O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Caso Battisti: Fim do Pesadelo

Carlos A. Lungarzo
Anistia Internacional

Desde Novembro de 2009, quando o presidente Lula manifestou na cidade de Salvador, que já tinha tomado sua decisão sobre o Caso Battisti, e que apenas aguardava o acórdão do STF (que foi publicado em abril) para fazer-la conhecer, a comunidade progressista e humanitária já sabia que o chefe de estado iria a encontrar uma maneira de rejeitar o pedido de extradição impetrado pela Farnesina, e concedido pelo máximo tribunal. Entretanto, nenhum de nós sabia qual seria o conteúdo do ato executivo onde se expressaria essa decisão.
Pessoalmente, junto com meus amigos mais comprometidos, pensei que o mais adequado era a outorga do asilo presidencial, que, por seu caráter discricionário, colocaria o escritor italiano, pelo menos teoricamente, a salvo da tentativa do STF de reabrir a questão, um risco com o qual tinham ameaçado várias vezes o então chefe do Supremo e o relator do caso. Foi por isso que empreendemos uma coleta de assinaturas que, em tempo três vezes menor,  conseguiu 14 vezes mais adesões que a petição dos fãs do linchamento, apesar da ajuda brindada a eles pelo generoso governo italiano.
É verdade que a figura mais adequada seria a de imigrante (ou seja, a fórmula outorgada sob o visto de residente permanente), porque daria a estadia definitiva, permitindo a naturalização, e garantindo uma profunda integração num país cujo povo encantador em nada se parece àquela décima parte (ou menos), formada pelas das elites que mantêm o poder físico, jurídico e mediático. Entretanto, alguns pensamos que o presidente evitaria usar a fórmula de imigração para diminuir os atritos com o governo italiano, para quem uma proteção tão forte poderia ser interpretada como um desafio. Tratar Cesare como imigrado esquentaria ainda mais o surto de “febre vendettária” do estado e da mídia da Itália, pois daria a ele a possibilidade de dar um adeus definitivo ao país onde ele, como milhares de outros jovens sonhadores, foi perseguido e humilhado. Ele se tornaria, como muitos de nós, uma nova pessoa, numa nova cultura, com novas esperanças.

Reforma Política - Entenda os principais pontos debatidos no Congresso

Entenda os principais pontos da reforma política debatidos há anos pelo Congresso

Lista fechada
Sistema em que o eleitor vota no partido e não mais individualmente nos candidatos. Caberia às legendas definir quem vai assumir o mandato de acordo com listas ordenadas por elas previamente. A distribuição das cadeiras seria semelhante ao método atual, pela proporção dos votos que o partido obtém no pleito.

Voto distrital misto
A votação seria feita pelo método de lista fechada para metade das cadeiras. A outra metade seria selecionada pelo sistema de voto distrital. Estados e municípios são divididos em distritos e cada um deles tem direito a lançar um candidato por partido. Nesse caso, o eleitor votaria no indivíduo.

Financiamento público
As campanhas eleitorais seriam financiadas exclusivamente com dinheiro público. Ficariam proibidas as doações de pessoas físicas e empresas. Conforme a proposta, em ano eleitoral seria incluída verba adicional no Orçamento para cobrir as despesas, com valores equivalentes ao eleitorado do país. Para se chegar ao valor, seria preciso multiplicar o número de eleitores por R$ 7, tendo como referência o eleitorado existente em 31 de dezembro do ano anterior ao pleito.


Federações partidárias
Seria o fim das coligações exclusivamente com fins eleitorais. Os partidos com afinidade ideológica programática teriam de se unir para formar federações partidárias formalizadas e atuar de forma conjunta no Congresso Nacional. As agremiações deveriam ser formadas até quatro meses antes das eleições e durar três anos.

LULA DECIDIU: BATTISTI FICA!

Celso Lungaretti (*)

Dignamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a palavra final do Brasil a respeito da pretensão do Governo Berlusconi, de obter a cabeça do escritor e perseguido político Cesare Battisti para exibi-la como um troféu do suposto triunfo da mais retrógrada e intolerante direita européia sobre os ideais de 1968: o pedido de extradição está definitivamente negado.

Battisti morará e vai escrever seus livros no território brasileiro, a salvo da  vendetta  neofascista.

O que resta, doravante, é um exercício de  jus esperneandi  por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, que precisa de mais algumas semanas para digerir a devastadora derrota pessoal que acaba de sofrer. E é apenas isto que terá.

No fundo, o Caso Battisti só está prestes a completar quatro anos porque, desde o primeiro momento, o STF tem agido como um Poder alinhado com um governo estrangeiro, a golpear instituições e tradições brasileiras.

Por que ordenou a prisão de Battisti em fevereiro de 2007, se era um homem que levava existência pacata, honesta e produtiva há quase três décadas? Não seria suficiente a liberdade vigiada?

A detenção já não se constituiu num prejulgamento, além de uma tentativa de influenciar o julgamento propriamente dito com a produção e farta difusão de imagens negativas?

Por que a exibição de algemas choca tanto o ministro Gilmar Mendes quando o algemado é suspeito de estar praticando crimes financeiros aqui e agora, mas nem um pouco quando se trata de um acusado de haver cometido crimes políticos em outro país, no longínquo final da década de 1970?


Getúlio, JK e Lula


Em oito anos, o operário superou os dois grandes mitos nacionais


Por Leonardo Attuch
Isto é*

Se houvesse um monte Rushmore no Brasil, o rosto de Luiz Inácio Lula da Silva estaria agora sendo esculpido na rocha. Na pedra verdadeira, foram gravadas as imagens dos quatro maiores líderes da história americana: George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln. No Brasil, só dois ex-presidentes – Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek – ocupam papéis míticos no imaginário nacional. Agora, há mais um. E ele, Luiz Inácio, conseguiu entrar no seleto clube unindo o que seus antecessores tinham de melhor: a visão social e o espírito desenvolvimentista.


Getúlio, nosso primeiro “pai dos pobres”, até hoje é amado porque incluiu na agenda política um agente antes excluído: o trabalhador. JK, por sua vez, foi o presidente que fez o brasileiro perder seu complexo de vira-lata e acreditar na própria capacidade de realização. Lula tem traços de ambos. Foi o presidente da inclusão social e também aquele que despertou o “espírito animal” dos empresários, que voltaram a acreditar no futuro e a investir. O resultado: um ciclo de oito anos que se encerra com crescimento do PIB de quase 8%.

