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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Honduras: Anistia Internacional pede castigo para crimes do governo golpista

Anistia Internacional exorta Lobo a punir bestas-feras de Micheletti


Por Celso Lungaretti


Graves violações de direitos humanos foram cometidas pelo governo golpista de Roberto Micheletti, com os agentes de segurança hondurenhos fazendo "uso excessivo da força" ao reprimirem protestos contra a deposição do presidente constitucional Manuel Zelaya.


A conclusão é da Anistia Internacional, a mais respeitada ONG dedicada à defesa dos direitos humanos em todo o planeta, cujos representantes, depois de ouvirem "dezenas de testemunhas", saíram de Honduras convencidos de que ocorreram execuções ilegais, torturas, estupros e prisões arbitrárias no período subsequente ao 28 de junho em que Zelaya foi arbitrariamente expulso do país:


“Centenas de pessoas que se opunham ao golpe de Estado foram agredidas e detidas pelas forças de segurança durante os protestos nos meses seguintes. Mais de dez teriam sido mortas durante os conflitos, de acordo com relatos”.


No relatório que acaba de divulgar, a AI garante, ainda, que ativistas de direitos humanos, líderes oposicionistas e juízes sofreram ameaças e intimidações; e que meninas e mulheres foram abusadas sexualmente.


Kerrie Howard, vice-diretora da AI para as Américas, exige providências do presidente eleito de Honduras, Porfírio Lobo, que tomará posse nesta 4ª feira (27):


"O presidente Lobo deve garantir um novo começo para os Direitos Humanos em Honduras ao garantir que os abusos cometidos desde o golpe de Estado não sejam esquecidos nem fiquem impunes".
Lobo, entretanto, já anunciou que pretende fazer aprovar uma anistia ampla, beneficiando tanto Zelaya e seus partidários quanto os golpistas de Micheletti.


Algo assim como a Lei de Anistia brasileira, que igualou as atrocidades cometidas pela repressão política aos atos praticados por civis que resistiam ao despotismo.


Há, claro, diferenças entre ambos os golpes:


- os militares brasileiros viraram a mesa sem terem o aval de nenhum Poder, enquanto em Honduras o Legislativo e o Judiciário respaldaram o afastamento de Zelaya;
- mas, Manuel Zelaya foi privado do seu direito constitucional de defender o mandato que conquistou nas urnas, pois o expulsaram ilegalmente de Honduras, ao invés de julgarem-no pela tentativa promover um plebiscito talvez ilegal;
- então, o governo de Micheletti acabou sendo tão ilegítimo quanto o dos generais ditadores do Brasil, e os atos de que a AI o acusa devem ser chamados pelo que foram, terrorismo de estado para preservar uma tirania;
- e, como o afastamento de Zelaya não cumpriu os rituais democráticos, ele e seus partidários não são, até agora, culpados de delito nenhum, apenas acusados;
então, não tem o mínimo cabimento colocar no mesmo plano tais acusações e os assassinatos, torturas, estupros e intimidações perpetrados pelo governo ilegal de Micheletti.


Aqui também cabe um paralelo, com a tese ridícula e juridicamente indefensável que Ives Gandra Martins e outros defensores da ditadura brasileira difundem, de que supostas intenções totalitárias das forças de esquerda justificariam a derrubada de um presidente legítimo e a imposição do totalitarismo no Brasil por parte dos golpistas de 1964.


Concluindo: está certíssima a AI quando exorta Lobo a levar aos tribunais as bestas-feras de Honduras.


E Zelaya jamais deve aceitar uma anistia que o coloque no mesmo plano dessas bestas-feras.


Se for este o preço para viver livremente e retomar a carreira política em seu país, a única opção digna para ele é mesmo o exílio.


Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

"Virei sem-terra e passei pra faculdade"

[caption id="attachment_3261" align="aligncenter" width="468" caption="MULTIDÃO Reunião em 2009 juntou cerca de 40 mil pessoas em São Paulo. A presença no evento ajuda a garantir descontos na faculdade Foto Rogério Cassimiro"][/caption]

Como eu e 70 mil jovens conseguimos vaga e desconto na universidade aderindo a uma entidade ligada a um deputado do PSDB e a uma ala da Igreja


Por Mariana Sanches, na revista Época, de 22/01/2010


Quando entrei em um galpão do bairro da Lapa, em São Paulo, às 10 horas da manhã de uma quarta-feira, nada na fachada azul do prédio permitiria antever a mudança de status social que sofreria em poucos minutos. Eu, jornalista, nascida em São Paulo, sem aspiração de vida no campo ou engajamento na reforma agrária, precisei de apenas uma foto 3x4 e R$ 1para me transformar em sem-terra de carteirinha. Encontrei quase 50 jovens na sede da Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo (ATST). Um deles desembarcara de um automóvel Audi. Todos queriam tirar a carteirinha da associação, passaporte para ingressar em cursos de graduação oferecidos por faculdades privadas paulistas com descontos de até 65%.


Sem alarde, a associação instalou nos bancos universitários 70 mil jovens, o equivalente a 12% do total de beneficiados pelo ProUni, o programa do governo federal de distribuição de bolsas em faculdades. A quantidade de universitários sem-terra seria o bastante para ocupar todas as vagas da Universidade de São Paulo (USP), a maior instituição de ensino público do Brasil. Apesar de usar em seu nome a expressão “sem-terra”, a ATST surgiu há 23 anos como um movimento de moradia urbano. Logo após a fundação, dissociou-se do PT, que influencia a maioria das entidades do gênero. Por trás de sua engrenagem estão instituições de ensino, uma ala conservadora da Igreja Católica e o deputado estadual Marcos Zerbini (PSDB-SP), que criou e dirige a associação. No meio político, o grupo ganhou a alcunha de “MST tucano”.


Meu percurso até a realização do recorrente sonho de entrar na faculdade levou alguns meses. Transformada em sem-terra, precisei frequentar oito reuniões semanais com dirigentes da associação para conhecer as regras da entidade. A associação impõe disciplina espartana: não se admitem faltas ou atrasos, não é permitido usar o celular, levar acompanhantes ou ir ao banheiro, que fica trancado durante as reuniões. As sessões são iniciadas com orações. Primeiro um pai-nosso, depois uma ave-maria. Em seguida, instruções mais mundanas. Fui informada de que só conseguiria o desconto na faculdade se marcasse presença em nove dos 12 encontros mensais da associação. Além disso teria de pagar a taxa de associado, R$ 84, em três parcelas de R$ 28. Somente depois de pagar a primeira parcela pude prestar o vestibular que me daria acesso a um curso de graduação com desconto. No campus da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), respondi a 20 questões de múltipla escolha e escrevi uma redação. Fui aprovada e me matriculei no curso de Direito. Como “sem-terra”, paguei uma mensalidade de R$ 281,22, valor 65% menor do que um estudante sem vínculo com o “MST tucano” paga pelo mesmo curso.


O convênio entre as faculdades e a ATST existe há seis anos. Pelo menos 20 instituições de ensino de São Paulo fazem ou já fizeram parceria com os “sem-terra”. Elas dizem que oferecem seus cursos a valores acima do preço de custo, mas com margem de lucro reduzida. “O que Marcos Zerbini faz é corretagem de aluno”, diz um reitor participante do convênio. “O volume de estudantes da associação é tão grande que as faculdades aceitam negociar condições especiais.” Funcionários das faculdades afirmam que descontos dessa magnitude são inatingíveis para quem não se matricula como sem-terra. “É um bom negócio para as universidades porque elas têm vagas ociosas e nossos alunos ajudam a ocupá-las”, diz Zerbini. De acordo com o Censo de Educação Superior de 2008, há no Brasil 1,4 milhão de carteiras universitárias não preenchidas. Além de aumentar sua clientela (“80% dos nossos alunos vêm da associação”, disse um dos funcionários da UMC enquanto eu fazia a matrícula), muitas faculdades têm pleiteado isenções fiscais com a justificativa de que prestam serviço social ao oferecer bolsas de estudos para sem-terra. O movimento dos sem-faculdade é a maior fonte de dinheiro da associação, registrada na Receita Federal como uma instituição sem fins lucrativos. Se cada um dos 70 mil universitários pagasse suas taxas de associado, a associação arrecadaria R$ 6 milhões por ano. Segundo Zerbini, a inadimplência faz a arrecadação cair para R$ 3 milhões anuais.


Desde 1986, a associação já ajudou 17.500 famílias a comprar terrenos para construir casa. São cerca de 100 mil pessoas instaladas em 26 áreas na região metropolitana de São Paulo.


