O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog
Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Uma página infeliz de nossa história


O Brasil tem que fazer justiça e oferecer um mínimo de paz a todos os sobreviventes dos porões da ditadura, aos seus familiares e aos familiares dos mortos. Enterrados embaixo de imponentes quartéis ou sabe-se lá onde…


Por Ana Helena Tavares


A ditadura foi aqui. A dita branda que povoa a fantasia dos que hoje têm medo da verdade. Daqueles que hoje têm medo de que seus netos e bisnetos saibam letra por letra o que eles fizeram no milênio passado.


Aristóteles dizia que "o homem é um animal político", mas até que ponto pode chegar o ser humano em nome de uma ideologia, acho que nem Freud em seus maiores delírios seria capaz de entender. E as atrocidades de determinados militares na época da ditadura foram, certamente, documentadas de forma bastante vasta. Dentro da caserna, havia pessoas com a única função de registrar aquela horrenda realidade em sabe-se lá quantas laudas. Muitos destes arquivos foram, provavelmente, destruídos ou pela ação do tempo ou pela ação humana, ambas implacáveis. Mas, seja nas mãos de militares ou de civis, não tenho dúvidas de que ainda hoje esta “página infeliz de nossa história”, que Chico e outros tantos narraram em prosa, verso e música, permanece também legível em anotações das mais diversas e documentos oficiais.


Vale lembrar também que a grande imprensa da época não publicou só versos de Camões e receitas de bolo. É claro que houve ainda os que preferiram emprestar seus carros de reportagem para os torturadores, mas, seja em jornalões ou publicações alternativas, é também considerável o número de jornalistas que conseguiu driblar bravamente a censura noticiando os fatos e opinando sobre eles de forma corajosa e competente.


Além disso, outra coisa que ainda nos resta - e isto para ser apagado precisaria muita gente morrer - é a memória de quem viveu o horror e resistiu a ele, a memória de seus familiares e dos familiares dos mortos.


Será que alguém poderá ser capaz de me dizer que é justo que, por exemplo, um sujeito que era conhecido como “Tenente Mata Rindo” continue rindo por aí, sabe-se lá rindo de que, mas solto – livre, leve e solto? É este tipo de gente que os comandantes militares de hoje defendem contra a “Comissão da Verdade”?


Eu tive parente torturado brutalmente e quase morto. O ano era 1969, AI-5 vigorando a pleno vapor e meu parente era um jovem como sou hoje. Naquele ano a caça aos comunistas, indiscriminadamente chamados de “terroristas”, estava a mil por hora. Luta armada, num regime de exceção, contra uma ditadura (que de branda nada teve), não pode de modo algum ser classificada como terrorismo. Seria quase como dizer que Tiradentes e os inconfidentes eram terroristas porque pegaram em armas para lutar contra a monarquia portuguesa. Mas obviamente que o militarismo imperialista não pensa assim.


Meu parente havia ido ao cinema e os militares - aqueles que, há quem diga, "não queriam o golpe" – provavelmente assistiram à sessão junto com ele, de tocaia. Ao sair, enquanto esperava o ônibus para voltar para casa, foi abordado e começaram a perguntar-lhe sobre questões políticas. Do alto de sua inocência, sem sequer imaginar o que se passava naquele momento, limitou-se a balançar a cabeça afirmativamente. Assim, lhe mostraram a carteira do DOPS (“Departamento de Ordem Política e Social”, nome pomposo para repressão) e lhe “convidaram” a entrar em um carro.


Era tão ingênuo que, perguntado a que grupo pertencia, disse pertencer a um grupo folclórico – e era verdade. Obviamente, acharam que era deboche. Mas não era. Ele não tinha envolvimento político com direita, esquerda, centro, nada! Tinha, sim, a infelicidade do destino de ser parecido com um comunista muito procurado e foi isso o que o fez ser seguido até o cinema.