A vida útil de um mito é determinada pela história. Mas o presidente operário tem tudo para durar mais tempo no coração dos brasileiros do que Getúlio e JK. Sobre o primeiro, haverá sempre a mancha da ditadura implantada no Estado Novo. Sobre o segundo, o peso do desajuste fiscal e da inflação semeada pela construção desenfreada de Brasília. Lula conquistou os seus 80% de popularidade em plena democracia – e teve a sabedoria de rejeitar um terceiro mandato, que poderia colocá-los em risco. Para completar, controlou a inflação
e reduziu a dívida pública. Erros, tropeços, bravatas, escândalos... nada disso terá muito peso no balanço final. A lembrança será sempre a do “Lulinha paz e amor”.

E ele, que a partir de agora passará a dar nome a avenidas, escolas e creches em várias metrópoles brasileiras, só terá uma “desvantagem” em relação aos dois outros mitos: a ausência de uma morte trágica. O suicídio de Getúlio, em agosto de 1954, e o acidente automobilístico de JK, em 1976, até hoje questionado, ajudaram a elevar os dois ex-presidentes à categoria dos mártires. Lula, um homem feliz e sem inimigos, tem tudo para levar uma existência pacata até o fim dos seus dias. Tempo, ele terá de sobra depois de 31 de dezembro, como acontece com todo ex-presidente.

A diferença, no caso de Lula, é que seu verdadeiro espaço cronológico será o da eternidade.


*Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/27/getulio-jk-e-lula

SURFANDO NA ERA DO PLENO EMPREGO

Ou COMO SEGURAR SEUS TALENTOS

Por Hugo Cilo e Érica Polo
Isto é Dinheiro*

Imóvel novo, carro de graça, salários maiores, bônus generosos, viagens para a Disney, café com o chefe. Vale tudo para fidelizar os funcionários na era do pleno emprego.

No começo do mês, a pacata cidade de Ipojuca, em Pernambuco, foi invadida por tratores, retroescavadeiras e caminhões carregados com materiais de construção. Muitos imaginaram que se tratava de mais um projeto de infraestrutura do PAC, como vários outros que existem por ali. Não era.

Aquela frota de máquinas deu início à construção de casas para 1.328 trabalhadores do Estaleiro Atlântico Sul, que fica a poucos quilômetros de onde o novo bairro será erguido.

A megaobra custará mais R$ 75 milhões para o estaleiro e se tornará uma das mais agressivas – se não for a maior de todas – estratégias de retenção de profissionais de que se tem noticia na história do País.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O time do Lula

Por Dad Squarisi
Correio Braziliense*

Lula sai do governo com 87% de aprovação. Se a voz do povo é a voz de Deus, a voz do diabo pergunta: qual a receita? Como, depois do desgaste natural de oito anos de mandato, a saída do presidente é mais festejada que a entrada? Aonde ele vai, multidões o aclamam. A cada despedida (e põe despedidas nisso!) a emoção domina adultos e crianças. Qual a mágica?

É verdade que Lula promoveu a maior mobilidade social desde a descoberta de Pindorama. De 2003 a 2009, 17 milhões de brasileiros subiram de andar. Jovens sem esperança de atravessar os portões da universidade chegaram à pós-graduação. Milhões de trabalhadores ingressaram no mercado formal. O crédito, eterna miragem, ganhou número e senha.

É também verdade que, ao engrossar o centro da pirâmide, eles mudam o ponto de vista. Tornam-se consumidores. Impõem a vontade. Querem mestrados, casa própria, viagens, acesso aos bens da civilização. Eis a mágica. Lula deu o mesmo salto que os moradores de baixo. De pau de arara, virou metalúrgico, líder sindical, deputado e presidente.

A democratização das comunicações

Boa parte das propostas de políticas públicas consideradas como avanços pela sociedade civil não logrou êxito

Por Venício A. de Lima*

Os dois mandatos do presidente Lula representam um avanço para a democratização das comunicações? Qual o balanço que se pode fazer do período 2003-2010? A maioria das propostas de políticas públicas consideradas como avanços por atores da sociedade civil não logrou sucesso. Ao contrário, muitas foram abandonadas ou substituídas por outras que negavam as intenções originais. Existem, claro, importantes exceções. A seguir, um breve comentário sobre algumas propostas emblemáticas dos últimos oito anos.

Conselho Federal de Jornalistas (CFJ): O governo encaminhou projeto de criação de um Conselho Federal de Jornalismo ao Congresso Nacional em agosto de 2004. Segundo a Federação Nacional de Jornalistas, o principal objetivo era “promover uma cultura de respeito ao Código de Ética dos Jornalistas”. Diante da intensa e violenta oposição da grande mídia, a própria Fenaj preparou e distribuiu um substitutivo ao projeto original, agora de criação de um Conselho Federal de Jornalistas como “órgão de habilitação, representação e defesa do jornalista e de normatização ética e disciplina do exercício profissional de jornalista”. Apesar disso, através de acordo de lideranças, a Câmara dos Deputados decidiu desconsiderar o substitutivo e rejeitar o primeiro projeto em dezembro de 2004.

Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav): O projeto de transformar a Ancine (Agência Nacional de Cinema), em Ancinav – que seria o órgão regulador e fiscalizador da produção e distribuição dos conteúdos audiovisuais – não chegou sequer a ter uma versão final. Diante de uma feroz e intensa campanha de oposição, movida, sobretudo, pelos grupos tradicionais de mídia, o governo decidiu, em janeiro de 2005, que os estudos prosseguiriam, mas que prioritariamente deveria ser construída uma proposta de regulação mais ampla dentro da qual a Ancinav pudesse ser incluída. O argumento foi de que não se poderia implantar uma agência reguladora do audiovisual sem se ter primeiro uma Lei Geral de Comunicação.

O meu Brasil é com "S"

(Artigo de José Sócrates, primeiro ministro de Portugal, em homenagem ao fim do mandato do Presidente Lula. Uma amostra de como se vê Lula lá fora. Aqui também, 87%, apesar da Globo, Veja, Estadão, Band, etc, etc, etc...)

Raros são os políticos que dão o seu nome a um tempo. Os "anos Lula" mudaram o Brasil. É outro país: mais desenvolvido economicamente, mais avançado tecnologicamente, mais justo socialmente, mais influente globalmente.

Uma democracia mais consolidada, uma sociedade mais coesa e mais tolerante. Sabemo-lo hoje: no Brasil, o século 21 começou em 1º de janeiro de 2003, o dia inaugural da Presidência de Lula.

Quero ser claro: Lula mostrou que a esquerda brasileira sabe governar. Causas, sim, mas competência também; princípios políticos, mas também eficácia técnica; realismo inspirado por ideais que nunca se perderam.

Este presidente, oriundo do PT, deu à esquerda brasileira credibilidade, modernidade, força e maturidade. A grande oportunidade da sua eleição não foi uma promessa incumprida ou um sonho desfeito.