Em vez de invadir áreas, o movimento compra grandes terrenos, divide em lotes de 80 metros quadrados e os revende aos associados. Cada comprador deve construir a casa em que vai morar com recursos próprios. Não há padrão predefinido para as obras. Esse modelo é questionado pelo Ministério Público de São Paulo. Mais de 15 anos depois de construir suas casas, a maior parte dos assentados nunca conseguiu regularizar a situação do imóvel. “Eu e meus vizinhos não temos escritura. Fomos nós que colocamos asfalto aqui, os postes de energia, a placa da rua”, diz Valdemir Teixeira Lima, morador de uma das áreas criadas pela associação, no Jaraguá, em São Paulo. Os associados dizem que tão logo as áreas eram compradas, o povo se instalava, sem esperar pelas autorizações legais. “Não se fazia nem um trabalho de terraplenagem. Em alguns lugares, houve desmoronamentos. E não se podia cobrar nada da prefeitura porque as ocupações eram irregulares”, diz um arquiteto que trabalhou para a associação. A ATST foi processada pelo MP por ter criado loteamentos clandestinos. Acabou fazendo acordos para regularizar a situação. Em 2004, o MP investigou também a denúncia de que a associação assentava a população na reserva ambiental do Parque Estadual do Jaraguá. Embora registre que árvores foram indevidamente cortadas e que a área não poderia ser transformada em bairro, o processo foi arquivado.


A parceria da associação com as faculdades surgiu em um momento em que a fiscalização sobre a ocupação de terras na periferia de São Paulo se intensificou e novas áreas vazias se tornaram mais raras. O deputado Marcos Zerbini diz ter sido procurado em 2004 por um grupo de jovens interessado em cursar o ensino superior. “Como não havia jeito de criarmos nossa própria universidade, fui negociar descontos com as faculdades”, diz. De acordo com ele, como a empreitada foi bem-sucedida, no semestre seguinte uma enxurrada de vestibulandos invadiu a sede da associação. Zerbini diz ter sido impelido a criar uma estrutura robusta para dar conta da demanda. “Desde que conheci o Zerbini, há quase 20 anos, procuro pela cidade um outro organizador social como ele e nunca encontrei”, afirma Alberto Goldman, vice-governador de São Paulo. “Na década de 1990 ele conseguia fazer mais habitação do que qualquer órgão do Estado. Agora parece ir no mesmo rumo com as faculdades.”


Clique aqui para ler o restante da matéria.

O que não estamos a ouvir acerca do Haiti: PETRÓLEO


Por Marguerite Laurent, publicado originalmente em inglês* em Outubro de 2009. Confira o texto orignal: pakalert.wordpress.com (neste endereço está disponível um vídeo, em inglês, sobre o assunto)


"Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no Haiti décadas atrás e que devido a circunstâncias geopolíticas e a interesses do big business foi tomada a decisão de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio Oriente escasseasse. Isto é pormenorizado pelo dr. Georges Michel num artigo datado de 27/Março/2004 em que esboça a história das explorações e das reservas de petróleo no Haiti, bem como na investigação do dr. Ginette e Daniel Mathurin.


Também há boa evidência de que estas mesmas grandes companhias de petróleo estado-unidenses e seus monopólios inter-relacionados de engenharia e empreiteiros da defesa fez planos, décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser armazenado e posteriormente transferido para pequenos petroleiros a fim de atender portos dos EUA e do Caribe. Isto é pormenorizado num documento acerca da Dunn Plantation em Fort Liberté , no Haiti.


A HLLN de Ezili [1] sublinha este documentos sobre recursos petrolíferos do Haiti e os trabalhos do dr. Ginette e Daniel Mathurin a fim de proporcionar uma visão não encontrável nos media "de referência" nem tão pouco se encontra em qualquer outro lugar as razões económicas e estratégicas porque os EUA construíram a sua quinta maior embaixada do mundo — a quinta, após a embaixada dos EUA na China, no Iraque, no Irão e na Alemanha — no minúsculo Haiti, após a mudança do regime haitiano pelo governo Bush.


Os factos esboçados na Dunn Plantation e nos documentos de Georges Michel, considerados em conjunto, desvelam razoavelmente parte das razões ocultas porque os Enviado Especial da ONU ao Haiti, Bill Clinton , está à ocupação da ONU o aspecto de que as suas tropas permanecerão no Haiti por longo período.