Sem nada entender, antes de entrar no carro, disse ainda que precisava falar com sua mãe. Na cabeça, ele já trazia uma cicatriz profunda que os militares certamente fingiram não ver. A cicatriz se deve a uma lesão cerebral por atropelamento na infância, o que o levava a tomar remédios para controlar a epilepsia. Ele trazia estes medicamentos no bolso, sendo este mais um “motivo” para aqueles que buscavam “motivos” a qualquer preço. Em suma, resolveram “entender” que, além de comunista, ele era viciado.


Ele ficou cinco dias desaparecido. Encontrava-se nu, trancafiado numa cela com luz constante. Apanhou muito e conta que implorava para que não batessem em sua cabeça. Vão apelo de um inocente que recebeu choque elétrico e lavagem cerebral, agravando os problemas neurológicos que já tinha.


A família moveu céus e terras e conseguiu encontrá-lo graças, primeiramente, à intuição de sua mãe que pediu para que o procurassem no DOPS. Os militares negaram que ele estivesse lá, mas ela sabia que ele estava. Ela tanto bateu nesta tecla que um tio dele e um amigo da família conseguiram chegar a um alto funcionário do DOPS. Tio, amigo e alto funcionário, os três eram maçons e, naquele momento, foi o que os uniu. Não tenho conhecimento suficiente para fazer juízo de valor sobre a maçonaria, mas tenho a quase certeza de que sem ela jamais a inocência de meu parente teria sido provada e ele seria mais um para a larga estatística de mortos daquele período.


Ele sobreviveu sabe-se lá como. Mas ficaram seqüelas traumáticas visíveis. Por exemplo, quando ele hoje se depara com uma blitz, a primeira coisa que faz é pegar os documentos, se desespera sempre achando que vai ser preso e viver aquilo tudo de novo. Talvez esta preocupação se explique porque, naquela época, os militares, quando o libertaram, queriam a todo custo ficar com os documentos dele. Coisa que o trio também conseguiu impedir. Mas talvez ele ache que ainda ficou por aí algum registro. E vai convencê-lo... Só quem viveu o inferno e tem até hoje a sensação de impunidade sabe as razões pelas quais ainda não consegue se sentir seguro nas ruas deste país.


Quem agora é capaz de me convencer que aqueles militares que em nenhum momento deram chance de defesa a um inocente e fizeram com ele tudo o que fizeram merecem ser hoje vovôs que levam impunemente os seus netos à pracinha?!?!?! Pelo amor de Deus, algum dia o Brasil tem que fazer justiça e oferecer um mínimo de paz a todos os sobreviventes dos porões da ditadura, aos seus familiares e aos familiares dos mortos. Enterrados embaixo de imponentes quartéis ou sabe-se lá onde...


Tenho certeza de que quem estivesse no meu lugar também iria morrer pedindo justiça. E este sentimento é ainda maior por eu saber que não foi só com ele.


Se tem algo que salta aos olhos neste país é que nós ainda vivemos numa ditadura, uma ditadura disfarçada de democracia. Ainda há, sim, torturas. Torturas no campo, por exemplo, que a grande mídia sempre esconde. E isso talvez seja até mais complicado, pois não se vêem os capuzes e isso engana aos desavisados. Os desavisados que acreditam piamente numa grande mídia suja, os desavisados que acreditam cegamente num poder judiciário que de cego não tem nada, sabe muito bem para onde olha e continua restringindo-se à visão limitada.


No entanto, ainda que tenhamos que todo dia lutar contra isso tudo, em busca de uma democracia plena, o presente não é mais importante do que o passado neste caso. Enquanto nosso país não acertar contas com sua história, tal como já fizeram outros países da América Latina, não poderá se dizer um país democrático.


Hoje percebo que Lula já deveria ter feito isso há bem mais tempo. Agora que começou não dá pra deixar pro próximo milênio.


Ana Helena Tavares é escritora e poeta eternamente aprendiz. Jornalista por paixão e futura jornalista com diploma, é colunista da “Revista Médio Paraíba” e editora/administradora do blog “Quem tem medo do Lula?”.

Os bobos da corte

OS BOBOS DA CORTE


Por Raul Longo


Alguém me enviou uns anexos ótimos, com o título: CADA PAÍS TEM A CÔRTE QUE MERECE .... e, no campo assunto: As Côrtes Pelo Mundo.