Ao contrário, com Lula, a esquerda ganhou crédito e consistência; o Brasil, reputação e prestígio.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CESARE BATTISTI

CESARE BATTISTI


Laerte Braga


A decisão do presidente Lula de conceder refúgio político ao escrito italiano Cesare Battisti é correta sob todos os aspectos. O governo italiano não conseguiu provar junto à Justiça brasileira que Battisti é culpado dos crimes dos quais é acusado e tampouco oferecer garantias de um julgamento justo, no caso da extradição, até em observância ao que determina o tratado sobre o assunto entre Brasil e Itália.

Foi desastrada a ação do governo de Berlusconi (como desastrado é o seu governo) na condução do processo. Vergonhosa a atitude do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) quando recebeu o embaixador da Itália pela porta dos fundos do seu gabinete e suas atitudes após essa visita.

Tratou o Brasil, os brasileiros, o governo, como se fossem lacaios de um governante irresponsável – Berlusconi.

A expressão “terrorista” usada pela mídia privada brasileira para rotular Battisti perdeu o sentido depois do WIKILEAKS e do terrorismo (sem aspas) praticado por norte-americanos e seus aliados (colônias) em todo o mundo.

'O Globo' distorce Wikileaks para atacar reforma agrária e MST

Do Portal Vermelho*

O professor Clifford Andrew Welch, do curso de história da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desmentiu a reportagem do jornal O Globo publicada no domingo (19). No texto, Welch é apresentado como fonte de informações sobre a existência de espiões do MST dentro do Incra e suposta prática dos assentados “de alugar a terra de novo ao agronegócio” em telegramas remetidos por diplomatas estadunidenses no Brasil, divulgados pelo Wikileaks.

"Nunca falei e jamais falaria algo assim. No primeiro lugar, a palavra ‘espião’ é invenção do Globo, porque não aparece nos relatos diplomáticos disponibilizados pelos jornais”, denuncia Welch.

Em relação ao aluguel de áreas de assentados ao agronegócio, o professor da Unifesp destaca que a coordenação nacional do MST é declaradamente contra a prática e que a declaração aparece sem contextualização.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lula: "saio do governo para viver a vida das ruas" (vídeo-homenagem)

Por que a mídia não se autoavalia?

Reproduzo artigo de Venício A. de Lima, publicado no Observatório da Imprensa*

Final de ano é tempo de balanços e previsões. Pessoais e institucionais. É momento de parar e refletir sobre o que se fez, identificar erros e acertos, corrigir o que pode ser melhorado, reavaliar caminhos e objetivos, planejar o futuro.

A grande mídia faz avaliações públicas e previsões de e para tudo: de todos os setores do governo, da iniciativa privada, das ONGs, da política, de todas as artes, esportes, religiões, do clima, das tendências... Por óbvio, a grande mídia faz avaliações e previsões internas, como em todas as empresas privadas comerciais que precisam dar conta a acionistas de metas e resultados.

O que a grande mídia não faz são avaliações públicas de si mesma, de seu próprio desempenho, de sua parcialidade, de seus preconceitos, de suas tendências, de suas omissões, de suas escolhas, de seu papel na democracia. O que a grande mídia omite é a avaliação de si mesma como um serviço que, apesar de explorado pela iniciativa privada, não perde sua natureza de serviço público.

Por que será que a mídia, apesar da indiscutível posição de centralidade que ocupa nas sociedades contemporâneas, não pauta o debate sobre seu papel como faz permanentemente em relação a todas as outras instituições na sociedade?

Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente. Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, destroçado pelo terremoto e pela cólera. Enquanto isso, a ajuda prometida pelos EUA e outros países...

Por Nina Lakhani - The Independent*

Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

COMO LIDARMOS COM OS TORTURADORES DA DITADURA?

Celso Lungaretti (*)


No artigo O debate que o Brasil não fez, o veterano analista político Clóvis Rossi apresenta interessantes observações sobre a atitude de argentinos e brasileiros face aos genocídios e atrocidades dos anos de chumbo. 

Vale a pena reproduzirmos o essencial de sua coluna que, no dia de Natal, fugiu à mesmice do tema obrigatório:
"A Lei de Anistia foi emitida para, na essência, proteger um lado, o dos vencedores. Eram, a rigor, os únicos que não haviam sido punidos.

Os derrotados, ou seja, os opositores ao regime militar, tenham ou não adotado a luta armada, sofreram punições de acordo com a legislação convencional (prisão, p. ex.), punições por uma legislação de exceção (o banimento, p. ex.) e até punições à margem de qualquer lei, convencional ou de exceção, como mortes em supostos enfrentamentos, suicídios que foram assassinatos (caso Vladimir Herzog, p. ex.) e torturas. 

TANCREDO, AÉCIO, MALUF

TANCREDO, AÉCIO, MALUF


Laerte Braga


Há diferenças abissais entre Tancredo Neves, de um lado e Aécio Neves e Paulo Maluf de outro. No dia 21 de dezembro em Moscou, milhares de comunistas foram ao túmulo de Stalin depositar cravos vermelhos em homenagem aos 131 anos de nascimento do líder soviético.

O presidente russo Medvedev anunciou que vai iniciar uma campanha para desestalinizar a Rússia. Não há muita diferença entre Vladimir Putin e Stalin, guardadas as proporções de tempo, espaço e personalidade. Putin se inspira e adota os métodos do secretário geral do antigo PCUS (Partido Comunista da União Soviética), com uma diferença. Stalin tinha um sentido coletivo em tudo o que fazia, até na barbárie. Putin não.

Foi esse sentido coletivo, vamos ficar com essa expressão, que lhe valeu um livro de encômios os mais elevados do filósofo Jean Paul Sartre, muitas páginas de louvor aos planos qüinqüenais do governante soviético.

Bira e o time completo de Dilma


Se você quer saber quem é quem, clique aqui.

domingo, 26 de dezembro de 2010

"QUER ESTUPRAR, ESTUPRA, MAS NÃO PRECISA MATAR"

“QUER ESTUPRAR, ESTUPRA, MAS NÃO PRECISA MATAR”


Laerte Braga


A advogada Naomi Wolf escreveu e publicou um texto de suma importância para que se possa entender o caso Julian Assange, acusado de crimes sexuais na Suécia. Especialista no assunto trabalhou em vários países do mundo com mulheres estupradas, vítimas de tráfico de mulheres e não hesita em acusar a INTERPOL e os governos da GRÃ BRETANHA e SUÉCIA (colônias norte-americanas na Europa) de farsa e “ofensa à mulher”. “Teatro”.

O artigo foi publicado originalmente no HUFFINGTON POST, em 24 dezembro e traduzido no Brasil pelo blog ESQUERDA NET.

Naomi começa com uma pergunta.

“Como sei que o tratamento dado pelo Interpol, Inglaterra e Suécia a Julian Assange é uma forma de fazer teatro?”

E a resposta.

