pagam.


Paulo Henrique Amorim, em seu blog, jornalista independente, mostra que a senadora Kátia Abreu, corrupta e sem nenhum princípio ético, recebeu vinte e cinco vezes mais o que o MST recebe para financiar seus pequenos assentamentos e sustentar a agricultura familiar (sem os transgênicos de Kátia Abreu, que acrescentam a propina ao que a senadora recebe para “financiar” projetos que acabam sendo campanhas eleitorais).


Está correndo o Brasil colhendo “recursos” para a campanha de José Collor Arruda Serra junto às quadrilhas DEM e tucana e latifundiários. E vendendo a idéia que tem algum respeito pelo Brasil e pelos brasileiros.


A pesquisa do DATA FOLHA cumpriu esse papel. De tentar “normalizar”, vale dizer enquadrar, o eleitor. Só não mostrou que na espontânea, ou seja, naquela que o eleitor responde sem ver nomes, Dilma está à frente.


São bandidos travestidos de políticos e a Polícia Federal tem já em mãos dados da corrupção ARRUDA SERRA/VEJA.


É como concluiu o presidente do Partido Republicano em 1956, Leonard Hall. “o candidato agora é sabão, tratem de vender sabão aos eleitores”.


Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no "Estado de Minas" e no "Diário Mercantil". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

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