Só pra informação, corte (residência ou conjunto de pessoas da nobreza) não tem mais acento pra diferenciar de corte (talho). A ortoépia se definirá entre o circunflexo e o agudo de acordo com o sentido do emprego da palavra na frase. Por exemplo: “A guilhotina deu um corte na prepotência da corte”, não é uma frase totalmente correta quanto ao conteúdo, mas está de acordo com a ortografia vigente.


Digo que não é totalmente correta porque assim como tem gente que escreve à maneira antiga, muitos bobos não perderam a cabeça na Revolução Francesa. Seus pais, servos e vassalos que fugiram da tirania daquelas cortes, os geraram em outras partes do mundo de onde reproduzem arrogâncias de uma cultura que não possuem e sequer conhecem a história.


Em suas consciências cristãs pregam que todos os homens são iguais perante Deus, mas se pretendem iguais aos nobres que crucificaram seus ascendentes naquela Europa que sequer mais existe além de mera encenação como atrativo turístico ao servilismo destes abobalhados.


Mas, devagarinho, a coisa vai melhorando, as hipocrisias vão se desmascarando e os bobos da corte se ridicularizam por si próprios.


Inclusive na terra da guilhotina onde o presidente Nicolas Sarkozi casou-se com a ex-modelo e cantora italiana Carla Bruni, que se pode admirar aí na reprodução da primeira foto do anexo que me enviaram:


Vejam que moça bonita! Recentemente, num desses encontros de diversos presidentes, reproduziram uma foto do Sarkozi dando a impressão de que olhava para a bunda de uma moça da comitiva do Obama. Maldade! Sem dúvida o baixinho não tem olhos para outra e, mesmo que fosse, não haveria nada demais! Afinal os nobres sempre foram suscetíveis às formas femininas como qualquer mortal e poucas camas de bordel tiveram rotatividade igual as das cortesãs de França que, por isso mesmo, acabaram emprestando o designativo às funções das profissionais.


Sarkozi nunca foi rei ou nobre, mas por uma tradição do séc. XI ainda se mantém a todos os principais dirigentes da França o título de co-príncipe de Andorra.. A bandinha atrás evoca o exército napoleônico do início do século XIX, mas Sarkozi sabe que tudo isso é só pra impressionar bobo da corte.


Passamos ao próximo:


Assim como Victor Hugo relatou os horrores e a miséria dos súditos da corte de Versalhes, Charles Dickens escreveu sobre as injustiças e misérias sofridas pelos súditos da tataravó da Elizabeth aí na foto: a tal Rainha Vitória.


Queen Elizabeth é mais quista por seu povo, apesar do estremecimento provocado por sua má vontade com a plebéia Lady Diane, moça muito bonita, da qual seu filho não deu conta.


O que também é absolutamente normal, pois isso de reis e rainhas escolherem mal seus consortes é tão corriqueiro quanto em qualquer família mais ou menos boa. E por falar em família, boa praça mesmo era a mãe da Bethe, a Elizabeth Bowes-Lyon que, segundo as fofocas da corte, seria filha do Lorde Strathmore com uma cozinheira galesa. Mas o que se comprova mesmo é que foi a mais popular da família real, até porque, mesmo velhinha (faleceu em 2002), sempre foi excelente companheira de copo. Não era qualquer um que conseguia acompanhar a simpática senhora no bourbon.


Mas vamos em frente com os anexos que me mandaram:


Vejam quem está aí! Ultimamente muita gente anda reclamando do homem, achando que decepcionou. Pode ser, mas mesmo que Obama não seja tudo aquilo que dele se esperou, para nós sempre será um avanço, pois nossos bobos da corte jamais aceitariam um presidente negro. Como têm mania de imitar os Estados Unidos, quem sabe elejam o Vicentinho à presidência? É difícil, pois apesar da hipocrisia de se dizer que somos uma democracia-racial, nossos bobos acreditam que os de lá são melhores. Vicentinho que se conforme, pois nossos os brancos são muito piores do que aparentam!