“Porque sei o que acontece em acusações de violação contra homens que não atrapalham governos poderosos”.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Os números do presidente

Por Marcos Coimbra*, em 22/12/2010, no "Correio Braziliense" 

Nos últimos dias, foram divulgadas três pesquisas nacionais. Realizadas por Vox Populi, Ibope e Datafolha, cada uma enfatizou determinado conjunto de temas e usou metodologia e amostra diferentes.

Todas, no entanto, chegaram a um mesmo resultado: Lula encerra o ano e seus dois mandatos como presidente com a popularidade em ascensão. Os resultados que ele alcançou em dezembro são os melhores desde o início de 2003, na série de cada instituto.

Tomemos os números daquele de que as oposições mais gostam, conforme revelaram durante a campanha. Segundo o Datafolha, o governo Lula foi avaliado como "ótimo" ou "bom" por 83% dos entrevistados, sendo que 13% afirmaram que é "regular". Os 4% restantes disseram que é "ruim" ou "péssimo".

É um resultado extraordinário, por, pelo menos, duas razões. Em primeiro lugar, mostra que a avaliação positiva que Lula atinge na saída é quase o dobro da que obtinha na entrada, pois, em março de 2003, "apenas" 43% das pessoas, de acordo com o mesmo instituto, faziam juízo positivo do governo.


Vídeo: último pronunciamento oficial de Lula

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vídeo: "Homenagem" aos deputados que votaram pelo seu próprio aumento




NOTA do QTML?: O rap do vídeo é direcionado aos 36 deputados estaduais do Rio Grande do Sul que votaram o aumento em 73% dos próprios salários. Mas fica aí nossa "homenagem" a todos os deputados que fizeram o mesmo em esfera federal. Recebi do nosso colaborador Kais Ismail, que é gaúcho.

Caso Battisti: Semi-Final





Carlos A. Lungarzo
Anistia Internacional
De acordo com um informe da Agência Brasil, repercutido pela maior parte dos órgãos de imprensa, mencionando uma declaração do chefe do Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o ministro chefe da Advocacia Geral da União, Luiz Inácio Lucena Adams, teria entregado, na terça feira 21, a seu quase homônimo Luiz Inácio Lula da Silva, o parecer sobre o qual deverá fundamentar-se a decisão do presidente da república para determinar o status do perseguido escritor italiano Cesare Battisti.
O fato despertou muita curiosidade na imprensa tanto italiana como francesa e brasileira, embora seja impossível discernir qual é o grau de conhecimento que os diversos órgãos possuem sobre o particular, mas, ninguém duvida (com sentimentos diferentes, é claro), de que o presidente Lula rejeitará o pedido de extradição. Aliás, desde há mais de um ano, em novembro de 2009, quando Lula falou sobre o assunto na cidade de Salvador, na Bahia, mais de um 90% das pessoas interessadas (incluindo as autoridades italianas e a cúpula do Santo Ofício tropical, que simularam não acreditar que Lula fosse capaz de proteger Battisti) não duvidaram um segundo em pensar que a resposta de Lula seria uma rejeição ao pedido italiano. A conclusão era óbvia: se ele tivesse querido conceder a extradição, não esticaria o momento da decisão, pois não haveria nenhuma vantagem em estender o clima de tensão. Aliás, a cúpula do STF teria recebido uma decisão favorável de Lula com os braços abertos, e a elaboração daquele “complicado” acórdão que esgotou as reservas de neurônios do relator, teria demorado, em vez de mais de quatro meses, menos de quatro dias.
A curiosidade não é sobre o que vai decidir Lula, mas sobre quais são os mecanismos jurídicos em que sua decisão estará fundada. Segundo as mesmas fontes que divulgaram o encontro entre os dois dignitários, Lula teria manifestado sua decisão de “não deixar o problema para sua sucessora”, mas também não teria prometido sua assinatura para esta semana. Aparentemente, o presidente deseja ter um embasamento muito sólido da sua decisão, para “evitar desdobramentos”, o que em bom vernáculo pode ser traduzido como “evitar novas provocações dos inquisidores”. 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Condenação da OEA é o cumpra-se”, diz Pressburger

Margarida Pressburger em sua sala na OAB-RJ
Margarida Pressburger em sua sala na OAB-RJ


Por Ana Helena Tavares (*)


Quem chega à sala da Comissão de Direitos Humanos da OAB - Rio é recebido por uma senhora que esbanja vigor e simpatia. A jurista Margarida Pressburger, além de ser a atual presidente da Comissão, foi também sua fundadora, em 1981. Entre 1992 e 1995 manteve programa na rádio Tupi sobre os direitos das mulheres. Em 2005 trabalhou na Fundação São Martinho, que atende crianças em situação de rua. E, recentemente, em 28 de Outubro de 2010, foi escolhida para integrar o Subcomitê de Prevenção à Tortura do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU. O mandato é de dois anos e pela primeira vez o Brasil faz parte do Subcomitê, que é composto por 25 pessoas de todo o mundo, imbuídas da missão de periciar locais de privação de liberdade para verificar denúncias de tortura e maus tratos.

Foi com a Dra. Pressburger que conversei na última sexta-feira, dia 17 de Dezembro de 2010, sobre a recente decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA de que o Brasil deve investigar e punir os crimes cometidos durante a Guerrilha do Araguaia. A sentença, segundo ela, não deixa margem à dúvida: “traz páginas muito bem fundamentadas e representa uma condenação não só ao STF, pelo esdrúxulo entendimento de que a Lei de Anistia abrange os torturadores, como também à PGR (Procuradoria Geral da República), por sua postura passiva, ao exército brasileiro, claro, e conseqüentemente condena o Brasil inteiro”.

Alô, mídia, cadê você?

Pressburger demonstrou imenso estranhamento com relação à cobertura da mídia sobre esta condenação: “Ninguém noticiou praticamente nada com o devido destaque. Até jornais que normalmente dariam algo falaram muito pouco ou se omitiram.”

A bobagem de Nelson Jobim

“O jornal O Globo deu lá umas poucas linhas”, afirmou. E lamentou a declaração dada ao Globo pelo Ministro da Defesa Nelson Jobim, que disse que o Brasil não é obrigado a obedecer à sentença da OEA: “Tudo o que se ouviu falar foi essa bobagem do Jobim. Totalmente equivocado. Evidente que o Brasil é obrigado, sim. Senão nem faria sentido ficarmos recorrendo às cortes internacionais.”

Ganho de causa

No caso, as famílias dos mortos no Araguaia recorreram, através de processo que se arrasta dede de 1982, e, quase três décadas depois, estão tendo ganho de causa.