A HLLN de Ezili tem afirmado reiteradamente, desde o princípio da mudança de regime do Haiti em 2004 pelo regime Bush, que a invasão do país pelos EUA em 2004 utilizou tropas da ONU como suas procuradoras militares para esvaziar a acusação de imperialismo e racismo. Também temos afirmado reiteradamente que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA não se refere à protecção dos direitos haitianos, a sua segurança, estabilidade e desenvolvimento interno a longo prazo mas sim acerca do retorno dos Washington Chimeres [gangters] – os tradicionais oligarcas haitianos – ao poder, o estabelecimento de comércio livre injusto, o plano mortal dos Chicago boys, políticas neoliberais, manutenção do salário mínimo a níveis de trabalho escravo , pilhagem dos recursos naturais e riquezas do Haiti , para não mencionar o benefício da localização pois o Haiti está entre Cuba e a Venezuela. Dois países em que, sem êxito, os EUA têm orquestrado mudanças de regime mas continuam a tentar. Na Dunn Plantation e nos documentos Georges Michel, descobrimos e novos pormenores como a razão porque os EUA estão no Haiti com esta tentativa de Bill Clinton para que as ocupações da ONU continuem.


Recursos minerais do Haiti.




Não importam os disfarces ou a desinformação dos media**, trata-se também das reservas de petróleo do Haiti e de assegurar portos de águas profundas no Haiti como local de transbordo (transshipment) para petróleo ou para armazenagem de petróleo bruto sem a interferência de um governo democrático obrigado para com o bem-estar da sua população. (Ver Reynold's deep water port in Miragoane / NIPDEVCO property .)



No Haiti, entre 1994 e 2004, quando o povo tinha voz no governo, havia um intenso movimento das bases para conceber como explorar os recursos do país. Havia um plano, explicitado no livro "Investir no povo: Livro Branco de Lavalas sob a direcção de Jean-Bertrand Aristide" (Investir dans l'humain), onde a maioria dos haitianos "foi não só informada onde estavam os recursos, mas que não tinham as qualificações e tecnologia para realmente extrair o ouro, extrair o petróleo".



O plano Aristide/Lavalas, como articulei na entrevista Riquezas do Haiti , era "empenhar-se em alguma espécie de parceria privada/pública. Nesta, seria considerado tanto o interesse do povo haitiano como naturalmente o dos privados que receberiam os seus lucros. Mas penso que isto foi naquele momento em que tínhamos St. Gevevieve a dizer que não gostavam do governo haitiano. Obviamente, eles não gostavam deste plano. Eles não gostam que o povo haitiano saiba onde estão os recursos. Mas este livro – pela primeira vez na história do Haiti – foi escrito em crioulo e em francês. E houve uma discussão nacional em todas as rádios do Haiti acerca de todos estes vários recursos do Haiti, onde estavam localizados e como o governo haitiano tencionava tentar construir desenvolvimento sustentável através daqueles recursos. Era o que acontecia antes de em 2004 Bush mudar o regime do Haiti através de golpe de estado. Agora, após o golpe de estado, embora o povo saiba onde estão estes recursos porque o livro existe, ele não sabe quem são estas companhias estrangeiras. Nem quais são as suas margens de lucros. Nem quais as regras de protecção ambiental e regulamentações irão protegê-los. Muitos, no Norte por exemplo, falam acerca da perda das suas propriedades, tendo vindo pessoas com armas e tomado a sua propriedade. É assim que estamos" ( Riquezas do Haiti: entrevista com Ezili Dantò sobre mineração no Haiti ).


Os media "de referência", possuídos pelas companhias multinacionais que espoliam o Haiti, certamente não exibem para consumo público o facto de que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA é para assegurar o petróleo do país, posição estratégica, trabalho barato , portos de águas profundas, recursos minerais (irídio, ouro, cobre, urânio, diamantes, reservas de gás), terras, zonas costeiras, recursos offshore para privatização ou a utilização exclusiva de oligarcas ricos do mundo e de grandes monopólios petrolíferos dos EUA. (Ver mapa mostrando algumas das riquezas mineiras e minerais, inclusive cinco sítios de petróleo no Haiti; Oil in Haiti pelo dr. Georges Michel ; Excerto do documento Dunn Plantation ; o Haiti está cheio de petróleo , afirma Ginette e Daniel Mathurin. Há uma conspiração multinacional para tomar ilegalmente os recursos minerais do povo haitiano : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais, Is UN proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti ).