Essa daí é a corte daquele rei pra quem dediquei uns versinhos que foram bastante reproduzidos lá na Espanha. Copio aqui apenas o primeiro:


Porque no te calas, Dom?
Nem te envergonhas das civilizações
que exterminaste?
Incas, Maias e Astecas...
Sabedorias acima da alguma
que mal soubeste herdar dos 8 séculos
de pacientes mestres árabes.


Na ocasião me diverti o suficiente com esse rei. Passemos ao próximo:


Ah! A Ângela! Gosto dela!


Quando era candidata, às vésperas da eleição, tinha um bando de hóspedes alemães aqui em casa. Todos diziam horrores da Merkel: Que era cafona! Que falava errado! Que era grosseria! E mais isso e aquilo...


No entanto, tá aí ó: boa presidente. Aqueles alemães bancaram os bobos da corte.


Olha só Maria! Até a corte da sua Suécia compareceu à festa dos anexos!
Maria é uma muita querida e antiga amiga. Foi pra Suécia há muitos anos e não voltou mais! Mas há cada 2 anos traz sua linda filha que lá nasceu, para visitar o Brasil. Agora mesmo Maria está em São Paulo.


Insisti, mas diz que não pode vir me visitar. Devo ter perdido meus encantos e com isso fico sem saber como, enfim, conseguiu se adaptar à Suécia que lhe foi difícil, a princípio, apesar de tanto admirarem sua beleza e simplicidade cafuza, plena de bom humor brasileiro. Mas deve estar bem, pois pelo que me comentou anda fazendo trabalhos para o governo brasileiro por lá.


Por fim, aí vai a corte a quem a França recomenda para uma cadeira permanente na ONU e que, neste 2009, foi considerada a do estadista do ano pela corte Britânica. O homem a quem Obama considera O Cara, e a corte de Espanha identificou como “El Hombre que Assombra el Mundo”.


Segundo os analistas da corte da Alemanha, se o Brasil continuar sendo dirigido pelos dessa foto, em uma década a economia do país superará à de França, Itália, Espanha, Inglaterra... E será a 5ª do mundo.


Nesse caso, vai superar inclusive a economia da Suécia. Daí minha querida amiga Maria vai poder me visitar.


Saudade da Maria! De quando brincávamos as festas juninas em sua cidade: Laranjal. Também nos vestíamos em homenagem ao povo das roças que alimentaram este país, os trabalhadores do café e do eito de cana que nas regiões oeste e sudeste criaram e sustentaram as riquezas desse país.


Isso foi no tempo em que no sul as pessoas calçavam botas sobre as bombachas presas à cintura por guaiacas, para dançar e cantar em homenagem aos gaúchos que tanto defenderam nossas fronteiras durante o Império. No nordeste se calçava alpercata, calça de couro e gibão, homenageando o sertanejo que emigrou para construir todas as grandes capitais brasileiras, com suas pontes e viadutos, seus metrôs. No norte se dançava o bumba meu boi em homenagem à valentia e coragem do vaqueiro.


Depois Maria foi pra Suécia e o Brasil perdeu a graça porque vieram os tempos dos bobos da corte que se vestem de cowboys e festejam um tal de halloween que pensam ser dos Estados Unidos e na verdade é da Irlanda.


Gostei muito desses anexos! Ilustram bastante bem que, felizmente, vamos superando os tempos dos bobos subservientes às cortes que os tratavam como marginais nos aeroportos de seus países


Não é a toa que nos considerassem país de 5º categoria! Mas nessa homenagem à nossa cultura e ao nosso povo, já se tem uma explicação do porque começamos a ser tratados como país de 5º economia pelas cortes aí fotografadas. Realmente, é um corte para início de melhor história!


Raul Longo é escritor, poeta e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Crise militar tem desfecho pífio e deixa indefinições

O rescaldo da crise militar


Por Celso Lungaretti


Em tempos de um futebol menos robotizado, os torcedores sabiam que, do craque, sempre se pode esperar um lampejo salvador, mesmo faltando apenas um minuto e ele nada tendo feito de útil nos 89 anteriores.