Não cabem mais questionamentos

Dada a morosidade da justiça brasileira, essa condenação certamente ainda vai passar por várias instâncias até voltar ao STF, mas Pressburger frisou: “a este não caberá mais questionar. O entendimento atual vai frontalmente contra a convenção da Corte Interamericana de Direitos Humanos, convenção da qual o governo brasileiro é signatário. Ou seja, não há mais o que discutir. É o ‘cumpra-se’”.

De Nuremberg ao MST

Citou o Tribunal de Nuremberg, quando os nazistas foram julgados, como o mais importante caso da atuação de uma jurisdição internacional e recordou que a Corte Interamericana já atuou no Brasil, responsabilizando o Estado por grampos telefônicos feitos por policiais militares para escutar ilegalmente conversas entre integrantes do MST. Isso porque o crime foi cometido por servidores públicos, agentes do Estado, tal como eram os torturadores durante a ditadura. O caso ocorreu em 1999, no Paraná, e a sentença saiu ano passado levando ao julgamento dos acusados.

Uma nova etapa

Para ela, agora começa uma nova etapa, em que se terá que se pensar mais seriamente na abertura dos arquivos e também na punição aos torturadores: “Coisa que a América Latina praticamente todas já fez e ficou faltando o Brasil”, lembrou.

Um misto de decepção e esperança

Ao comentar que essa decisão da OEA relativa à ditadura era muito esperada e que foi muito festejada pelos militantes de direitos humanos, Pressburger exteriorizou certa decepção com o presidente Lula porque, segundo ela, “ele se esquivou e não tomou nenhuma decisão nesse sentido”. No entanto, disse que renova suas esperanças com a chegada de Dilma à presidência: “Espero que ela olhe por aqueles que ficaram no caminho. Aqueles que não tiveram a mesma ‘sorte’, dentro dos azares, claro. Digo de ser libertada e estar viva até hoje. O fato é que foi uma presa política, torturada, e acho que ela não vai deixar que essa história passe em branco”.

O tal do “revanchismo”

Nesse momento, a indaguei sobre se isto não poderia soar como “revanchismo”, termo controverso, no que ela respondeu: “Revanchismo seria sair por aí punindo todo mundo, sem querer saber se tiveram culpa ou não, porque naquela ocasião estavam do lado dos torturadores, então puna-se... Não é isso. Eu acho a abertura dos arquivos a coisa mais importante. Acho que o Brasil deve aos ex-presos e aos familiares dos mortos e, principalmente, dos desaparecidos, uma satisfação.”, resumiu.

A dolorosa espera de uma mãe

E revelou um caso que disse lhe ter sido muito marcante: “Há uns cinco anos, eu fui a uma reunião e conheci uma senhora que beirava seus 90 anos. Ela morava na periferia numa casa praticamente em ruínas, num local perigoso, que tinha sido dominado pelo tráfico. Ela tinha filhos e netos bem situados e que pretendiam que ela se mudasse pra um lugar melhor, mais confortável. E ela se negava a sair dali pela esperança de que um dos filhos, desaparecido no Araguaia, pudesse estar vivo ainda e voltasse pra casa. Se ela aceitasse se mudar, achava que ele iria perder as referências e  não iria mais encontrá-la”, contou.

O “Alemão” torturado

A situação da senhora citada é, sem dúvida, inimaginável para aqueles que não a vivem. E, como se não bastasse, sabemos que a prática de tortura ainda perdura no Brasil. “Impunidade gera impunidade”, martelou várias vezes a Dra. Pressburger. E como exemplo flagrante dessa permanência colocou a entrada da polícia no Complexo do Alemão, que definiu como tortura para os moradores: “Depois da invasão, agora os agressores são os policiais. Há relatos fidedignos de que assaltaram casas e bateram em inocentes. Isso reflete uma prática policialesca comum que vem de antes da ditadura militar. Ou das ditaduras.”

Dos índios aos negros

Então, perguntei-lhe o que ela queria dizer com “ditaduras”. “Eu incluiria Vargas, incluiria a opressão aos negros e aos índios.”, respondeu. E prosseguiu explicando que a prática de tortura tem raízes históricas antigas: “A brutalidade é algo que nasceu junto com o homem. Aqui no Brasil, isto se evidenciou mais com a exploração implacável dos portugueses sobre os índios, os quais, por serem frágeis, sem anticorpos, iam morrendo; e com a escravização dos negros que migraram da África, sendo espancados nos navios e aqui”.

Prática que não ocorre até hoje só no Brasil

Agora mesmo o George Bush lançou um livro de memórias em que faz apologia à tortura, dizendo que ele teria salvo a vida de um grande número de americanos se tivesse torturado, ainda mais, os prisioneiros de Guantánamo”, relatou Pressburger.

*Ana Helena Tavares é jornalista, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?" e repórter do jornal "Correio do Brasil".

AGONIA DE BATTISTI DEVERÁ SE PROLONGAR POR MAIS UMA SEMANA

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Dreyfus, Vanzetti e Sacco: vítimas de grotescas armações  politico-jurídicas. Mas, a História não se repetirá...

A boa notícia é que a Advocacia Geral da União finalmente entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o parecer com o embasamento jurídico para a recusa do pedido italiano de extradição do escritor Cesare Battisti.

A má notícia é que o fim da agonia não deverá mais ser nesta 5ª feira (23), mas sim entre o Natal e o Ano Novo.

Evidentemente, para quem sofre com uma prisão arbitrária e amarga uma espera de quase quatro anos, uma semana a mais ou a menos não faz tanta diferença.

Mas, é triste vermos que uma decisão DIGNA, SOBERANA e JUSTÍSSIMA será apresentada aos brasileiros dessa forma evasiva, encabulada.

Que não se confrontam altaneiramente as falsidades e manipulações da imprensa burguesa, mas apenas se tenta esvaziar as reações contrárias.

A recusa do Brasil, de acumpliciar-se com o linchamento de Cesare Battisti, deveria ser anunciada com pompa e circunstância, mostrando ao mundo que aqui casos como os de Dreyfus e de Sacco e Vanzetti têm o desfecho adequado. 

Daríamos uma lição de moral aos reacionários do 1º mundo. Mas...
Por: Celso Lungaretti, jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

“Devolvemos o debate político à juventude”, diz Lula no Rio

"Aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”, disse Lula.
"Aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”, disse Lula. Foto: Ana Helena Tavares.
Por Ana Helena Tavares (*)

Chico Buarque foi profético. Talvez nunca imaginasse que o seu grito “Apesar de você” serviria para embalar o evento de lançamento da pedra fundamental do novo prédio da UNE e da UBES, que será reerguido no mesmo local daquele que foi incendiado pela ditadura. O amanhã chegou à Praia do Flamengo – 132 nesta segunda-feira.