De facto, a actual autoridade-haitiana-sob-a-ocupação-EUA/ONU que encarregada de conceder licenças de exploração e mineração no Haiti não explica, de qualquer maneira relevante ou sistemática, à maioria haitiana acerca das companhias a comprarem, após 2004, portos de águas profundas no Haiti, que lucros partilham com o povo do Haiti, não explicam os efeitos ambientais das escavações maciças nas montanhas do Haiti e sobre as águas neste momento. Ao invés disso, o director de Mineração do Haiti alegremente sustenta que "novas investigações serão necessárias para confirmar a existência de petróleo no Haiti" .


Num trecho retirado do artigo postado em 09/Outubro/200 por Bob Perdue, intitulado "Lonnie Dunn, third owner of the Dauphin plantation" , ficamos a saber que: "Em 8 de Novembro de 1973, Martha C. Carbone, da Embaixada Americana em Port-au-Prince, enviou uma carta ao Office of Fuels and Energy, Departamento de Estado, na qual declarava que o Governo do Haiti "... tem diante de si propostas de oito grupos diferentes para estabelecer um porto de transbordo para petróleo em um ou mais portos de águas profundas haitianos. Alguns dos projectos incluem a construção de uma refinaria..." Ela a seguir comentava que a Embaixada conhecia três firmas: Ingram Corporation de Nova Orleans, Southern California Gas Company e Williams Chemical Corporation da Florida.. (Segundo John Moseley, a companhia de Nova Orleans provavelmente chama-se "Ingraham", não Ingram.)


No número de 6 de Novembro de 1972 da revista Oil and Gas Journal, Leo B. Aalund comentava no seu artigo "Vast Flight of Refining Capacity from U.S. Looms",.: "Finalmente, o Haiti de 'Baby Doc' Duvalier está a participar com um grupo que quer construir um terminal de transbordo junto a Fort Liberté, no Haiti". Uma das propostas mencionadas por Carbone estava sem dúvida submetida aos interesses Dunn.


Além disso, ficamos a saber por este artigo que "a Lonnie Dunn que possuía a plantação Dauphin "planeou rectificar e ampliar a entrada da baía [Fort Liberté] de modo a que super-petroleiros pudessem nela entrar e a carga ser distribuída para petroleiros mais pequenos para transferência a portos dos EUA e Caribe que não pudessem acomodar navios grandes..." ( Foto de Fort Liberté, Haiti).


Inserimos no sítio web HLLN as outras partes relevantes deste documento que se referem ao interesse que corporações dos EUA têm tido, durante décadas, em Fort Liberté como porto de águas profundas ideal para multinacionais instalarem uma refinaria de petróleo.


Nas décadas de 50 e 60 havia pouca necessidade dos portos ou do petróleo do Haiti pois do Médio Oriente jorravam dólares em abundância. Para os monopólios que ali actuavam não havia necessidade de enfraquecerem-se a si próprios colocando mais petróleo no mercado e cortarem os seus lucros. Escassez manipulada, teu nome é lucro! Ou, o que equivale dizer, capitalismo.


Mas o embargo petrolífero da década de 70, o advento da OPEP, a ascensão do factor venezuelano, a Crise do Golfo seguida pela guerra pelo petróleo do Iraque, tudo isso tornou o Haiti uma aposta melhor para o fato de três peças e os mercenários militares chamados "governos ocidentais", sim, um meio mais fácil de colocar a pilhagem e o saqueio sob a cobertura pública do "levar a democracia" ou da "ajuda humanitária".


Por acaso, após a mudança de regime de 2004 promovida por Bush filho, a seguir ao golpe militar de 1991 de Bush pai, descobrimos torrentes de "discussões" no Congresso acerca de perfurações off-shore em preparação, com a "revelação" final, tal como escrito há anos no documento Dunn, de que "é necessário para os super-petroleiros que precisam portos de águas profundas os quais não estão prontamente disponíveis ao longo da Costa Leste dos EUA – assim como por considerações ambientais e outras que não permitem a construção de refinarias internas na escala em que serão necessárias".