Colunista veterano também é assim. Canso de ler diatribes de jovens internautas contra os Albertos Dines, Clovis Rossis e Jânios de Freitas da vida. E tenho vontade de recomendar-lhes, como Pelé fez, gesticulando à torcida vascaina que o vaiava no finalzinho de um jogo que o Santos perdia por 1x0 no Maracanã: "esperem e verão!".


Vira e mexe eu reverencio aqui os grandes artigos desses três, que já não os produzem com a assiduidade de outrora, mas continuam capazes de esgotar o assunto quando acordam inspirados.


O de Jânio de Freitas na Folha de S. Paulo neste domingo (17), Precisamos, em vão, é simplesmente obrigatório, com destaque para este parágrafo:


"É preciso discutir o que significa, para o regime e para a cidadania, o poder autoatribuído pelos comandos militares e reconhecido pelo presidente da República de impedir, sobrepondo-se à ordem institucional proclamada, medidas autorizadas ou determinadas pela Constituição. Os militares não se tornaram democratas, como têm atestado tantas demonstrações do seu apego à memória da ditadura. Mas, daí a interferir na função e na autoridade de um poder constituído, vai a distância entre regime constitucional democrático e a falência desse regime, da Constituição e da cidadania".


Os militares deram um murro na mesa em 2007, para impedir que os brasileiros exercessem seu direito à memória e à verdade.


Têm atrapalhado de todas as formas o esclarecimento de episódios históricos e até o resgate dos restos mortais pelos quais as famílias clamam -- muitas delas, coitadas, acalentando até hoje a sofrida esperança de que seus desaparecidos não tenham sido executados, hajam escapado.


Alguns militares já foram até pilhados pela imprensa (nada menos que o Fantástico!) fazendo fogueirinha dos registros de crimes antigos, sem que nada lhes acontecesse.


E, nas últimas semanas, voltaram os fardados a tentar impor sua autoridade ao próprio presidente da República, que é seu comandante supremo.


Justiça seja feita: desta vez o que houve não foi, propriamente, uma rendição incondicional de Lula, que, entretanto, perdeu ótima oportunidade para colocar os comandantes insubordinados no seu lugar, demitindo-os no ato.


Ele reagiu com certa indiferença ao ultimato dos militares e respectivo ancião de recados (aquele civil que gosta de se fazer fotografar em uniforme de campanha...), deixando a decisão para depois de suas férias e, finalmente, reduzindo tudo a um copidesque semântico que não desprestigiou ostensivamente nem o ministro da Defesa (Nelson Jobim) nem o dos Direitos Humanos (Paulo Vannuchi)... mas equivaleu um balde d'água fria atirado nos brasileiros que prezam a democracia e os valores civilizados.


Ou seja, Lula apenas se livrou de um problema espinhoso, transferindo o abacaxi para o grupo interministerial que vai elaborar o projeto de lei instituindo a Comissão Nacional da Verdade; e para o Congresso, que dará a palavra final.


Só daqui a bom tempo saberemos se vai mesmo existir uma Comissão da Verdade, se ela apurará mesmo o que tem de ser apurado (as atrocidades perpetradas pela ditadura de 1964/85) e se o Estado brasileiro oferecerá ou não aos militares o contrapeso meramente propagandístico de incluir no pacote a investigação de excessos cometidos pelas vítimas durante uma luta de resistência à tirania.


Isto, claro, se houver vontade política para se dar um xeque-mate nesta questão em pleno ano eleitoral.


Caso contrário, tudo dependerá do perfil ideológico de quem vai estar envergando a faixa presidencial a partir de 2011.


Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"


Também de Celso Lungaretti leia:


"Itália já se conforma com a confirmação do asilo de Battisti".

Creative Commons License
Cite a fonte. Todo o nosso conteúdo próprio está sob a Licença Creative Commons.

Arquivo do blog

Contato

Sugestões podem ser enviadas para: quemtemmedodolula@hotmail.com
diHITT - Notícias Paperblog :Os melhores artigos dos blogs