Aos gritos de “Lula: guerreiro do povo brasileiro!” e “Olê, olá, Lulá”, subiu ao palco o presidente da república que termina dois mandatos com o mais alto nível de popularidade já registrado. Com ele, compondo as diversas cadeiras distribuídas pelo tablado que foi montado para a ocasião, estavam: o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador do estado, Sérgio Cabral, além de diversos ministros, senadores, deputados e líderes de movimentos sociais.

Niemeyer ao chegar ao evento. Foto: Ana Helena Tavares
Oscar Niemeyer, com sua centenária jovialidade, também ocupou uma das cadeiras. Niemeyer doou aos estudantes o seu talento com o lápis. Desenhou as retas e curvas do novo prédio, fazendo questão de não cobrar nada por isso. Sabe bem que a ditadura já havia cobrado um preço alto demais.

Preço que muitos dos presentes ali pagaram. E os ausentes, então, muitos destes pagaram com a vida. Logo no início da solenidade, foi passado um filme contando a história das duas entidades estudantis, onde apareceram diversas fotos de estudantes mortos ou desaparecidos durante a ditadura. A cada foto, uma calorosa salva de palmas. Com ênfase para Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE, chamado pelo atual presidente, Augusto Chagas, de “desaparecido-símbolo”:

A UNE é Honestino e Honestino é a UNE, resumiu.

Chagas frisou “o direito legítimo de a UNE voltar à sua casa”, lembrando que o valor de 44 milhões de reais, trinta deles já depositados na conta da entidade, oferecido pelo governo brasileiro para a reconstrução do prédio foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Agradeceu a Lula pelo “empenho na causa estudantil”, mas pediu-lhe licença para citar Itamar Franco, que, segundo ele, também se empenhou bastante nesta causa.

Irun Santana, fundador da UNE em 1937, estava na platéia, o que fez Chagas chamá-lo a levantar-se, comentando: “o nacionalismo, nossa marca, vem de nossa fundação”.

Dentre os ex-líderes estudantis presentes no palco, Chagas destacou Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu, e Orlando Silva, ministro dos esportes. Ambos beirando os 40 anos de idade, eles são representantes da geração da década de 90 que, segundo Chagas, ”simboliza a resistência ao neoliberalismo”. Aldo Rebelo, ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, não estava presente, mas também foi lembrado:

Ele era um de nós quando o antigo prédio foi derrubado, disse.

Augusto Chagas terminou seu discurso decretando: “A UNE é a entidade estudantil mais importante do planeta”.

Como o evento estava atrasado e Lula ainda teria dois compromissos em seguida – a entrega do prêmio “Brasil Olímpico”, no MAM (Museu de Arte Moderna), em que seria um dos premiados por sua contribuição aos esportes; e uma cerimônia no sambódromo, em que  receberia o diploma Cristo Redentor e o título de Benemérito do Rio de Janeiro – Cabral e Paes abriram mão de discursar. E Lula disse que seria breve – e foi.

Bem humorado, começou dizendo que “a UNE tem que tomar cuidado com a UBES, pois todo dirigente da UBES é um potencial dirigente da UNE, mas o contrário é mais difícil”.

Já sério, disse que, durante seu governo:

As entidades não tiveram um papel de complacência nem de subserviência. Não perderam sua identidade para apoiar o governo. O que acontece é que tivemos, enquanto governo, uma postura de provocar uma revolução na educação brasileira. Que está longe de terminar, mas que já começou.

Quando da criação do PROUNE, houve a acusação de que o governo estava capitulando diante da iniciativa privada, negociando a redução de impostos, quando, na verdade, estes impostos foram transformados em 750 mil vagas universitárias para jovens da periferia, oriundos de escolas públicas, 40% deles negros, detalhou.

E frisou que nunca tomou nenhuma decisão sem antes dialogar com “todo o movimento social, incluindo os estudantes, os trabalhadores, os sem-teto e as Margaridas” (em referência à Marcha homônima que, em 2007, parou Brasília, reunindo cerca de 50 mil trabalhadoras rurais vindas de todo o País).

Prosseguiu dizendo que uma das críticas que tinha à UNE era a de os estudantes reivindicarem ensino público gritando na porta de universidades públicas:

Era cômodo. Agora, pela primeira vez na história do Brasil, a UNE conquistou – não foi dádiva do governo – o direito de fazer discurso na rede privada de educação, garantiu o presidente.

Sobre o REUNE afirmou:

Muita gente não queria, porque nossa intenção era aumentar de 12 para 18 alunos em média por sala de aula. Disseram que a gente ia inchar as salas. Na verdade, era meia-dúzia de pequenos burgueses que não queriam que mais estudantes entrassem para a universidade.

E vocês podem registrar que, este cara aqui, que só fez até o 4º ano primário, é hoje o presidente que mais construiu universidades, disse.

Quanto às escolas técnicas, Lula lembrou que fez 214 e que quem chegou mais perto dele, tendo feito 27, foi Itamar Franco (citado pela 2ª vez no evento):

Os outros acharam que não era necessário, completou.

Lembrando que Dilma foi estudante “pouco tempo atrás”, disse estar querendo conversar com ela para decidir se ele deposita o restante do valor a ser dado à UNE, 14 milhões de reais, ainda este ano, através de medida provisória, ou “se ela quer ter o prazer de fazer isto ano que vem”. Para ele, o que estava acontecendo ali era “mais que a retomada de um espaço, mas sim a consolidação da democracia, com debate político e proporcionando a formação da nossa juventude”.

Comparou a morte de cerca de 20 milhões de jovens russos durante a 2ª guerra mundial às perdas causadas pela ditadura militar brasileira, dizendo que “a Rússia perdeu praticamente uma geração, já aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”.
Lula ao lado dos presidentes da UNE e da UBES: vitória. Foto: Ana Helena Tavares
E terminou com um alerta às duas entidades estudantis:

Não criem pautas impossíveis. Estas são boas para o discurso eminentemente ideológico. Se vocês quiserem continuar crescendo, façam sempre uma pauta de reivindicações que vocês acreditem que, num determinado tempo, vocês possam conquistar, porque é isto o que atrairá aqueles alunos mais incrédulos, que não se sentem representados por vocês, que acham que a UNE só sabe cobrar carteirinha.

É preciso que a gente ganhe a maioria e hoje há credibilidade para isto. Quando vocês sentarem com um ministro, devem pensar o seguinte: ‘Ou eu levo uma coisa que eu saia de lá com uma vitória, ou levo uma coisa que eu saia com o discurso’. Neste caso, o tempo é mais curto. Já se sair com vitória, o tempo é mais prolongado, pois uma vitória traz a outra, concluiu Lula.