Enfatizamos que o Haiti é um local de despejo ideal para os EUA/Canadá/França e agora o Brasil , pois questões ambientais, de direitos humanos, de saúde e outras nos EU e nestes outros países provavelmente não permitiriam a construção de capacidade de refinação interna na escala em que as novas explorações de petróleo neste hemisfério exigirão. Assim, por que não escolher o país mais militarmente indefeso do Hemisfério Ocidental e salpicá-lo com iniciativas de desestabilização por trás da máscara "humanitária" da ONU e os paternais cabelos brancos de Bill Clinton com uma cara sorridente?


É relevante notar aqui que a maior parte dos principais portos de águas profundas do Haiti foram privatizados a partir da mudança de regime promovida por Bush em 2004. Também é relevante notar que no ano passado escrevi um artigo intitulado Is the UN military proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti : "Se há reservas significativas de petróleo e gás no Haiti, o genocídio e os crimes dos EUA/Europa contra a população haitiana ainda não começaram. Ayisyen leve zye nou anwo, kenbe red. Nou fèk komanse goumen. (Reler Is there oil in Haiti , de John Maxwell.)


As revelações do dr. Georges Michel e dos documentos Dunn Plantation parecem responder afirmativamente à questão de que há reservas substanciais de petróleo no Haiti. E a nossa informação no Ezili Dantò Witness Project é que na verdade está a ser aproveitada, mas não para o benefício dos haitianos ou do desenvolvimento autêntico do Haiti. Eis porque havia a necessidade de marginalizar as massas haitianas através do derrube do governo democraticamente elite de Aristide e de colocar as armas e a ocupação da ONU que hoje mascaram os EUA/europeus (com uma peça para o novo poder que é o Brasil) assegurando as reservas de petróleo e gás do Haiti e outras riquezas minerais tais como ouro, cobre, diamantes e tesouros submarinos. ( Majescor and SACG Discover a New Copper-Gold in Haiti , Oct. 6, 2009; Ver Haiti's Riches e There is a multinational conspiracy to illegally take the mineral resources of the Haitian people : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais.)


Hoje, os EUA e os europeus dizem estar felizes com os "ganhos de segurança" do Haiti e com o seu governo "estável". Quer dizer: as últimas eleições presididas pelos EUA/ONU no Haiti excluíram o partido maioritário de qualquer participação. As prisões do Haiti estão cheias, desde 2004, com milhares de organizadores comunitários, civis pobres e dissidentes políticos que os EUA/ONU etiqueta como "gangsters", detidos indefinidamente sem julgamento ou audiências. A Cité Soleil foi "pacificada". Desde 2004 há mais ONGs e organizações caritativas no Haiti – cerca de 10 mil – do que em qualquer outro lugar do mundo e o povo haitiano está muitíssimo pior do que antes desta civilização EUA/ONU (também conhecida como "Comunidade Internacional") e seus bandidos, ladrões e esquadrões da morte corporativos que cassam os direitos de nove milhões de negros. Os preços dos alimentos estão demasiado altos, alguns recorrem ao pão que o diabo amassou na forma de biscoitos Clorox para aliviar a fome.


Lovinsky Pierre Antoine , o dirigente da maior organização de direitos humanos do Haiti, foi desaparecido em 2007 no Haiti ocupado pela ONU sem que qualquer investigação fosse efectuada. Entre 2004 e 2006, sob a ocupação ocidental, primeiro pelos Marines dos EUA e a seguir pelas tropas multinacionais encabeçadas pelo Brasil, de 14 mil a 20 mil haitianos, principalmente quem se opunha à ocupação e à mudança de regime, foram chacinados com impunidade total. Mais crianças haitianas estão fora da escola hoje em 2009 do que antes de vir a "civilização" EUA/ONG após 2004. Sob o regime imposto pelos EUA em Boca Raton, o Supremo Tribunal do Haiti foi despedido e outro completamente novo, sem qualquer autoridade constitucional emanada de mandato do povo do Haiti, substituiu os juízes legítimos e os funcionários judiciais sob a tutela da ocupação da ONU e da comunidade internacional.


(...)


[1] Ezili: Marguerite Laurent/Ezili Dantò é dramaturga, poeta, comentadora política e social, escritora e promotora de direitos humanos. Nasceu em Port-au-Prince e foi educada nos EUA. Para mais informações sobre a autora, confira: http://www.ezilidanto.com


*Observem que a tradução está em português de Portugal e foi reproduzida de http://resistir.info/


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