Antes dele, também haviam discursado: Yann Evanovich, presidente da UBES (segundo Lula, seu nome “parece mais de jogador do Real Madrid”) e Aldo Arantes, representante dos ex-presidentes da UNE (ou, como definiu Lula, representante da “3ª idade da UNE”). Este lembrou que João Goulart havia sido o primeiro e, até hoje, o único presidente da república a pisar naquele espaço (em 1962). Assim como Lula fez, Jango também foi lá acompanhado de grande parte de seu ministério, incluindo os ministros militares.

Quarenta e oito anos depois, era outro dia. E isto pôde ser confirmado através de um dos gritos de guerra, certamente o mais emblemático e marcante: “Tarda, mas não falha; aqui está presente a juventude do Araguaia”.

Assistam, abaixo, a vídeos com a filmagem que fiz dos discurso de Lula:


Dois vídeos com o discurso na UNE:



E assistam ainda ao discurso de Lula no MAM:



*Ana Helena Tavares é jornalista, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?" e repórter do jornal "Correio do Brasil".

O legado do cara

Foto: Ana Helena Tavares

“Não faço o que faço porque quero. Faço o que a sociedade me diz que tem de ser feito”.
Com esta frase o nordestino e operário emigrante, semianalfabeto, mostrou que a estrutura e a cultura do Poder estão mudando no Brasil, para que o país alcance uma situação inimaginável ainda ao final do século XX. 

Por Raul Longo (*)

"O PSB deveria se afastar do toma-lá-dá-cá"

Autor(es): Fernando Taquari | De São Paulo
Valor Econômico - 21/12/2010

Deputada federal mais votada do PSB em São Paulo e única da bancada estadual a ter votações crescentes, Luiza Erundina preocupa-se com os rumos de seu partido na composição do ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff. Teme que o aumento da disputa interna no partido jogue por terra a anunciada disposição do presidente do partido, o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, de negociar a participação do partido no governo por meio de propostas.

Afirma estar otimista com o governo Dilma, mas diz que a presidente eleita só poderá se desvencilhar da barganha parlamentar se estreitar suas relações com movimentos sociais orgânicos - sem cooptação como aconteceu com o movimento sindical nem pela relação avulsa que Lula estabeleceu por meio dos programas de transferência de renda, diz.

Aos 76 anos, às vésperas de iniciar seu quinto mandato como deputada federal, Erundina diz que a chegada de uma mulher à Presidência não traduz um crescimento orgânico da presença feminina nas estruturas do poder no país. Cita a Argentina, que tem 40% de seu Parlamento composto por mulheres enquanto o Brasil tem apenas 9%. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Valor na semana passada.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

JOBIM "REFORÇOU OS PIORES SEGMENTOS MILITARES", ACUSA VANNUCHI

Celso Lungaretti (*)

Tiririca, pelo menos, não
vestirá sua farda de palhaço
ao atuar como deputado...


Paulo Vannuchi, que não continuará como ministro dos Direitos Humanos no governo de Dilma Rousseff, abriu fogo contra o ministro da Defesa Nelson Jobim em entrevista concedida à Folha de S. Paulo.

Criticou o comportamento desleal de Jobim em relação ao PNDH-3, mas poderia tranquilamente ter estendido sua reprovação a outros episódios; afinal, sempre que se discutiu no Ministério a punição dos torturadores da ditadura de 1964/85 e o resgate da verdade sobre os desaparecidos políticos, Jobim se fez porta-voz da pior e mais obtusa direita militar, ao invés de se posicionar como representante de um governo democrático.

Palavras de Vannuchi:
"Quanto a Jobim, foi indesculpável atacar o Plano de Direitos Humanos e a mim pessoalmente, sabendo dos problemas reais de comunicação entre nós nas vésperas do lançamento do decreto presidencial.

E agora, Brasil?

O que falta e sempre faltou neste país, é abrir de par em par, às novas gerações, as portas do nosso porão histórico

Por Fábio Konder Comparato

A Corte Interamericana de Direitos Humanos acaba de decidir que o Brasil descumpriu duas vezes a Convenção Americana de Direitos Humanos. Em primeiro lugar, por não haver processado e julgado os autores dos crimes de homicídio e ocultação de cadáver de mais 60 pessoas, na chamada Guerrilha do Araguaia. Em segundo lugar, pelo fato de o nosso Supremo Tribunal Federal haver interpretado a lei de anistia de 1979 como tendo apagado os crimes de homicídio, tortura e estupro de oponentes políticos, a maior parte deles quando já presos pelas autoridades policiais e militares.

domingo, 19 de dezembro de 2010

BATTISTI DEVERÁ COMEMORAR O NATAL EM LIBERDADE

Celso Lungaretti (*)



A Advocacia Geral da União já concluiu o parecer justificando, nos termos do tratado de extradição vigente entre os dois países, a decisão brasileira de rejeitar o pedido italiano de repatriação do escritor Cesare Battisti, que deverá ter confirmado seu direito de morar e trabalhar em paz no Brasil.

Segundo o noticiário, o mais provável é que o presidente Lula bata o martelo na próxima 5ª feira, 23, em tempo de Battisti comemorar o Natal em liberdade.

Justiça seja feita, quem antecipou tal desfecho foi Eliane Cantenhêde, colunista da Folha de S. Paulo, em 16 de janeiro de 2010 - há quase um ano, portanto.


Um Natal com bolo e bola



Quando o pé crescia, a gente ia dobrando os dedos até que não dava mais e um irmão menor herdava o sapato. Já minha meia, de vida mais efêmera, só tinha praticamente o cano, era fácil exibir os furos. Terminei a operação em alguns segundos, enquanto o ‘Bolo’ ainda procurava exibir o buraquinho da sua meia.

Por José Ribamar Bessa Freire (*)

A luta continua e Carlos Eugênio Clemente lança o Rede Democrática

Para quem não sabe, Carlos Eugênio Clemente, era um garoto que assim como eu amava os Beatles e os Rolling Stones. Quando então deixa o colégio Pedro II no Rio de Janeiro e com 17 anos ingressa na ALN-Aliança Libertadora Nacional. Para simplesmente derrubar a ditadura através da luta armada. E o hoje músico, escritor e militante no PSB-RJ, prossegue na sua luta pelas reformas estruturais, impedidas pelo golpe civil-militar de 1964. Reformas estas, que até hoje ainda não foram realizadas.

Publico aqui o editorial da versão eletrônica do jornal  "Rede Democrática" cujo lançamento será realizado no dia 20 de dezembro, às 19hs, no restaurante Severyna em Laranjeiras na cidade do Rio de Janeiro.


Editorial Rede Democrática 

Analisando as experiências históricas do socialismo no século XX, chegamos a muitos ensinamentos. Um dos mais importantes foi a compreensão da necessidade da democracia. Já o programa de governo da Ação Libertadora Nacional ALN previa a instauração de uma Democracia Popular. Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira seus dois maiores líderes, faziam parte dos antigos dirigentes comunistas que participaram da critica ao stalinismo e dos desvios cometidos na construção do socialismo na extinta União Soviética.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A tortura na quadratura do círculo


As mudanças estruturais forjadas nos últimos anos já não contemplam uma história fechada na quadratura do círculo que a direita levianamente insinua como realista e sensata. Foi para romper com esse cenário que ganhamos as eleições de Outubro. O paradeiro dos desaparecidos está em fronteiras nítidas. Nelas, independentemente de arranjos internos, crimes como a tortura são imprescritíveis.

Por Gilson Caroni Filho (*)

"... CEM MILHÕES DE IMPOTÊNCIAS"

“... CEM MILHÕES DE IMPOTÊNCIAS”


Laerte Braga


No melhor estilo baby Johnson um cão foi fotografado por Vadin Ghirda, da Agência France Press, num carrinho de bebê nas ruas de Bucareste, capital da Romênia. Pomposo, senhor de si, soberano e absoluto.

Na antiga Europa Ocidental, a maior base norte-americana fora do território continental, a galeria Jack Bell, da colônia britânica, mostrará em Londres caixões dos mais variados formatos, todos fabricados em Gana, África.

Caixões em forma de peixes, aviões, monstros pré-históricos, vão tentar atrair o mercado funerário para essa nova atração. São fabricados por Paa Joe e em Gana são símbolos de status.

Segundo as agências de notícias, com freqüência homens de negócios são enterrados em caixões com a forma do carro Mercedes Benz.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nossa homenagem ao companheiro Fusquinha

Da Página do MST

O militante do MST Onalício Araújo Barros, chamado de Fusquinha, foi assassinado em 26 de março de 1998, na desocupação da Fazenda Goiás II, no município, de Parauapebas, pelos fazendeiros Donizete e Carlinhos da Casa Goiás.

Depois de 12 anos, o crime continua impune. Junto com ele, foi assassinado também Valentin Serra.

Abaixo, leia a homenagem emociada do militante e poeta do MST, Charles Trocatte, ao amigo Fusquinha, que completaria 45 anos nesta sexta-feira, dia 17 de dezembro de 2010.

Carta ao camarada Onalício Araújo Barros

De Charles Trocatte

Escrevo-te, esta carta depois de comigo mesmo relutar. É um tempo controverso, uma política delinquente se apoderou do que é belo e faz seu rito e não chega ser inspirador ainda que estejamos atravessando, o sentimento é de improviso em tudo, nada ganha ou tem contorno de mudanças e assim falece o espírito e o que não diz nada, embora pese como um algo imensurável, não importa nesse momento?!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para a Presidenta Dilma, urgente



Só me resta esperar que este apelo chegue à Presidenta Dilma, que você leitor também ajude nesse sentido e que a imprensa brasileira descubra, enfim, os brasileiros do exterior ou simplesmente os problemas dramáticos dos nossos emigrantes.



Por Rui Martins (*)

SENTENÇA HISTÓRICA PULVERIZOU FALÁCIAS DAS VIÚVAS DA DITADURA

Celso Lungaretti (*)

Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, desconversou que a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos "não revoga, não anula e não cassa" a decisão grotesca e aberrante do STF -- a que outorgou aos carrascos de ditaduras o direito de anistiarem previamente a si próprios.

Ora, aquilo nada mais foi do que um habeas corpus preventivo, uma impunidade programada, agredindo os próprios fundamentos do Direito.

Peluso, claro, está falando sozinho. Até o sujeito na esquina -- personagem tão desprezado pelo seu antecessor e companheiro de ideais Gilmar Mendes -- percebe que a corte internacional, na prática, revogou, anulou e cassou o aborto jurídico produzido pelo STF.


PESSOAS E FATOS DIFÍCEIS DE ENTENDER

PESSOAS E FATOS DIFÍCEIS DE ENTENDER


Laerte Braga


A mídia privada e dita grande sumiu com o noticiário sobre os documentos liberados pelo site WIKILEAKS. Não interessa contrariar os interesses norte-americanos quando essa mídia é parte do que Julian Assange chama de “tentáculos da elite norte-americana”.

É a elite que sustenta essa mídia.

A prisão de Assange é um escândalo, uma flagrante violação da liberdade de expressão. Mas, muito que a prisão o conteúdo dos documentos mostra a verdadeira face dos EUA. Um conglomerado terrorista. Chantagem, extorsão, assassinatos, torturas, estupros, a barbárie com todos os requintes da tecnologia mais avançada possível.

Os documentos vazados e que revelam uma descarada intervenção nos negócios internos do Brasil, por si só, são motivo de interpelação ao governo dos Estados Unidos sobre esse tipo de atividade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Novo livro-reportagem sobre Cuba denuncia ''embargo midiático'', além do econômico

O autor folheando seu livro. Foto: Ana Helena Tavares


Por Ana Helena Tavares para o "Opera Mundi "


Depois de quase 50 anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a ilha de Cuba caminha agora para reformas que buscam tornar mais fácil resistir à política de sufocamento norte-americana. No entanto, além da economia, o regime cubano enfrenta cada vez mais um bloqueio midiático, por parte da grande imprensa, que filtra a maioria das informações e publica apenas notícias negativas sobre o país. 


Esta é a tese defendida pelo jornalista Mario Augusto Jakobskind, que ele expõe em seu livro Cuba: apesar do bloqueio, lançado nesta terça-feira (14/12) na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A obra é uma atualização de outro livro que o autor já tinha escrito em 1984, quando esteve em Cuba. O jornalista, que foi editor de Internacional do jornal Tribuna da Imprensa por 15 anos e hoje colabora com a mídia alternativa, escreveu o livro como uma tentativa furar esse embargo de informações. 




Jacobskind, que é representante da ABI no conselho curador da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), afirmou nesta entrevista ao Opera Mundi(*) que, atualmente, "o Brasil se faz presente em Cuba", que o mito da "ditadura" cubana não se sustenta e que a cobertura da mídia "não reflete essa realidade". 




Como você definiria esse livro? 




Eu o entendo como uma extensa reportagem sobre um país pouco conhecido pelo mundo. Traz uma visão vasta que não se encontra em nenhum grande jornal ou revista – na mídia tradicional, na mídia de mercado. É um desdobramento de um livro que escrevi quando estive lá pela primeira vez, em 1984, e a revolução cubana completava 25 anos. Naquele livro, havia prefácios do Henfil e do João Saldanha (ambos já falecidos). Era outro momento. Ano passado, algumas pessoas insistiram para que eu reeditasse. Claro que teria que haver uma atualização. Este que lanço hoje é praticamente um novo livro, pois a revolução cubana já tem 51 anos. A idéia é furar o esquema de bloqueio midiático através de uma ampla reportagem sobre fatos que eu presenciei, tendo morado lá por um ano. 



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